(Foto: Marcelo Gonçalves - FFC)

Terceiro colocado no Campeonato Brasileiro e em vantagem nas quartas de final da Copa do Brasil diante do Fortaleza (venceu por 1 a 0 fora de casa), o Fluminense segue na briga por títulos importantes no cenário nacional. E muito disso é atribuído ao Fernando Diniz. Visão partilhada pelo jornalista Martín Fernandez. O colunista de O Globo fez diversos elogios ao treinador tricolor.


Em sua coluna, Fernandez traz como exemplo uma recente entrevista de Fred, que ao montar sua seleção de todos os tempos (de ex-companheiros), escolheu diversos jogadores por posição. Mas não titubeou ao apontar Diniz como o seu melhor comandante. Confira a íntegra da entrevista intitulada: “Fernando Diniz, um técnico que faz bem ao futebol”!

 
 
 

“O recém-aposentado Fred foi instado pelo podcast “Podpah”, a quem deu uma entrevista nesta semana, a escalar sua seleção ideal de todos os tempos. Sincero, o agora ex-jogador respondeu: “Eu nem consigo pensar. Só sei que eu não estou nela, não”. Em seguida, como fruto da indecisão natural para quem jogou com e contra tantos craques, formou um time com nada menos do que 18 jogadores. Um goleiro: “O melhor com quem eu joguei foi o Fábio… mas também tem o Júlio César”. Lateral direito: “Mariano… mas tem o Maicon, o Daniel Alves, o Cafu”. E assim por diante. Um volante, Fred, só um: “Gilberto Silva. Emerson. Zé Roberto. Juninho Pernambucano”. Três atacantes? “Ronaldinho Gaúcho. Ronaldo. Neymar. Romário. Ah, não dá para escolher”.

O único momento em que Fred desceu do muro e cravou um nome sem hesitar foi quando lhe perguntaram qual seria o técnico desse time: “Fernando Diniz”. Os entrevistadores acharam que ele estava brincando, afinal o entrevistado foi dirigido por treinadores muito mais vitoriosos como Muricy Ramalho ou Carlos Alberto Parreira. Fred falou sério: “Diniz vai para a seleção. Vocês vão ver”.

Depoimentos como este de Fred são muito comuns entre os protagonistas do futebol que conviveram com o técnico. Atletas (e ex-atletas) de personalidades, posições e idades tão diferentes quanto Fred, Raphael Veiga, Leandro Castán, Felipe Melo, Antony, Daniel Alves, Paulo André, Paulo Henrique Ganso, por exemplo, já citaram Diniz como autor de ensinamentos relevantes para suas carreiras, de ordem tática, técnica ou de comportamento. Perceba: nenhum deles foi campeão com o técnico. O que costumam dizer, em resumo, é que se tornaram jogadores melhores por causa dele. Essa lista, certamente muito maior do que a publicada aqui, mostra como é diferente o reconhecimento entre aqueles que de fato fazem parte do jogo e os que estamos fora. Obviamente com exceções, de um lado é comum encontrar admiração e respeito, enquanto do outro costuma haver incômodo e desconfiança — que por vezes beira o desrespeito.

O ano passado foi trágico para Diniz. Começou 2021 com o trabalho sabotado pela recém-eleita diretoria do São Paulo, teve que enfrentar um atentado cometido pela própria torcida contra o ônibus do time, e também não se ajudou ao insultar Tchê Tchê na beira do campo de um jogo contra o Bragantino. Quando o título nacional escapou após ter estado tão perto, acabou demitido.

Depois disso, durou quatro meses no Santos e outros dois meses no Vasco. Em 2022 o Fluminense colhe os frutos de ter sido o primeiro clube da elite a recontratar Diniz, sinal de que sua passagem em 2019 deixou algum legado além dos maus resultados. Com uma folha salarial que equivale a um terço da folha dos clubes mais ricos do Brasil, o Fluminense está entre os quatro primeiros da Série A e tem boas chances de avançar à semifinal da Copa do Brasil. Além de ter injetado no time sua típica maneira corajosa de jogar, Diniz deu outra boa contribuição ao ambiente ao recusar uma investida do Atlético-MG para cumprir seu contrato no Fluminense. Um técnico que faz bem ao futebol.”