Thiago Neves teve três passagens pelo Fluminense (Foto: Gaspar Nóbrega - Photocamera)

Thiago Neves participou do podcast “Papo de Guerreiro” da FluTV, canal oficial do Fluminense no YouTube. No bate-papo, o meia relembrou várias histórias das passagens que teve no clube. Entre elas, a polêmica envolvendo um pré-contrato assinado com o Palmeiras no segundo semestre de 2007, quando também renovou o vínculo com o Tricolor.

O jogador já tinha dado sua versão dos fatos em algumas entrevistas ao longo desses 15 anos, mas agora ele deu detalhes:

 
 
 

– O que aconteceu? O Carlos Alberto ainda estava, e meu contrato com o Fluminense era só até o final do ano. Eu tinha que voltar, teria que voltar para o Paraná, estava emprestado. Na época, meu empresário falou assim: “Olha, o Fluminense não vai renovar, não quer renovar com você”, falou assim mesmo, “só que eu consegui aqui uma proposta do Palmeiras”. Falei: “C*… Voltar para o Paranazinho não dá”. Ou vai para o Palmeiras ou vai ter que voltar para o Paraná, porque o Fluminense não quer renovar. E foi de um dia para o outro. Ele: “Amanhã a gente conversa, pensa, mas amanhã a gente já tem que decidir”. Chegou no outro dia ele veio e falou: “Cara, vamos fazer isso, é melhor que são quatro anos de contrato, e seu salário vai aumentando a cada ano”. E eu falei: “Beleza. Se é isso, beleza”. Deu duas semanas e eu comecei a jogar no Fluminense de titular. Comecei a jogar direto.

Na época, Thiago Neves assinou o pré-contrato no dia 18 de agosto. No podcast, o meia lembrou que começou a ganhar sequência após a saída de Carlos Alberto para o Werder Bremen, da Alemanha, mas chegou a ser “barrado” pelo técnico Renato Gaúcho devido ao imbróglio.

– No jogo em Curitiba contra o Paraná, estava aquela dúvida se ia me colocar, se ia colocar o Cícero, se eu ia jogar ou não. O Renato me chamou no quarto dele: “Você vai renovar? Por que você não renovou ainda? P, garoto, está maluco, é muito dinheiro para tua idade. Pega isso”. O Fluminense acho que ia me dar quatro anos também, cinco anos. E eu: “Não professor, estou vendo aí”. Ele: “Tem outra coisa?” E eu: “Não tem, estou pensando”. Ele: “Fala a verdade comigo, eu que te ajudei, estou te dando a camisa para jogar”. E eu: “Não professor, estou vendo outra coisa”. E ele: P, então você hoje não vai jogar”. Falou assim mesmo. E minha família toda no estádio. “Poxa, Renato, não faz isso”. Ele: “Vou te dar um prazo de uma semana, ou você abre o jogo ou renova, mas você não vai jogar até a gente resolver isso aí, está com a cabeça em outro mundo”.

Segundo ele, o impasse foi desfeito após uma conversa com um advogado, que teria descoberto que o pré-contrato com o Palmeiras seria irregular por uma questão de prazo, mas o meia não explicou exatamente qual foi o problema. Depois disso, ele decidiu renovar com o Fluminense e assinou no dia 5 de outubro um vínculo por três anos.

– Durante a semana, veio um advogado de São Paulo para cá. Sentamos para tomar um chopinho, aí já me soltei. Esse cara já era de mais confiança, era de São Paulo, já sabia o que tinha acontecido, e disse: “Thiago, para mim você pode falar. Você assinou com o Palmeiras?” E eu: “Assinei”. E ele: “Vou te dar duas notícias, a boa e a ruim. A ruim é que você vai tomar muita porrada agora. Do Palmeiras, do Fluminense, do torcedor, ninguém vai te perdoar. Só que a boa é que o contrato com o Palmeiras está inválido. O Palmeiras não podia fazer o que fez nessa data. Então você tem um tempo ainda, pode renovar com o Fluminense”.

O Palmeiras chegou a pagar R$ 400 mil a Thiago Neves referente a luvas, e o meia usou o dinheiro para dar entrada em um apartamento no Rio de Janeiro. Quando renovou com o Fluminense semanas depois, ele conta que o clube se comprometeu a devolver o dinheiro. Mas o Palmeiras não ficou satisfeito entrou na Justiça para cobrar R$ 2,4 milhões da cláusula de rescisão. O imbróglio só foi desfeito em janeiro de 2008, quando o Tricolor cedeu Lenny ao Verdão e encerrou a disputa.

– Eu peguei os R$ 400 mil e dei de entrada em um apartamento. Aí rolou a conversa (com a diretoria tricolor) e falei: “Assinei e tudo, só que tenho que devolver os R$ 400 mil”. E aí o Fluminense: “Não, pode deixar que no nosso acordo aqui eu já devolvo para o Palmeiras, e aí você renova”. Falei: “Beleza”. Fiquei com tudo, e o Fluminense passou o dinheiro para o Palmeiras. Ficava agoniado, todo dia. Foi isso. Vacilo, erro. O Palmeiras cada semana era uma coisa. Colocou o contrato, colocou minha assinatura, colocou foto quando eu fui assinar no escritório da “Traffic”… Quando a torcida ia esquecendo aqui, vinha batendo, batendo, batendo. Logo em seguida a gente jogou lá, era o Palestra Itália ainda. Não lembro quanto foi o jogo, mas foi pancadaria, viu? Um dos jogos que mais apanhei foi esse (risos). Eu entrava no estádio e os caras jogando nota (dinheiro) – disse.