Em alta, Diniz renovou com o Fluminense (Foto: Marcelo Gonçalves - FFC)

A atual fase do Fluminense vem preocupando o torcedor. A equipe apresenta uma queda de produção e acumula de três derrotas consecutivas – a pior sequência na temporada – , a última delas para o América-MG por 2 a 0, no último domingo, em pleno Maracanã. Assim, a equipe que já foi vice-líder e chegou a ameaçar o líder Palmeiras deixou o G-4 e caiu para a quinta posição na classificação.

Mas o que mudou no Fluminense nos últimos dois meses? O site “Ge.com” listou os motivos fizeram o time cair de produção e ligaram o sinal de alerta na equipe.

 
 
 

Problemas defensivos
As dificuldades no setor defensivo passaram a se tornar uma realidade no Fluminense. A equipe chegou a 38 gols sofridos no Campeonato Brasileiro e é a sétima defesa mais vazada da competição. O Tricolor só não sofreu mais gols que Juventude, Avaí, Atlético-GO, Coritiba, Goiás e Bragantino. Das seis equipes, quatro brigam contra o rebaixamento.

Além disso, o Tricolor sofreu gol em 10 dos 12 jogos que disputou no returno do Brasileirão. A equipe do técnico Fernando Diniz só não foi vazada em duas oportunidades: contra Cuiabá e Juventude, ambos no Z-4. Diniz até sofreu com desfalques no setor defensivo em algumas partidas mais recentes, mas na derrota para o América-MG, por exemplo, os titulares estavam em campo. Os espaços e as falhas individuais se tornaram recorrentes, e o problema defensivo vem sendo tratado como coletivo, indo além dos defensores.

– Isso já estávamos cobrando bastante. Diniz vinha falando. Mesmo na vitória, estávamos levando gols. Nosso sistema, não somente a linha de trás, zagueiros, laterais, volantes, Fábio. São todos. Mesmo os gols feitos, a linha de trás ajuda. Somos um todo. Quando ganha, todos ganham. Quando perde, todos perdem. Todos têm sua parcela de culpa – disse Samuel Xavier após a partida contra o América-MG.

Pouca variação tática
O estilo de jogo de Fernando Diniz no Fluminense deu o que falar no meio da temporada. Com bola bastante trabalhada, triangulações pelos lados, categoria de Ganso, qualidade de André, inteligência de Arias e oportunismo de Cano, o futebol do Flu chegou a ser apontado como o mais bonito do Brasil. Com um time tão visto e analisado, a sensação é que a equipe acabou sendo decifrada.

Com o futebol cada vez mais estudado, é natural que a preparação para as partidas passe muito pela análise do adversário. E o jogo contra o América-MG é um exemplo disso. A equipe do técnico Vagner Mancini foi a campo com estratégia montada para neutralizar o Flu. E deu certo. O Coelho criou vantagem numérica pelas laterais, pressionou a saída de bola e foi agudo, sempre explorando a velocidade. Finalizou e criou mais chances, além de ter saído com a vitória do Maracanã.

O Fluminense tem se deparado cada vez mais com equipes que dificultam a execução de seu estilo de jogo tradicional. O time, no entanto, não vem conseguindo apresentar alternativas eficientes para fugir da neutralização e acaba insistindo em ações que se tornam previsíveis para os adversários e pouco efetivas.

Elenco enxuto
Por mais que tenha ido ao mercado para se reforçar no início da temporada, pensando em uma disputa de uma Libertadores que durou menos que o esperado, o Fluminense não montou um elenco que pudesse, pelo menos no papel, bater de frente com os “ricos” brasileiros. Dos oito reforços que chegaram no início do ano, apenas o goleiro Fábio e o centroavante Germán Cano são titulares.

Na janela do meio do ano, chegaram Alan e Marrony, peças para reposição em um ataque que perdeu Luiz Henrique e Fred ao longo da temporada. Além deles, Michel Araújo voltou de empréstimo. Todos eles, no entanto, são reservas.

Apesar do grande número de reforços para a temporada aparecer como opção, o banco tricolor não apresenta a força necessária, na maioria das posições, para levar a campo o alto nível e a regularidade que um campeonato da dificuldade do Brasileirão exige.

Insistência em peças
Por mais que a maior parte da equipe titular esteja perto de uma unanimidade entre torcedores e especialistas, o técnico Fernando Diniz costuma insistir em algumas peças que não vêm apresentando um bom desempenho nos últimos tempos. Improvisado na lateral esquerda, Caio Paulista não tem correspondido às expectativas da torcida. Na derrota para o América-MG, por exemplo, Everaldo teve muita liberdade pelo setor.

Outro que não vem agradando é Matheus Martins. Titular, o jovem não tem feito boas exibições e poderia ser um pouco mais preservado, especialmente ao levar em consideração a importância de haver um maior tempo para a maturação da joia tricolor.

Além deles, Felipe Melo foi improvisado na zaga em algumas oportunidades e também acabou criticado na maior parte dos jogos. Dos 11 jogos em que o camisa 52 atuou pelo menos alguns minutos improvisado sob o comando do técnico, a equipe foi vazada em seis, com 11 gols sofridos. O jogador também ficou marcado por falhas individuais que resultaram em gols do adversário nas partidas contra Inter e Atlético-MG e anotou um gol contra diante do Corinthians na semifinal da Copa do Brasil.

Estilo intenso x cansaço da temporada
Além de não ter o hábito de poupar jogadores ao longo da temporada, o técnico Fernando Diniz tem como proposta um estilo de jogo intenso, que exige bastante fisicamente dos jogadores. Com 64 jogos do Fluminense em 2022 e faltando um mês para o fim da temporada, é natural que cansaço dê as caras a essa altura do campeonato.

Antes bastante compacto, o time vem apresentando linhas mais espaçadas e não tem conseguido manter durante os 90 minutos a intensidade que já foi uma das principais marcas da equipe. Assim, o Flu deixa de colocar em prática uma arma vinha sendo bastante efetiva na temporada e, consequentemente, se torna menos perigoso nas partidas.