O “Relatório Convocados 2023 – Finanças, histórias e mercado do futebol brasileiro em 2022”, da empresa de consultoria financeira Galapagos, especializada no mercado esportivo, analisou o Fluminense e outros grandes clubes do país um dia após o Conselho Deliberativo do clube aprovar, por unanimidade, as contas do último ano.
Apontando os números tricolores com muitas ressalvas, fugindo da letra fria do que fora divulgado oficialmente, a consultoria tem como objetivo contribuir para o crescimento e profissionalização do futebol brasileiro, fornecendo informações valiosas e insights relevantes para investidores, gestores, profissionais do futebol e demais interessados.
Por intermédio do site oficial, o Fluminense fez questão de salientar que os números foram divulgados em abril no Portal da Transparência. O Demonstrativo Financeiro de 2022 apresenta um superávit de R$ 7 milhões. O documento destaca ainda um superávit operacional do exercício de R$ 36.874.000,00, resultado antes de serem descontadas as despesas com pagamentos de dívidas do passado. No exercício anterior, o superávit operacional havia sido de cerca de R$ 23 milhões.
Nas questões operacionais, a “Galapagos Capital” destaca os seguintes termos:
✓ Receitas permaneceram estáveis, com pequeno crescimento nas recorrentes;
✓ Boa distribuição de receitas, mas ainda com alguma dependência de negociação de atletas;
✓ Geração de caixa em termos totais, mas segue altamente dependente da negociação de atletas
para fechar suas contas;
✓ Apesar de abaixo das receitas, custos seguem tendência de crescimento, lastreados pela negociação de
atletas.
A abordagem da consultoria em torno dos investimentos e das dívidas do clube das Laranjeiras foi acompanhada por esses tópicos:
✓ Crescimento importante de investimentos, que dobraram de tamanho em 2022;
✓ Dívidas aumentaram substancialmente, em grande parte na linha de Impostos/Acordos. Aqui tem um aspecto contábil que merece atenção: o Fluminense possui a maior Provisão para Contingências do futebol. Por um lado é positivo, pois deixa claro o tamanho do risco de aumento de dívidas, mas por outro a cada acordo realizado abaixo do valor de registro, essa baixa gera uma receita que ajuda na formação do superávit do período. Foi o que ocorreu em 2022, quando a reversão de mais de R$ 40 milhões foi fundamental para compor o superavit de R$ 7 milhões;
✓ Alavancagem volta a crescer em função do aumento de dívidas, ainda que a de curto prazo tenha se evoluído.
Por fim, o resumo do relatório sobre o fluxo de caixa do Tricolor das Laranjeiras:
✓ Geração de caixa positiva, ainda que abaixo dos 10% das receitas;
✓ Parte dessa geração é ajustada para baixo, porque uma parcela da receita com negociação de atletas será recebida nos anos seguintes. Para compor o caixa o clube buscou adiantamentos;
✓ Parte dos investimentos em formação de elenco teve seu pagamento parcelado, reduzindo pressão no ano;
✓ Compôs caixa com aumento dos parcelamentos fiscais;
✓ No final, captou novas dívidas onerosas – usualmente com característica de antecipação de receitas – e ainda consumiu R$ 20 milhões do caixa formado no ano anterior.
Assim sendo, a consultoria entende que o fluxo de caixa do Tricolor é desconfortável. Existe, segundo o estudo, uma necessidade estrutural de adiantamentos, efeito negativo da dependência de negociação de
atletas – caixa que entra nos anos seguintes à negociação – aumento de passivos. O NETFLU teve acesso ao relatório completo no que tange o Fluminense. Confira: