A julgar pelas informações divulgadas pelo globoesporte.com, acho que é uma missão para a imprensa que cobre o Flu dissecar melhor o caso e buscar os porquês do negócio junto à direção do clube.
Explico.
Luan Brito, jogador da base e que tem números expressivos nas últimas temporadas (mais de 30 gols desde 2021), será emprestado de graça ao Porto (POR), com passe fixado em 4,5 milhões de euros (entre valores fixos e bônus variáveis, cerca de R$ 25 milhões na cotação de hoje).
Gostaria de entender a lógica: o Flu forma o jogador e quando ele atinge idade pra subir pro time principal ou, na falta de espaço, ser negociado, gerando receita pro clube, a opção é emprestar, de GRAÇA, para um gigante português, com muito mais dinheiro que o Fluminense.
Talvez nossos dirigentes argumentem que ele, lá em Portugal, ganhe rodagem, se valorize técnica e financeiramente. Pode ser. É uma hipótese.
Mas então porque fixar o valor do negócio? Quem de nós, hoje, sabe quanto valerá o menino se ele arrebentar por lá? 4,5 milhões? 20? Nada? É de fato uma incógnita.
Mas reparem: a fixação do valor de venda não nos interessa. Só interessa ao Porto. Vocês concordam com o raciocínio?
Sim, porque se ele arrebentar, sairá barato para os portugueses. Se ele não rodar por lá, será devolvido sem que o clube investisse um centavo, e se jogar uma bola razoável e o Porto quiser seguir apostando no jogador, oferecerá o valor que julgar interessante ao Fluminense, que aceitará ou não.
O meu ponto é: quer pegar o garoto agora e ter o benefício de saber desde já quanto pagará se ele der certo? Ok, mas então remunere o Fluminense. Pague ao Fluminense pelo risco que nós estamos assumindo de abrir mão do menino agora. Pague pelo empréstimo.
No meu entendimento, nessas condições atuais, o Fluminense assume sozinho o risco da transação. Deu muito certo? Azar, meu amigo, você me emprestou de graça, mas nós já fixamos o valor. Deu errado? Tô te devolvendo, ok? Se vira aí.
Luan jogará no time B do Porto. Não há garantias de que será utilizado no time principal, não há garantia de que, de fato, ganhará rodagem. Aliás, nem sempre a adaptação de um jovem na Europa acontece de maneira rápida.
Parece-me que o Fluminense está fazendo um negócio bem ruim. Um negócio no qual o dono do ativo assume, sozinho, o risco do negócio.
Seria bom que o clube explicasse o racional por trás dessa transação. Há de ter algum, mesmo considerando que quando somos nós quem trazemos os atletas, eles vêm pro clube apenas quando pagamos pelos empréstimos, assumindo, assim, parte dos riscos do negócio, como, afinal, parece fazer mais sentido.
Com a palavra, o clube, que, recentemente, renovou o contrato do Alexandre Jesus, jogador com números muito mais modestos do que os do Luan.
Abraços tricolores.