A discussão quanto à mudança no formato do Campeonato Carioca e, para alguns, até a extinção dele, vem à tona quando os números saltam os olhos. Nada menos do que 87% dos jogos realizados até o momento causaram prejuízo aos clubes, que, portanto, pagaram para jogar em 41 das 47 partidas.
Por outro lado, o lucro da Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) é de R$ 281 mil nos jogos já disputados.
Presidente de um dos clubes com a situação financeira mais crítica da competição, Zeca Gomes, mandatário do Bonsucesso, não temeu se posicionar e disse já ter perdido as esperanças para que as coisas sejam revertidas.
– Sinceramente, nem sei mais o que fazer. O futebol no Rio de Janeiro está cada vez mais caro. É prejuízo todo jogo. Você paga R$ 12 mil pra alugar um estádio, perde mais não sei quantos para a Federação, paga arbitragem. Será que a Ferj não consegue estudar uma saída? Eles poderiam nos ajudar. É difícil um time de bairro levantar recursos. E não tem nem como debater: você chega no arbitral e já está tudo definido. É uma coisa imposta. Vou brigar sozinho – lamentou o presidente do Bonsucesso, que continuou:
– Você abre o jornal e vê que a Federação tem um baita contrato com o Guaraviton (cerca de R$ 5 milhões pelos naming rights do torneio). Por que não pagam arbitragem e nos livram de taxa com esta verba? Só premiação para os grandes? Não dá. É inviável ter lucro com time pequeno no Rio – decretou Zeca Gomes.
A Ferj se defendeu, ressaltando que, apesar do déficit em um primeiro momento, o campeonato destina quase R$ 6,8 milhões em premiações – R$ 3,5 milhões para o campeão, R$ 1 milhão para o vice, R$ 200 mil para cada semifinalista, R$ 1 milhão para o Campeão da Taça Guanabara (fase classificatória), R$ 400 mil para o campeão da Taça Rio (computa apenas os jogos entre os times pequenos) e R$ 100 mil para o vice.