Mário diz que todos os técnicos que saíram em sua gestão estão com as situações financeiras quitadas (Foto: Marcelo Gonçalves e Lucas Merçon - FFC)

O Fluminense anunciou, na segunda-feira, a demissão do técnico Fernando Diniz. E isso ocorreu 33 dias após ele ter sua renovação de contrato até o fim de 2025 anunciada. Em entrevista coletiva nesta terça-feira, o presidente Mário Bittencourt justificou a saída do treinador e falou a respeito do prejuízo financeiro aos cofres do clube com a multa rescisória. De acordo com o mandatário, a decisão se deve à performance abaixo do time nesta temporada.

— A gente aqui quando comanda uma instituição, clube ou empresa, toma as decisões baseadas em conceitos que temos. No caso quando fiz a renovação, na verdade, o alongamento do contrato do fim de 24 até o fim de 25. Foi uma extensão de contrato, na verdade. Baseado naquilo que acreditamos, de tentar dar longevidade e estabilidade aos treinadores do Fluminense. O Diniz é o treinador mais longevo do Fluminense no século XXI. O segundo é o Abel Braga. Os dois treinadores que mais apresentaram resultado nesse período. O tempo de trabalho faz com que a gente tenha bons resultados. Quando acabou a Libertadores, eu recebia milhares de mensagens de gente pedindo que eu renovasse por dez anos. E eu respondia aos amigos que a legislação permite dois anos. E eu, como me preocupo com o Fluminense, prorroguei até o fim do meu mandato. Acreditava que o trabalho voltaria a dar os resultados que viria tendo. Se não tivéssemos um contrato como aquele de prazo determinado, qualquer um poderia ter tirado quando era considerado o melhor técnico do Brasil. Tanto que foi para a seleção. A multa é um resguardo para os dois lados. Anunciamos a renovação há 33 dias, mas vínhamos negociando desde o final da Recopa. O Fernando é um cara de muita inspiração e transpiração no dia a dia. A gente chamava e ele falava que depois a gente conversava. Fizemos a extensão do contrato por 18 meses, acreditando que poderia voltar a ter a performance que tivemos – iniciou, prosseguindo:

 
 
 

— Não necessariamente o resultado. Não existe uma derrota específica. Existe uma avaliação técnica. Naquele momento, a gente estava classificado na Copa do Brasil e Libertadores e mal no Brasileiro, mas ainda era bem no comecinho. E estávamos há seis meses procurando reencontrar o elo, a performance. E chega o momento que no futebol tem o trabalho, dia a dia, performance, ambiente. Nosso ambiente interno fala por nós. A despedida dele ontem foi um dos momentos mais emocionantes que tivemos. Como foi em 2019. Só que ontem com um grupo maior de pessoas. Aí foi até mais bonito. Mas não há nada mais importante que o Fluminense. Não é o Mário, o Diniz. Somos ferramentas para fazer o Fluminense brilhar. Os jogadores estão aqui, mas todos vamos passar e o Fluminense vai seguir. Aqui não há vencedor nem vencido nos debates. A decisão parte do departamento de futebol, passa pelo presidente. Decisão consensual. Tentamos resgatar a performance. E o ambiente não é o interno. A torcida não está contra nós. Ela está com a gente. Ela sangra e nós sangramos também. Eu como presidente fico numa situação difícil, de saber que precisaríamos fazer um rompimento doloroso. Mas a vida é feita disso. A vida nos traz rompimentos pessoais, pessoas que nos deixam, que falecem, relacionamentos terminam. Não quer dizer que no futuro não possa haver novamente. Fica a recordação do que construímos. Deu certo a relação entre Fluminense e Fernando Diniz, pois foi um dos fatores que nos fizeram ganhar o título mais bonito do Fluminense até aqui. Como é a nossa relação, quando ontem discutimos a saída, negociamos a redução do valor da multa, de parcelamento. De todos os treinadores que passaram aqui, alguns tiveram contrato de prazo determinado e outros não. O do Odair, por exemplo, perdemos por isso. Naquele momento começava a gestão. Perdi o Odair no meio da pandemia com meu time em quinto. Depois tivemos rescisão de comum acordo com o Roger. Com o Abel não tinha multa, pois o Abel garantia que seria o seu último trabalho como treinador na carreira. A multa está na lei e é a mesma que vale se o treinador quiser ir embora. Todos os treinadores que passaram na minha gestão estão integralmente pagos. Fizemos o rompimento com muita dor, mas foi uma despedida muito bonita.