Se, hoje, os amantes de esporte são conhecidos como torcedores, deve-se, principalmente, às mulheres tricolores. Nas duas primeiras décadas do século 20, o campo da rua Guanabara, sede do Fluminense, recebeu o movimento que originou o termo, existente somente no português empregado no Brasil.
Nas arquibancadas, era comum encontrar pessoas bem-vestidas, dada a sofisticação conferida, na época, ao costume de assistir a partidas de futebol. As mulheres, por exemplo, usavam vestidos longos, sombrinhas, leques e luvas, elemento de destaque no episódio.
Em lances decisivos, as moças recorriam às suas luvas para aliviar o nervosismo. Em razão do calor no Rio de Janeiro, elas retiravam o acessório. Depois, torciam a vestimenta, movimento que chamou a atenção de um ilustre frequentador dos jogos do clube.
Pai dos jogadores Mano e Preguinho, Henrique Coelho Netto, membro da Academia Brasileira de Letras, percebeu a ação. Em seus textos, o intelectual passou a denominar “torcedores” aqueles que acompanhavam o esporte, cuja principal referência, a “torcida”, é inspirada na mulher, a homenageada do dia 8 de março.
“Enquanto eles jogam, elas torcem”, escreveu Coelho Netto, em crônica de jornal, em menção àquelas que ficaram marcadas como “as torcedoras do Fluminense”.