(Foto: Mailson Santana - FFC)

Jornalista especializado na área de finanças, Rodrigo Capello publicou uma vasta análise sobre as contas do Fluminense no site ge. Confira abaixo a parte específica sobre as inúmeras dívidas do clube:

Dívidas

É neste ponto que a dificuldade para gerir o Fluminense no dia a dia aparece. Ao mesmo tempo em que há pressão por contratações de reforços e bom desempenho em campo, que custam dinheiro, dívidas continuam a consumir boa parte dos recursos que passam pelo caixa.

 
 
 

O perfil da dívida não chega a ser péssimo. Com 34% do endividamento no curto prazo (a pagar em menos de um ano), nota-se que o clube se esforçou para alongar ao máximo os vencimentos. Mas a quantia, R$ 253 milhões, é muito alta, se comparada ao faturamento tricolor.

  • Dívidas bancárias aumentaram no último ano, em moeda estrangeira, devido a antecipações com vendas de atletas dadas em garantia. Esse tipo de operação funciona assim: o clube tem parcelas a receber por jogadores que vendeu, então o banco antecipa o dinheiro hoje e vai recebê-lo no futuro, direto de quem comprou – obviamente, cobrando juros no meio do caminho;
  • Parcelamentos fiscais correspondem à maior parte do endividamento tricolor. Além de refinanciamentos já antigos, como o Profut, o Fluminense firmou novos acordos recentemente com a Receita Federal e via Perse, novo programa criado pelo governo para impostos não pagos. Essa dívida é registrada majoritariamente no longo prazo (a pagar em prazo superior a um ano);
  • Dívidas trabalhistas reúnem obrigações correntes – exemplo: salários e encargos de dezembro, que precisam ser pagos em janeiro, viram o ano contabilizados dentro do passivo – e também acordos cíveis e trabalhistas feitos pelo clube com ex-funcionários, para quitar direitos de imagem e salários que gestões anteriores não honraram;
  • Em “outros”, estão pagamentos previstos a fornecedores, agentes e clubes. Contratações de reforços costumam puxar essa linha para o alto. Como o Fluminense é um clube com menor capacidade de investimento na compra de jogadores, dívidas desta natureza são mantidas em patamar relativamente baixo;
  • Contingências são ações judiciais movidas contra o clube, nas quais, segundo o entendimento do departamento jurídico, a chance de derrota é “provável”. A associação tem conseguido reduzir esse montante ano após ano, graças aos acordos que faz com credores.