claudioO portal Terra entrevistou Celso Barros e Cláudio Salles, candidatos a ocupar o posto de presidente da Unimed-Rio. O primeiro, há anos ni poder, tenta a reeleição e com a garantia de manter o patrocínio com o Fluminense. Já Salles, se eleito, promete modificar a parceria com o Tricolor e não descarta encerrá-la. Confira abaixo as propostas de Cláudio Salles e como pretende lidar com o modelo adotado de patrocínio com o tetracampeão brasileiro de futebol.

Por que concorrer à presidência da Unimed-Rio?
Cláudio Salles – 
Sou cooperado desde 2002 e, com o passar do tempo, comecei a me sentir incomodado com os rumos que a empresa estava tomando, principalmente na falta de transparência de informações para os cooperados. Muitas questões financeiras não são explicadas de forma clara. Assim, por dois anos concorremos à eleição do Conselho Fiscal para analisar as contas da empresa. Em 2012 conseguimos 33% dos votos e em 2013, 44%. Esse ano estamos muito mais organizados para as eleições gerais e acredito que vamos vencer.

 
 
 

Em sua avaliação quais são os pontos positivos e negativos da gestão de 15 anos de Celso Barros, na presidência da Unimed. Já que até hoje ele nunca teve oposição nas eleições da seguradora?
Cláudio Salles –
 A empresa realmente cresceu, se tornou líder de mercado, possui mais de 1 milhão de vidas sob os seus cuidados, tudo isso foi positivo, claro. Mas também houve uma conjuntura favorável com o colapso da saúde pública e a necessidade da população recorrer ao sistema de saúde suplementar. Acredito que após um tempo o Celso perdeu o rumo das coisas, pensando que é o dono da empresa, até por falta de uma oposição. São muitos pontos negativos, mas posso destacar a falta de transparência e ética que hoje estão presentes. Diretores da empresa tem cargos no CRM, e isso já foi proibido pela justiça por existência de um conflito de interesses. A carteira da Golden Cross foi comprada sem a anuência dos cooperados e até agora não sabemos quanto foi gasto, como também não temos todas as informações necessárias em relação ao patrocínio ao Fluminense. Eu e todos os outros cooperados somos tão sócios da empresa quanto ele, mas não temos acesso a nada disso.

Como você avalia o patrocínio dado ao Fluminense pela Unimed Rio? Quais são suas propostas para a área de marketing e patrocínio?
Cláudio Salles – 
Nós entendemos que o patrocínio ao Fluminense foi positivo durante um tempo, mas hoje ele extrapola os limites. Os valores estão muito acima dos praticados no mercado e percebemos claramente que a paixão pessoal do presidente da Unimed Rio interfere nestas questões. O desejo de ver o clube de coração sempre no topo está superando o lado profissional e isso não pode acontecer. Antes de mais nada é bom deixar claro que nós iremos respeitar os contratos que estão em vigência. Ao mesmo tempo, vamos analisar cada um deles e procurar qual a melhor solução. A partir daí, sentaremos com os patrocinados e vamos apresentar nossas condições para que os investimentos continuem. Se aceitarem, ótimo, se não, cada um segue o seu caminho. Mas certamente não vamos negociar nem pagar salários de jogadores e técnicos. O dinheiro investido é para a exposição da marca e é isso que eu preciso cobrar. Se o clube vai investir em estrutura, jogadores ou outra coisa, cabe ao presidente dele decidir.

O Fluminense corre o risco de perder a parceria com a Unimed caso você vença às eleições no dia 25, ainda em 2014? Por quê? Esse contrato pode ser revisto? E a partir de 2015, como ficaria?
Cláudio Salles – 
Não conhecemos as cláusulas existentes no contrato porque nosso presidente faz questão de escondê-lo, mas vamos respeitar o que estiver assinado. Nossa intenção realmente é rever o patrocínio para diminuir o valor ao patamar do mercado e mudar o formato. O presidente da Unimed cuida da Unimed, e o presidente do Fluminense cuida do Fluminense. Não vou me meter em nada.

Qual o valor investido anualmente pela Unimed no Fluminense? Você concorda com esse montante?
Cláudio Salles –
 Na última assembleia, o próprio Celso disse que o valor era de R$ 70 milhões. De forma alguma concordamos com esses valores, principalmente porque a Unimed Rio é uma empresa municipal, então não justifica ter um patrocínio em nível mundial. Além disso, esse valor é mais do que dez vezes maior do que as “sobras”, como a gestão mesma chamou, que foram divididas entre os mais de 5,6 mil cooperados no fim do ano passado.

Você pensa outra forma de patrocínio diferente da atual, com o clube tricolor?
Cláudio Salles – 
Não temos nada contra o Fluminense, então não vejo por que não. Mas, como disse, em um formato completamente diferente, sem a nossa interferência, e com valores praticados pelo mercado.

Quais são as suas maiores críticas em relação à atual forma de patrocínio da seguradora com o Fluminense?
Cláudio Salles –
 Além dos valores, a desnecessária exposição a qual o presidente da empresa se coloca também incomoda a muitos cooperados porque isso atinge a empresa. Quando houve esse problema no Campeonato Brasileiro com o STDJ, e o Fluminense foi beneficiado indiretamente, muitas pessoas começaram a falar que a Unimed Rio tinha comprado a vaga do clube na primeira divisão, o que obviamente não aconteceu. Mas vimos diversas reações negativas nas redes sociais da empresa, torcedores de outros clubes ameaçando cancelar os planos, e isso é negativo para a marca. Se ele fosse mais discreto e se preocupasse somente com a cooperativa, essa situação teria sido evitada.

Você acredita que o patrocínio firmado na gestão do Celso Barros, com o Fluminense foi prejudicial para o caixa da cooperativa? Ou a marca Unimed Rio se tornou mais forte e conhecida após essa parceira?
Cláudio Salles – 
No começo a parceira foi boa, nos deu visibilidade, fez a empresa ser mais conhecida. Mas hoje não é assim. Enquanto a Unimed Rio têm dívidas tributárias e bancárias que alcançam as somas de 1,2 bilhão de reais, têm jogadores ganhando 900 mil reais por mês, o Renato Gaúcho com salário de 6 milhões por ano e isso são informações que a própria mídia veicula. Como essa situação pode ser boa para nós? A marca se tornou conhecida por diversos fatores, o patrocínio esportivo foi somente um deles.

Você já teve contato com o presidente do Fluminense, ou alguém da diretoria para discutir as questões ligadas ao patrocínio?
Cláudio Salles – 
Não, nunca tivemos nenhum contato. Quando vencermos a eleição certamente precisaremos nos encontrar.

Você tem algum contato com o Celso Barros, indiferente das eleições? Já houve algum contato entre vocês?
Cláudio Salles – 
Apenas nas audiências em que ele me processa por calúnia e difamação utilizando os advogados da Unimed Rio que, consequentemente, são pagos por todos nós. Mas ele não olha para mim, não sei porquê. Não tenho nada contra ele, apenas discordo da forma como a gestão dele administra a empresa. Inclusive fizemos diversos convites para debates perante os cooperados, mas eles nunca responderam.

Uma foto sua com a camisa do Flamengo, e mais uma criança, segurando um cartaz onde se diz: “Joel barra o R10”, provavelmente no Engenhão, veio à tona. Você confirma que é torcedor do Flamengo, já que até o momento você tem procurado esconder seu time do coração?
Cláudio Salles –
 Eu confirmo que minha maior preocupação é a Unimed Rio. Preferências pessoais passam longe das eleições da empresa. Se sou Flamengo, Vasco, ou qualquer outro time, não importa, não é isso que vai guiar o caminho da 2°Opinião quando vencermos as eleições, e sim questões profissionais. Até porque temos torcedores de todos os times na chapa, inclusive do Bangu. Então o time para o qual torço não tem a menor relevância neste caso.

Por quê Cláudio Salles na presidência da Unimed Rio? Quais são as suas principais propostas para os cooperados e para os clientes?
Cláudio Salles – 
Porque vamos voltar a valorizar o cooperado e os clientes. Por conta de uma dívida de 20 milhões de reais todos os laboratórios do Grupo Fleury, referência em medicina diagnóstica, não atendem mais os clientes da Unimed Rio, e isso é péssimo. Vamos aumentar o valor da consulta para o médico, apresentar balanços financeiros claros e detalhados com todas as informações que o cooperado precisa saber, diminuir os salários do corpo diretivo, vamos criar um plano de previdência privada e auxílio-maternidade, além de oferecer um plano de saúde totalmente gratuito para os nossos médicos, que até janeiro deste ano pagavam como qualquer outro cliente. Teremos bom relacionamento com parceiros estratégicos visando sempre oferecer o melhor para o cliente, tudo isso com ética e transparência.


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