Celso Barros e Claudio Salles concorrem no dia 25 de fevereiro à presidência da Unimed. E ambos os candidatos falaram ao portal Globoesporte.com sobre suas propostas e também os planos envolvendo o patrocinado Fluminense. Confira ambas as entrevistas na íntegra aqui:

cb2Celso Barros

 
 
 

Por quais motivos o associado da Unimed deve votar no senhor?

Celso Barros: O que está em discussão é o futuro de uma das 170 maiores empresas do país, com uma enorme responsabilidade sobre a vida de mais de um milhão e duzentas mil pessoas. A Unimed-Rio encabeça um grupo empresarial que representa riqueza para o médico e garantia de qualidade na assistência para o cliente, e isso é o que realmente importa, e o sócio sabe disso, sabe que trocar o certo pelo duvidoso num cenário empresarial tão delicado e complexo, como é o dos planos de saúde, traz um risco brutal para a organização. Sem desmerecer ninguém, mas sabendo que o médico associado faz essa análise, basta comparar os nomes das duas chapas e ver qual sua contribuição para a dignidade da Medicina e da Saúde. O sócio também analisa a experiência de gestão da Chapa Unimed Competente, que trouxe a Unimed-Rio à liderança do setor na condição de plano de saúde que melhor remunera o médico, e a experiência da oposição, cujo feito empresarial mais relevante é administrar uma clínica popular em São Gonçalo. Quem compara naturalmente descobre bons motivos para votar na nossa chapa.

Sendo reeleito, quais as principais medidas a serem implementadas?

Nosso principal compromisso é com a dignidade, sempre foi. Tratar o médico com respeito, oferecendo a ele a melhor remuneração entre todos os concorrentes e as melhores condições de trabalho, e garantindo aos nossos mais de 1,2 milhão de clientes acesso a uma rede qualificada e onde sejam tratados com a mesma dignidade e respeito. Todas as providências que tomamos caminham nesse sentido, assim como as propostas para os próximos anos. Vamos ampliar nossa rede própria de atendimento, incorporando centros de diagnóstico e exames onde o próprio cooperado poderá realizar seus procedimentos, tendo com isso uma renda suplementar importante; planejamos chegar ao final de 2018 com 2 milhões de clientes, o que significa muito mais trabalho e renda para o médico, que continuará sendo o melhor remunerado, e vamos investir fortemente na qualificação profissional, oferecendo cursos inclusive em nível de MBA para que o médico aprimore ainda mais suas habilidades. Esses são apenas exemplos do que vamos fazer nos próximos quatro anos.

E especificamente sobre a relação de parceria com o Fluminense? Continua como está ou haverá mudanças? Ajuda na contratação de jogadores, pagamentos de parte dos salários e publicidade nas camisetas são os principais pontos atualmente…

O marketing esportivo tem uma dimensão pública muito grande, mas no contexto do negócio é um ponto de relevância menor. Estamos muito mais envolvidos e preocupados com a gestão da empresa, definição de seus caminhos futuros, como ela cumprirá seus compromissos e atingirá seus resultados. Perder muito tempo com a discussão do Fluminense é desviar o foco de uma situação muito mais complexa, que é manter a Unimed-Rio líder de mercado, pagando melhor o médico, sendo a preferida dos clientes… O patrocínio é só uma das muitas ferramentas que usamos, e que deram resultado muito bom até agora, para dar visibilidade e ganhar espaço para a marca em um contexto que nos é natural, que é da saúde, do esporte, da qualidade de vida. Estamos sempre revendo nossas estratégias de marketing esportivo, como potencializar os resultados para a marca, e assim será sempre. Não tenha dúvida de que, quando a relação custo/benefício se tornar desequilibrada, vamos rever nossas decisões, mas com um detalhe fundamental: sempre honrando nossos compromissos, que é um ponto crucial de nossa gestão. Jamais deixaremos de cumprir com o que nos comprometemos.

O contrato de parceria com o clube vai até quando? Qual o valor investido atualmente por ano? Pode aumentar?

O contrato é reavaliado anualmente, e os valores envolvidos nele tem sido revistos para menor, o que inclusive vai se repetir neste ano. Como disse, o custo/benefício é a balança que define quanto investir e qual o retorno esperado.

Como o senhor reage às críticas do candidato oposicionista? Ele entende que o presidente da Unimed não deve se envolver nos assuntos do clube patrocinado. O senhor cogita mudar este comportamento?

O candidato oposicionista se aproveita da visibilidade do patrocínio ao Fluminense para pautar sua campanha política, buscando ele próprio conquistar algum reconhecimento, já que se trata de um desconhecido. Como tudo que envolve a paixão das torcidas e tem espaço garantido na opinião pública sempre pode alavancar um discurso menos elaborado, ele se aproveita disso. Mas daí a tentar nivelar a campanha interna da Unimed-Rio, considerando minha preferência pelo Fluminense, ou a dele pelo Flamengo, é colocar o debate eleitoral de maneira muito superficial. O que está em discussão não é quem torce para quem, mas se a empresa, com todos os investimentos que realiza e as opções que faz no marketing, atinge ou não seus objetivos empresariais. Isso importa, os resultados da empresa. Enquanto presidente a responsabilidade de zelar pelos interesses dos sócios é minha, e no caso do patrocínio devo agir sempre que possível para que o retorno seja positivo, e isso não se dá sem um bom desempenho do time. Sempre que tiver que opinar para tentar garantir melhor retorno para nosso investimento, vou fazê-lo. Isso é parte do meu estilo de gestão e da minha responsabilidade como presidente da patrocinadora.

Depois de tantos anos, como o senhor imagina que o Fluminense ficaria sem a ajuda da Unimed? O candidato da oposição fala em reavaliar o contrato e não descarta dar fim à parceria…

Espero que não apenas o Fluminense, mas todos os grandes clubes, se tornem progressivamente menos dependentes de seus patrocinadores. O que é fundamental no meu ponto de vista, e isso é um valor de vida para mim, é que todo compromisso tem que ser honrado. Quando envolve os interesses de duas organizações do porte da Unimed Rio e do Fluminense, a visão unilateral tem que ser considerada dentro do contexto dos compromissos assumidos. Não gostaria, sinceramente, de ter um dia a Unimed-Rio fazendo o papel de uma organização cujo presidente rasga contratos e foge de suas responsabilidades.

É verdade que o senhor não gosta de ajudar o clube a investir dinheiro em zagueiros? Por qual motivo?

Absolutamente, não há nenhuma predisposição minha a esse respeito. A indicação de jogadores é uma atribuição da comissão técnica, exclusivamente. Meu papel como patrocinador e parceiro e buscar, dentro dos limites naturais, mecanismos para viabilizar os bons resultados do time, que se transformarão em maior visibilidade para a marca Unimed-Rio, apenas isso.

Uma das prioridades da administração do clube é renovar o contrato com o centroavante Fred? De que forma a parceira pode ajudar? Tem a mesma opinião de que é fundamental manter este jogador?

Qualquer jogador de nível de seleção brasileira representa um ativo importante sobre o ponto de vista da visibilidade, todos sabem disso. Essa é a análise a ser feita. Como gosto de esporte, sei reconhecer os valores estejam eles em que time estiverem, e nesse aspecto claro que manter um atacante desse padrão na equipe é muito bom.

Como o senhor define a sua relação com o presidente Peter Siemsen? Recentemente os senhores tiverem opiniões diferentes sobre contratação de treinadores… Isso procede?

Somos dois dirigentes sérios, responsáveis perante as organizações que representamos, e que respeitamos um ao outro. Divergimos muitas vezes, o que é natural em qualquer tipo de parceria comercial, e no nosso caso ganha projeção justamente por estarmos tratando de futebol. Fosse uma divergência sobre a cor da pintura da parede ou a marca do carro que um ou outro mais gosta, não seria relevante. Portanto, é preciso manter as coisas em seus devidos lugares. Nos respeitamos e procuramos coordenar nossos esforços para que os interesses do clube e do patrocinador sejam contemplados sempre que possível.

Claudio Salles

salles2Por quais motivos o associado da Unimed deve votar no senhor?

Claudio Salles: Represento um grupo. E ele não concorda com algumas situações envolvendo a atual administração. Uma delas é a parceria com o Fluminense. Especialmente pelos valores. Estimamos os gastos em R$ 70 milhões anuais. Precisamos de exposição da marca, sim, não precisa ser nesta base. Acredito que seja o terceiro maior investimento em clube de futebol em todo o mundo. Perde para Barcelona e Bayern de Munique. Somos uma empresa municipal, a maior do Brasil, é verdade, mas podemos ter exposição com menos gasto e mais efetividade. O importante, sempre, é o cooperado, o bem maior, e não um clube de futebol.

Então, o senhor vai rever o contrato com o Fluminense. Há chance de ser rescindido?  

Ao assumir, vamos rever o contrato. O departamento jurídico irá avaliar a situação. É claro que temos de respeitar os contratos estabelecidos, porém, é possível mudar. Mas a nossa proposta é rever todos os contratos de patrocínio dentro do esporte e analisar a melhor solução. Manter o patrocínio ou não vai depender de muitas coisas, inclusive dos patrocinados aceitarem nossas condições. Tem de aceitar as nossas condições. O valor investido hoje é muito alto. Poderíamos conseguir a mesma exposição, ou até mais, com valores muito mais baixos que esse.

Há algum outro ponto de crítica à parceria além do valor?  

O relacionamento do presidente da Unimed-Rio com o clube não cabe. Você vê o presidente da Caixa Econômica ou da Peugeot no Ninho do Urubu? O presidente da Viton 44 em General Severiano? Não vê, porque eles são presidentes de empresas que patrocinam o Flamengo e o Botafogo, respectivamente, e se preocupam somente com elas. Quem cuida dos clubes são os respectivos presidentes, o Eduardo Bandeira e o Maurício Assumpção. A falha é deixar uma paixão pessoal ficar tão aflorada ao ponto de confundir as coisas. O presidente da empresa tem de se preocupar da exposição da marca e o bem-estar do seu cooperado. Não deve ficar atento ao time que vai patrocinar. Não temos nada contra o patrocínio e sim o valor e a relação. Não se pode misturar as coisas.

O senhor entende que hoje esta relação é prejudicial à empresa?  

Se eu for presidente, não terei tempo para dar volta olímpica, não ireia ao CT, não negociarei com técnico, jogador, dirigente. Isso é função do clube, a função da empresa é fiscalizar a exposição da marca. Essa questão envolvendo Fluminense e Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) também respingou na Unimed-Rio. Torcedores de outros times fizeram campanhas em redes sociais para que todos cancelassem os planos de saúde. A página da cooperativa no Facebook recebeu diversos comentários maldosos, como se a Unimed-Rio tivesse se envolvido financeiramente nessa questão. Isso tudo é ruim para a marca, e acontece justamente por conta dessa exposição em que o atual presidente se coloca.

O senhor gosta de futebol? É torcedor do Fluminense? Ou de outro clube? E isto interfere nas sua opiniões sobre a parceria?  

Meu time é a Unimed-Rio. Não sou torcedor do Fluminense, mas o meu time pouco tem a ver com a discussão dos rumos da empresa. É uma informação que não tem relevância.

O que lhe leva a crer que o senhor vencerá a eleição?  

No ano passado, na eleição do Conselho Fiscal, que é anual, perdemos, é verdade, mas tivemos uma votação expressiva. Há mais gente que pensa como nós. Há um indicativo de existe insatisfação com a atual administração.

O que mais o senhor deseja mudar na Unimed-Rio?

O foco maior desta conversa é o esporte, então, acredito que a Unimed-Rio, com valor inferior ao gasto hoje, poderia patrocinar os quatro grandes da cidade. Em Porto Alegre, Grêmio e Inter são patrocinados. A expansão da marca seria maior, com menos dinheiro gasto. O Rio vai receber os Jogos Olímpicos e podemos patrocinar outros atletas. Saúde tem tudo a ver com esporte, não só com clube de futebol. Queremos uma valorização do cooperado, com uma consulta que pague mais ao médico. Plano de saúde totalmente gratuito aos cooperados, o que hoje não existe.

 


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