No início da pandemia, em 2020, o torcedor Matheus Frigols estava em busca de uma atividade para ocupar a mente nos horários fora do trabalho. Pela necessidade de se comunicar com o irmão, Nilson de Assis, que é surdo, Matheus é falante da Língua Brasileira de Sinais desde pequeno e decidiu unir a vontade de criar conteúdo em Libras com uma outra paixão: o Fluminense. Foi assim que nasceu a página “Você Sabia? Flu”, com conteúdo acessível para pessoas surdas.
De acordo com o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), feito em 2010, 5% da população é composta por pessoas surdas, o que corresponde a aproximadamente 10 milhões de brasileiros, sendo que 2,7 milhões têm surdez profunda e não escutam nada. A Lei nº 10.436/2002 reconhece a Língua Brasileira de Sinais como meio legal de comunicação e expressão no país.
A página ensina músicas, nome de jogadores e curiosidades do Fluminense em Libras. Um dos membros da equipe, Renan Aprígio contou ao ge que seguiu o perfil para acompanhar o conteúdo acessível e acabou recebendo o convite para participar da produção.
– Sou surdo, minha língua é Libras, então ele (Matheus) entrou em contato comigo perguntando se eu poderia gravar. Eu topei, amo o Fluminense e sou tricolor desde pequeno. Tenho amigos surdos que às vezes não sabem interpretar o texto, aí eu gravo em Libras para que eles possam acompanhar e entender também, porque às vezes só o texto não é suficiente, eles entendem melhor na língua deles, por isso é preciso ter vídeo em Libras, por isso comecei a contribuir – explicou Renan.
Renan explicou que a página acaba atraindo não apenas os tricolores que são surdos, mas até mesmo torcedores de times rivais, por conta da acessibilidade. Matheus acrescentou, ainda, que a sociedade de maneira geral precisa se tornar mais inclusiva para as pessoas com deficiência (PCDs).
– Desde pequeno, mesmo sem saber o que era acessibilidade e a importância da Libras, fazia questão de ajudar o meu irmão em atividades que, hoje, reconheço serem básicas: uma conversa com um caixa de estabelecimento, por exemplo. A gente ainda está muito aquém do deveria. Imagina você chegar num país no qual você não conhece a língua? Como se sentiria? Aqui no Brasil falamos muito de aprender inglês, por exemplo, mas esquecemos das pessoas que estão bem aqui do nosso lado. A ideia da página foi justamente nesse sentido, de fazer essas pessoas terem o mesmo acesso à informação que qualquer ouvinte tem – finalizou Matheus.