Mandetta faz alerta sobre perigo de apressar a volta das atividades

No meio da grave pandemia do novo coronavírus, há uma forte discussão sobre a volta ou não do futebol no Brasil. Ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta explica que o certo é não retomar as atividades esportivas tão cedo. Demitido recentemente pelo presidente Jair Bolsonaro, Mandetta lista as razões para sua preocupação.

– Quando você quer acelerar a volta, um debate que eu tive com vários empresários, você corre o risco de acelerar, em nome da atividade econômica ou do esporte… Esses argumentos são muito fortes, aí a pessoa cai na tentação de acelerar. Essa aceleração pode levar a um quadro de transmissão desordenada, que leva a cidade ao que chamam de lockdown. Não gosto de palavras inglesas, eu chamo de quarentena – disse à ESPN Brasil – complementando:

 
 
 

– Muita gente está achando que quarentena é aquilo que nós experimentamos nos meses passados. Não! Nós só fizemos a recomendação (do distanciamento social) pelo bom senso, orientação. Mas não paramos ninguém. Quando você determina quarentena ou lockdown, aí é uma coisa muito mais dura. É ficar em casa, sair no máximo para 50 metros da sua casa sob pena de multa ou prisão. É uma coisa impositiva, a força da lei vai lhe colocar dentro de casa. E quando a cidade e os espaços têm de apelar para este tipo de medida, a economia, o futebol, o teatro e a cultura levam muito mais tempo para se recuperar. Basta você ver como está a Itália, que nem pensa em discutir volta de futebol.

Mandetta foi além e falou também dos problemas técnicos enfrentados no país para conter a transmissão e no tratamento a infectados pelo Covid-19.

– O Brasil tem problemas de equipamentos de proteção individual (EPI), respiradores e profissionais de saúde. O que seria razoável seria administrar duas variáveis: velocidade de transmissão, e vulnerabilidade. Melhorando a performance do sistema e controlando ao máximo a transmissibilidade, a gente passaria por esse estresse de maneira um pouco mais lenta. Em dois ou três meses, passaríamos, mas com muito menos perdas – explica.