Seu Pedro chegou a dever dinheiro a vários agiotas para bancar as idas de Marcelo para o treino (Foto: Reprodução)

Se hoje volta ao Fluminense como um dos maiores craques dos últimos anos no futebol mundial, o começo de carreira de Marcelo foi para lá de difícil. E talvez possível unicamente por conta de seu avô, seu Pedro Vieira, falecido em 2014. O portal ge recordou sua história. Em live no Instagram do clube na última segunda, seu Pedro foi lembrado por Fred com o lateral-esquerdo, contando a história que o mesmo havia vendido seu Fusquinha para ajudar o jogador à época a ir para os treinos.

— Estamos voltando ao Brasil com muita vontade de voltar a ficar no Rio de Janeiro, aproveitar esse momento que tivemos pouco. Não tem preço. Nenhum valor vai pagar o que vamos sentir e voltar a sentir esse calor da torcida, de sentir cada jogo, treino e pressão. Não tem valor. Todo mundo gosta de dinheiro, trabalha e é pago, mas aqui é diferente. Meu avô teve que vender o carro para pagar o transporte para eu poder ir até Xerém. Foi o que meu avô fez por mim. Não tem dinheiro que pague – contou Marcelo.

 
 
 

Conforme mencionado anteriormente, Pedro Vieira morreu em 2014, três dias antes da seleção ser derrotada por 7 a 1 para a Alemanha na semifinal da Copa do Mundo. Antes de falecer, no entanto, realizou o sonho de ver o neto jogando tanto com a camisa do Fluminense quanto do Brasil no Maracanã.

Postagem de Marcelo quando do falecimento do avô (Foto: Reprodução do Instagram)

Nove anos atrás, chegou a dar entrevista ao Esporte Espetacular na qual contou que chegou a dever dinheiro a 12 agiotas (pessoas que fazem empréstimos com juros altos e têm fama de retaliar com violência quem não os paga) para garantir as idas de Marcelo aos treinamentos no início de carreira.

— Eu sempre arranjei dinheiro emprestado. Para levar ele para o futebol, eu sempre arranjava. Na véspera eu já providenciava o dinheiro porque sabia que tinha que levar ele no dia seguinte. Então a minha preocupação era só com ele chegar lá. E eu estava na mão do agiota. Eu tinha 12 agiotas. Eu vendi um apartamento para pagar agiota. Mas a prioridade era ele – contou na época o avô, que tinha certeza que o neto ia virar jogador:

— Era um toque de bola perfeito. Olha, levantou todo mundo no bar e foi para a grade para ver ele jogar. Porque ninguém tinha visto um garoto tão pequeno, tão infantil, com tanta habilidade, tanta categoria.

A situação da família só melhorou quando seu Pedro ganhou um dinheiro em um popular jogo de apostas ilegal no Brasil, comprando assim um Fusca para levar Marcelo a Xerém. O carro teve tanta importância na vida do lateral-esquerdo que está tatuado em seu braço direito.

O início de Marcelo foi no futsal do Fluminense e, mais tarde, foi para Xerém. Por lá, chegou atacante e virou lateral-esquerdo, posição que faltava na época. Com 14 para 15 anos, quando já morava em Xerém há dois anos, indo para casa apenas no fim de semana, quase abandonou a carreira para curtir a adolescência com os amigos. Foi seu Pedro quem conseguiu mudar a cabeça do garoto e convencê-lo a não largar o futebol.

— Eu falei para ele: “Olha, muitos garotos gostariam de estar na posição que você está e não conseguem. Você está com tudo na mão e está jogando fora” – disse na época da reportagem.