Em entrevista ao portal Lancenet, Rafael Sobis revelou seu sentimento com o desgastante calendário a ser enfrentado e também fez suas projeções de metas a serem alcançacas com a camisa do Fluminense. Confira aqui a íntegra:
O que passou pela sua cabeça quando passou mal no sábado, algo que já havia acontecido contra o Goiás, em Macaé?
Sinceramente, senti raiva. Aquilo (passar mal, contra o Goiás, em Macaé) foi algo diferente. Naquele jogo o time estava com um a menos, uma loucura. Mas também há o cansaço das viagens. Sobre isso, sinto raiva porque não podemos fazer nada. Se perdermos, a crítica vem pesadíssima. O torcedor não quer saber, mas respeitamos. E (dá raiva) saber que logo em seguida temos que jogar de novo. Num dia você está 100%, depois cai para 90%, no outro 80%, 70%. Chega um momento que você vai rezando para não se machucar, e ao mesmo tempo tentando render.
Além do sentimento, qual a sensação física?
É um cansaço que não tem limite. Quem não vive o futebol não sabe que jogar na quarta e no sábado uma vez não tem problema, mas quando se joga sempre assim o corpo não aguenta. Mesmo com toda estrutura que o futebol tem, com toda medicação, não tem como. Aí você coloca as viagens… Chegamos de Criciúma às 21h, com mais uma hora de trânsito, cheguei 22h em casa. No outro dia treinamos e concentramos para outro jogo no sábado. O limite está aí, vocês estão vendo. Todos os jogadores estão desgastados, é desumano. Neste caso, perde o clube, porque jogador parado é dinheiro parado. Perde o jogador, que pode estar num bom momento e se machuca. Perde o torcedor e o espetáculo, que cai muito o nível. Não tenho certeza, mas os times que chegarem na final da Copa do Brasil vão jogar 80 jogos no ano.
Como têm sido as conversas entre vocês, jogadores?
Tem gente conversando para abrir os olhos de quem toma as decisões. Não somos máquinas. Há quem não jogue futebol e diz que os jogadores ganham tanto e têm que passar por isso. Não é por aí. Se tivermos um tempo bom de descanso vamos render melhor e o jogo vai ser mais bonito. Vejo VT’s de partidas nossas e penso: ‘Meu Deus, estamos nos arrastando!’. Não é porque não queremos, é porque não conseguimos, não tem como. Tanto que a partir do momento que o juiz apita o fim do jogo, o corpo vai abaixo. Agora é só rezar para não se machucar. Tem o treinador do seu lado rezando, o clube do seu lado rezando… Muitos jogadores que nunca tinham se machucado, estão se lesionando.
Devido à maratona, você já entra em campo com medo de lesão?
Tenho muito medo. Entrei em campo lesionados, não só eu como muitos. Muitos jogadores tomam injeção para sumir a dor e quando passa o efeito, imagina o que acontece. Para dormir, tem gente que fica até seis da manhã em casa olhando para o teto e não consegue dormir ou se recuperar. São coisas nas quais quem faz o calendário não sabe como é. Então é muito difícil.
Acredita que falta um pouco de bom senso a quem faz a tabela?
Resumindo, eles não jogam bola. Garanto que se jogarem uma vez, no dia seguinte vão falar que estão todos quebrados. Imagina nós, que jogamos toda quarta e domingo, pelo menos, e temos de ter resultados positivos? Ninguém quer saber se tomamos injeção, se não dormimos, se temos problema em casa. Temos de entrar e dar o melhor. O que peço é bom senso. Que essas pessoas que fazem o calendário conversassem com o pessoal que joga para procurar saber o quanto é difícil.
Você é a favor do fim dos estaduais para aliviar esta maratona?
Os estaduais fazem com que diminua o tempo de pré-temporada. Agora estão querendo diminuir o tempo de férias também. Acho isso simplesmente um absurdo. Não sei se é certo ter os estaduais ou não… Se tiver que acontecer, vou jogar sabendo da importância da competição. Falo pelo lado do jogador. Se tiver que entrar em campo, vou entrar. Só não sei se vou render o máximo que poderia.
O Atlético-PR pôs time reserva no Estadual e vai bem no Brasileiro. Acha que pode virar exemplo?
Vai ajudar na reflexão se o Atlético tiver sucesso no Campeonato Brasileiro. O futebol tem de evoluir, as coisas têm de evoluir. Não se pode parar no tempo. Essa decisão dos dirigentes do Atlético pegou todos de surpresa. Até mesmo o desempenho no Estadual, no qual foram até a final. no Brasileiro, não sei se irão bem assim até o fim. Mas é uma iniciativa legal e que torço para que dê certo.
No jogo contra o Atlético-PR, deu para sentir a diferença física?
É só pegar o vídeo do jogo e ver quem ditou o ritmo. Fisicamente, o time do Atlético-PR está muito mais inteiro. É só ver os jogos deles.
Falando um pouco de Fluminense, como encara o fato de ser o principal jogador do time nesta temporada?
Trabalhei para isso. Ou melhor, trabalharam em mim isso. Nas categorias de base, fui criado assim, para nunca estar satisfeito, independentemente de estar jogando ou não. Tenho que sempre buscar melhorar, nunca achar que sou tão bom quanto os outros falam quando a fase é boa e também não achar que sou tão ruim quando a fase é ruim. Acho que é isso que faz um jogador ser decisivo.
Quais são suas metas vestindo a camisa do Fluminense?
Minha meta particular é sempre melhorar. Procuro trabalhar ainda mais porque a idade está chegando (Rafael tem 28 anos). Em relação ao Fluminense, o que for bom para o clube vai ser bom para mim também.
Você posta muitas fotos de seus filhos nas redes sociais. Eles já são tricolores?
São alucinados. É um negócio impressionante. Eles falam Fluzão… A coisa que eles mais gostam de fazer é ir para os jogos. Agora saiu a camisa laranja, não tem para vender do tamanho deles. Estão desesperados.
Acredita que já tem a mesma confiança com o Luxemburgo que tinha do Abel Braga?
Sobre a confiança do Abel, acho que o que fica é o fim. Enquanto ele estava aqui, estava como titular, jogando, e estava bem. Foi da mesma maneira com Luxemburgo. Não tem essa de um dar mais confiança do que o outro. Quem busca a confiança do treinador é o jogador. Não tem segredo.
Acredita que o Flu pode se classificar para a Libertadores?
Claro que sim. Pouco a pouco, estamos melhorando. Nestes últimos jogos já conseguimos uma boa pontuação. Temos de continuar assim para ver se no fim do campeonato conseguimos terminar entre os quatro primeiros.
Acha que o chute é seu principal fundamento?
O chute é uma coisa que sempre tive de bom. Treino, sempre tento aperfeiçoar… Mas preciso melhorar. Por isso treino muito.