Torcedor do Fluminense, o músico Rogério Skylab falou sobre a paixão pelo clube em entrevista ao O Dia. Dono de opiniões polêmicas, o cantor elegeu seu time tricolor preferido e afirma que Conca é mais ídolo do que Fred.
Confira a entrevista de Skylab:
Com quantos anos você assistiu à primeira partida no Maracanã?
Bem novinho, com 5 anos. O curioso é que a minha primeira partida de futebol no Maracanã não teve Fluminense. Foi Flamengo x Botafogo. Meu pai era botafoguense e já tramava a minha captura. Eu me lembro desse jogo. Dida era o grande ídolo rubro-negro. Tinha também o Henrique na ponta esquerda. O Botafogo tinha Amarildo, Garrincha, Quarentinha. Fizeram de tudo para me levar para General Severiano. Resisti como um guerreiro tricolor.
No seu programa no Canal Brasil, ”Matador de Passarinho”, você convidou Lula, ex-jogador do Fluminense. Como foi para você entrevistar um grande ídolo do Tricolor?
Fiquei muito emocionado. Porque Lula é que nem Castilho, faz parte da essência tricolor. Fazer parte dessa essência não é pra qualquer um. Jair Marinho, Pinheiro, Altair. O próprio Telê Santana. Tudo isso faz parte da essência tricolor. Alguns chegam mais tarde e se tornam essência: é o caso do Conca. Mas vou te dizer uma coisa e sei que vou estar sendo polêmico: não acho que Fred faça parte dessa essência.
Na música ”Hino Nacional do Skylab” você menciona o Fluminense. Já pensou em fazer uma música exclusiva homenageando o Tricolor?
No Hino Nacional do Skylab eu só cito pessoas e entidades que me são caras: é o caso da minha mãe, da minha tia, da minha mulher e, naturalmente, do Fluminense. Ao mesmo tempo, como tudo que eu faço, em termos de música e poesia, sempre existe uma ambiguidade. Eu diria que persigo essa ambiguidade. A ambiguidade, no meu caso, não é uma insuficiência, é um elogio. Misturado a essas pessoas e entidades fundamentais, tem também aquelas detestáveis: Luiz Inácio (Lula), Tony Blair, George Bush. E misturado a tudo isso, eu mesmo, vagabundo, fiá da p…. Esse tipo de postura na música popular brasileira não existe. Nossos compositores, e aí eu incluo Chico Buarque e Caetano Veloso, são meio tacanhos: egocêntricos demais, intelectuaizinhos demais, sob o beneplácito da nossa imprensa. Meus interlocutores vêm de outras áreas: Nelson Rodrigues, Gerald Thomas, Sérgio Sant’Anna, Machado de Assis, Jorge Luís Borges. Mas fazer música homenageando o Flu não rola.
Qual a equipe do Fluminense que mais lhe marcou nesses anos?
Segunda metade da década de 60: Samarone, Castilho, Altair, Lula, Cafuringa, que me fazia soltar gargalhadas, Denilson, Pinheiro…
Qual a sua partida inesquecível do Fluminense?
Foi a decisão do Campeonato Carioca em 71, quando fomos campeões em cima do timaço do Botafogo. Eu relembrei esse jogo com o Paulo Cézar Caju quando ele esteve no meu programa. Foi um jogo inesquecível. Todos reclamam da falta que o Marco Antônio fez no Ubirajara, mas ninguém lembra que o Lula foi empurrado na área. Foi um pênalti descarado. Foi aí que começou a fama de chorões, que os botafoguenses levam até hoje. O Paulo Cézar Caju nega que jogaram de salto alto, mas jogaram sim. Eu estava lá, bastava o empate. Perderam gols à beça e acharam que podiam decidir quando quisessem. Levaram ferro!
Qual o seu principal ídolo pelo Fluminense?
Pra não citar Castilho, que é covardia, vou citar então o “diabo louro” Samarone.
Como você enxerga o atual momento do Fluminense? Relação do clube com o patrocinador?
Pois é, complicado isso. Até onde o clube de futebol fica prisioneiro de seu patrocinador? Quais são esses limites? E quais as responsabilidade do presidente e da direção de futebol do clube? Por exemplo, na gestão anterior, a saída do Cuca foi uma coisa estranha. Saiu por quê? O Cuca tem uma relação profunda com o Fluminense por motivos óbvios. Outra coisa estranha que eu nunca compreendi: qual é a relação custo/benefício do Fred? Só para lembrar: na época do Muricy, em 2010, o Fluminense foi campeão brasileiro; se o Fred jogou 20% dos jogos foi muito. A maior parte do campeonato ele permaneceu na enfermaria, sendo sustentado a peso de ouro. Mais um exemplo: a saída do Sheik do Fluminense foi outra coisa estranha que eu nunca compreendi; saiu porque estava cantando o hino do Flamengo ou coisa que o valha? Não dá para engolir, não é? Enfim, em todos esses episódios, até que ponto tem o dedo do Celso Barros? Se é ele que realmente determina os rumos do futebol do Fluminense, está errado. O Fluminense é muito maior do que ele e a Unimed juntos. Se a presidência do clube e a direção de futebol foram omissas e tomaram decisões equivocadas, cabe à torcida cobrar e fazer valer a tradição do clube. Por isso que a minha cobrança maior é com a torcida. Nesse caso, a gente tem de aprender com rubro-negros e corintianos.
Acredita que o Fluminense vai brigar por algo a mais no Brasileiro ou só contra o rebaixamento?
A Libertadores não é impossível. Uma coisa é certa: o velho Luxa é muito melhor que o Abel. Dizer que o Fluminense luta contra o rebaixamento é menosprezar a capacidade de reação de um grande clube. É um campeonato difícil e o rendimento do time aumentou. Com a volta do Jean e, quem sabe?, do delicado Fred, talvez possamos nos encostar nos quatro primeiros.
Acha que o possível retorno de Conca vai melhorar muito o rendimento do Flu no próximo ano?
O bom filho à casa torna. Retorna para onde nunca deveria ter saído. Conca faz parte da essência do Flu. Assim como Thiago Neves e Thiago Silva. A gente tem de aprender a valorizar o que é nosso.