(Foto: Divulgação/CBF)

Por intermédio de sua coluna no portal “R7”, o jornalista Cosme Rímoli falou sobre o técnico do Fluminense, Fernando Diniz, e a preocupação da CBF, que o contratou para comandar a seleção. A entidade teme, segundo o profissional de imprensa, que o treinador chegue ao time canarinho com o peso de ver o clube das Laranjeiras em momento conturbado.

Confira a postagem na íntegra:

Luís Vinhaes, entre 1931 e 1933, comandou o Fluminense e a seleção brasileira.

 
 
 

Zezé Moreira, em 1952, também Fluminense e seleção.

Sylvio Pirillo, em 1957, Fluminense e seleção.

Zagallo, em 1971, Fluminense e seleção.

Cláudio Coutinho, em 1979, Flamengo e seleção.

Vanderlei Luxemburgo, em 1998, Corinthians e seleção.

Emerson Leão, em 2000, Sport e seleção.

Sempre foi uma situação desconfortável, tensa, que acabava por expor os técnicos nos seus clubes.

E os resultados não foram satisfatórios, na esmagadora maioria dos casos, para as equipes.

A cobrança sobre o treinador que era apenas de sua torcida, da mídia do estado onde trabalha, passa a ser nacional.

É o que está acontecendo com Fernando Diniz.

Ele assumiu o cargo de treinador interino, “tampão”, da seleção até junho de 2024, quando Carlo Ancelotti deverá encerrar seu contrato com o Real Madrid e passar a comandar o Brasil.

Está tudo apalavrado. O acordo é verbal entre ele e o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues. Ou seja, se Ancelotti mudar de ideia, qualquer que seja o motivo, o blog teve a informação de que Diniz “vai à Copa”.

Só que, desde que foi feito o anúncio, o Fluminense caiu de forma assustadora.

O time venceu o Internacional no Maracanã por 2 a 0. Empatou com o Flamengo em 0 a 0. E perdeu para o Coritiba, ontem, por 2 a 0.

Diniz venceu apenas um título na carreira como técnico da elite.

Apenas o Carioca deste ano, em 14 anos como comandante de equipes. É assustadoramente pouco.

Porque ele já passou por clubes como Athletico Paranaense, São Paulo, Santos e Vasco e voltou para a segunda passagem no Fluminense.

O clube das Laranjeiras despencou no Brasileiro.

É apenas o sétimo.

Ele assumirá a seleção contra a fraquíssima Bolívia, no dia 7 de setembro, provavelmente em Belém, para assegurar o apoio da empolgada torcida nortista. Depois, enfrentará o Peru, em Lima, no dia 12 de setembro.

No dia 17 de outubro, o Uruguai, em Montevidéu. Depois, a Colômbia, no dia 16 de novembro, o que deve ser no Nordeste. 

Aí, em novembro, para terminar bem, ou não, a caminhada da seleção em 2023, no dia 21 a Argentina, muito provavelmente em Manaus. 

Ainda restarão dois amistosos na data Fifa, em março de 2024. Um deles contra a Espanha, em Madri.

Aí, a previsão é que Diniz entregue a seleção a Ancelotti. Ou até prossiga, se o italiano não vier.

Só que os números e, principalmente, as atuações do Fluminense nos últimos jogos têm sido preocupantes.

Nos últimos 13 jogos, só três vitórias. Quatro empates. E seis derrotas!

O presidente Ednaldo Rodrigues escolheu Diniz pelo prestígio que ele tem com a mídia carioca. Grande parte dos jornalistas do Rio de Janeiro o enxerga como um treinador moderno, ofensivo.

Mas esses mesmos profissionais estão questionando a sério o rendimento atual do Fluminense.

Até mesmo nas Laranjeiras há o estranhamento da queda da equipe, que foi até reforçada para o Brasileiro, com os dirigentes sonhando com títulos.

A eliminação na Copa do Brasil para o Flamengo já foi muito ruim para o treinador.

Apesar de classificado às oitavas, o futebol do Fluminense caiu muito na Libertadores. A última rodada da fase de grupos mostrou o pálido empate, em pleno Maracanã, com o fraquíssimo Sporting Cristal, do Peru, em 1 a 1.

Nas oitavas, enfrentará o Argentinos Juniors.

Se passar, nas quartas, o adversário será ou o Olimpia, do Paraguai, ou o Flamengo.

Fernando Diniz, apesar de psicólogo formado, tem se mostrado tenso, ainda mais irritadiço, desde que foi indicado para comandar a seleção como interino.

Tudo o que Ednaldo não quer é Diniz assumindo a seleção com o Fluminense em crise, ou, pior, com Fernando demitido.

A pressão, que já é forte, pela grandeza do clube se tornou muito maior com Diniz na seleção.

O prazo para o treinador seguir comandando o Fluminense e ser, ao mesmo tempo, o “tampão” da seleção é grande.

Os dirigentes das Laranjeiras primeiro ficaram orgulhosos pela escolha de Diniz.

Mas 20 dias depois já se mostram preocupados.

O treinador deixa claro que seu foco está no Fluminense.

Mas ele tem a grande responsabilidade de pensar na convocação da seleção, que jogará daqui a menos de dois meses. 

Na longa conversa que teve com Ednaldo Rodrigues, Diniz garantiu que não haveria problema algum.

À direção do Fluminense também disse que cuidaria muito bem do time.

A derrota de ontem, contra o Coritiba, time que está na zona de rebaixamento, foi frustrante para os torcedores tricolores. Nas redes sociais, o questionamento a Diniz já é real.

“É um time que está na zona de rebaixamento, mas num momento excelente dentro da competição. Eles vêm de três bons jogos, duas vitórias e um empate fora de casa, contra o Cruzeiro. A gente sabia que seria um jogo difícil.

“O Coritiba tem mérito na vitória. A gente, principalmente no primeiro tempo, facilitou um pouco. Sabia que era um jogo com paciência e inteligência. Oferecemos um contra-ataque que sabíamos que não poderíamos oferecer”, admitiu Diniz, tentando controlar o péssimo humor diante do fracasso. 

Mas o fraco futebol do Fluminense já ligou o estado de alerta na CBF.

Tudo o que não pode acontecer é o clube entrar em crise, começar a fracassar, às vésperas de Fernando Diniz assumir o Brasil.

Já há jornalistas no Rio questionando se foi o melhor caminho ele acumular os dois cargos.

Agora é tarde.

Diniz terá de buscar a recuperação no Fluminense.

Para o bem dele, do clube e da seleção.

O planejamento para a Copa de 2026 não deixa dúvidas.

É muito problemático.

Nenhuma das grandes potências para o Mundial está em um clube e comandando um selecionado. 

Argentina, França, Alemanha, Croácia, Inglaterra, Holanda, Espanha, Bélgica, Itália.

Só o Brasil…