Fred deu adeus ao futebol no último sábado (Foto: Mailson Santana - FFC)

Ídolo tricolor, Fred deu adeus aos campos na vitória do Fluminense por 2 a 1 sobre o Ceará, sábado, no Maracanã, pela 16ª rodada do Campeonato Brasileiro. Mas a despedida poderia ter sido até antes. Na coletiva pós-partida, o atacante revelou as dificuldades que enfrentou, culminando com a volta do problema de vista e como foi convencido a seguir.


— Às vezes fui injusto com minha esposa e família. Sou mais acostumado a tomar as pancadas e tento poupá-los. Eu tento dar paz para ela (esposa). O processo que eu estava muito mal foi uma conversa mais de homem eu e Chico, preparador físico. Está comigo desde o Lyon (FRA), temos uma relação forte, morei na casa dele um tempo, somos primos. Ele como preparador físico, eu estava querendo sumir do futebol depois daquele rebaixamento (com o Cruzeiro em 2019). Fui pra roça. Falei pra Paula que estava mais querendo descansar do futebol. A depressão é passageira. Quando olho para trás, não tenho nem o que lamentar e chorar. A parada das vistas, em 2017, no Atlético-MG, tive um problema. Comecei a me sentir tonto. Vizia fase boa. Doutor Rodrigo Lasmar me afastou uma semana para fazer exames no cérebro, se tinha alguma lesão. Tinha desequilíbrio, enxergava duas bolas, ficava tonto. Foi descartada lesão no cérebro. Fiz exames no ouvido, vi que tinha labirintite. Vim pro Fluminense em 2020, meu pescoço estava girando demais – disse, prosseguindo:

 
 
 

— Na minha reestreia pelo Fluminense, sobrou uma bola no alto, eu ia mandar de bicicleta e furei. Pô. Eu ia marcar de bicicleta na reestreia pelo Fluminense. Chamei o médico. Quando o médico foi lá me ver e viu o meu pescoço girando viu logo que era olho. Perguntou quanto tempo eu não ia no oftalmologista. Eu estava com grau 8 de lesão. Tive de operar. E fiquei bem. Joguei Libertadores, Brasileiro. Agora voltou. Está em grau 3. A doutora perguntou qual era a programação. Pra vida normal, tudo bem. Problema é no alto rendimento. Afeta o olho. Então, optei por não operar. Não é operatório. E eu falei para ela que aposentaria. Aí chegou o Diniz. Desde que ele chegou, está fazendo tudo para eu permanecer. Então eu chamei todos e abri o jogo. Eles falaram com a minha doutora. Me afastei por 25 dias, fiz o repouso. Então eu optei por realmente parar. Cheguei a marcar uma reunião com Mário, Diniz e Angioni. Falei que queria parar. Eu estava muito mal. A minha esposa já tinha falado que eu tinha de despedir da torcida, meu empresário e família também falaram. Eu queria fazer uma entrevista e anunciar a despedida. E eles falaram que eu tinha de jogar. Se o Diniz falar que isso aqui é verde (aponta para chuteira rosa), ele convence. Eu ainda consegui fazer um gol enxergando duas bolas. Eu fiquei com medo da torcida ficar na bronca com o Diniz de não me colocar. Ele é tão louco que iria botar: “tá treinando bem”. E agradeço a eles por ter seguido e ainda conseguido essa despedida.