Foto: Arquivo Flu-Memória

O dia 29 de dezembro ficará marcado pela despedida do maior jogador de futebol de todos os tempos. Pelé faleceu após uma batalha contra o câncer de cólon e o Jornal “Extra” relembrou uma história envolvendo o Rei do Futebol e o Fluminense, e como o craque evitou uma tragédia na Nigéria ao vestir a camisa tricolor.

Aos que não sabem, Pelé defendeu as cores do Fluminense por 45 minutos em um amistoso disputado em Lagos, capital do país africano, em 1978, contra o Racca Rovers, time local campeão nacional. O Tricolor venceu aquela partida por 2 a 1.

 
 
 

Confira a história, na íntegra:

“Pelé teve muitas camisas históricas ao longo de sua carreira. É evidente que a do Santos e a da Seleção Brasileira foram as de maior destaque, mas foi com a do Fluminense que o Rei do Futebol evitou uma verdadeira tragédia. Com intervenção até da polícia, o craque teve que entrar em campo para evitar uma batalha campal na África. O episódio aconteceu no dia 26 de abril de 1978, na Nigéria.

Na verdade, o encontro não foi planejado. O Tricolor realizava uma excursão à Africa e disputou dois amistosos no continente: primeiro, venceu a seleção da Nigéria por 3 a 1, que teve Pelé em campo, em partida que levou mais de 50 mil torcedores para o estádio; depois, enfrentou o Racca Rovers, equipe local da região de Lagos, e a presença de Pelé entrou em cena.

O Rei já era uma estrela mundial e tricampeão com a seleção brasileira. Recém-aposentado, participava de uma ação de marketing de uma marca de eletrodomésticos durante a sua passagem por vários países africanos. Por coincidência, estava na Nigéria no mesmo momento em que o Fluminense e foi convidado para dar o pontapé inicial no amistoso. Mas não foi bem essa a notícia que circulou na imprensa local.

Rádios e jornais da região divulgaram que o Rei jogaria a partida. O simples boato não apenas esgotou os 30 mil ingressos comercializados antecipadamente, mas fez com que o estádio superlotasse — segundo registros da época, cerca de 60 mil pessoas se aglomeraram nas arquibancadas para ver Pelé (e o Fluminense). Quando o presidente tricolor da época, Sylvio Vasconcellos, tentou desfazer o mal-entendido, um princípio de confusão foi criado.

— O destino uniu Pelé e Fluminense naquele momento. Ele não jogava já há seis meses, mas quatro dias antes vestiu a camisa da Nigéria neste amistoso com o Fluminense. Quando a notícia saiu, houve uma comoção popular para ver o Rei. Esse jogo com o Racca Rovers foi em um estádio menor e as autoridades locais falaram que não teriam condições de ter segurança se Pelé não jogasse — conta Dhaniel Cohen, do departamento de marketing do Fluminense.

Então, o chefe da polícia de Lagos entrou em contato com o Fluminense e afirmou que não teria condições de conter a revolta popular se Pelé não jogasse. Sylvio conversou com Pelé que, com receito de uma tragédia, decidiu ir a campo. Mesmo aposentado, atuou por 45 minutos com uma chuteira emprestada por um atleta tricolor. Não marcou gols, mas fez a alegria dos torcedores.

— Certa vez, eu joguei pelo Fluminense. Na Nigéria, tantas pessoas foram me ver que a polícia me fez jogar para manter a paz! — disse Pelé, em abril de 2018.

O Fluminense venceu o Racca Rovers por 2 a 1. No primeiro tempo, Marinho Chagas marcou o gol do Tricolor. Já sem Pelé no segundo tempo, Arturzinho anotou o tento da vitória.