Marquinho está na torcida pelo retorno de Fred ao Fluminense (Foto: Rafael Moraes - Photocamera)

Jogador com duas passagens pelo Fluminense, Marquinho abriu o jogo em entrevista exclusiva ao NETFLU. No papo, o meia falou sobre o título brasileiro de 2010, a saída polêmica, Fred, Emerson Sheik e muito mais. Confira a íntegra:

O que o Fluminense representa pra você?

 
 
 

— Foi a minha virada de chave na carreira, porque eu fiz a base no Palmeiras, fiz dois jogos só no profissional. Foi um marco muito grande. Eu pude ver até onde poderia chegar a partir do momento que vesti a camisa tricolor.

Como veio o convite para defender o Fluminense na primeira vez?

— Eu estava no Figueirense e tinha possibilidade de ir. Daí o Branco fez contato comigo, porque ele acompanhava o meu trabalho na base do Palmeiras, quando ele trabalhava na CBF. O Celso Barros deu aval e fechei com o Tricolor.

Qual foi o valor que o clube pagou junto a Udinese para tê-lo em sua segunda passagem pelas Laranjeiras?

— Eu não lembro exatamente, porque isso ficou entre os clubes. Eu recebi o contato do clube para voltar pra cá. Como eu estava meio de saco cheio para ficar de fora do país e tinha uma ligação muito forte com o Fluminense, topei voltar.

Quem que te procurou nessa segunda passagem?

— Foi o Mário Bittencourt. Ele era muito parceiro meu. E depois falei com o Jorge Macedo, onde acabamos confirmando a minha volta para o Fluminense.

Se arrepende da segunda vinda para o Fluminense?

— Eu nunca vou me arrepender de poder vestir a camisa do Fluminense. Jamais vou falar algo assim. Eu levo como aprendizado. Muito se foi falado sobre o que acontece dentro do Fluminense nessa minha passagem e muitas delas foram inverdades, como por exemplo ficar fora por lesão. Só tive uma complicada, que foi de ligamento. Tudo estava muito diferente, não só pela saída da Unimed. O clube estava numa transição também de mudança de CT, de parar de brigar para não cair. Em 2017 foi até pior, mas 2016 foi complicado. O afastamento dos jogadores e os torcedores também foi ruim. Quando estávamos nas Laranjeiras, a gente tinha o contato com o torcedor fosse a fase boa ou ruim. Depois com o CT veio o distanciamento.

Importância do CT e saída das Laranjeiras

— Eu acredito muito na privacidade na hora do trabalho. Acho legal se concentrar só naquilo. Um jogador pode se perder no elogio ou na pressão. Cada um age de uma forma. Mas o calor da torcida junto era bom, como ocorria nas Laranjeiras. Para mim não foi ruim ter o CT, porém as Laranjeiras fizeram falta.

Saída do Flu na segunda passagem (demissão pelo telefone)

— Eu poderia ter sido o melhor jogador do mundo, mas o desrespeito foi porque eu tinha uma história do clube, mas tinham que ter respeitado o ser humano. Fomos informados por telefone, foi tudo mal manuseado. Se eles tivessem vindo conversar com a gente antes de terminar o contrato, poderíamos ter feito um acordo. Mas escolheram a pior forma. Lamentável.

Ainda te devem? Você não entrou com uma ação?

— Não entrei com uma ação contra o clube. Esperei até o último momento e fiz um acordo com o Fluminense, devido ao respeito e carinho que sempre tive pela instituição. Só que o acordo não foi cumprido. Só pagaram uma parcela e mais nada. Continuo esperando.

Qual é a imagem que você acha que a torcida tem de você a partir da segunda passagem que teve pelo Tricolor?

— Até eu não fiquei muito contente. Poderia ter sido de uma forma diferente. Tudo poderia ter sido diferente. Gostaria que fosse muito melhor, mas as vezes o futebol é assim.

Gol contra o Coritiba e salvação no Brasileirão de 2009

— Está marcado na memória. A gente tinha um grupo muito bom. Tanto que em 2010 não mudaram muitas peças e a gente foi campeão. Não era possível as coisas darem tanto errado, mas desencadeamos essa história e o chamado Time de Guerreiros, calando a boca até dos matemáticos.

No mesmo ano, o Fluminense foi para a final da Sul-Americana, contra a LDU, mas acabou não conseguindo reverter o placar adverso que teve no Equador. Você lembra do jogo da volta, no Maracanã?

— Foi uma das piores arbitragens que eu peguei na minha vida. Aquele cara foi muito safado. Assaltou a gente no nosso próprio estádio. Eu lembro daquele mundo de gente gritando, pulando, com fumaça. O Cuca chegou e chamou a gente que ficava mais no fundão, eu, Diguinho, Ruy e pediu pra gente fazer um pagode, cantar, fazer barulho e foi aí que a gente bateu de frente com a torcida, teve uma homenagem às nossas famílias. Foi fantástico. A gente entrou no primeiro tempo, já começou 2 a 0, mas depois não revertemos, infelizmente.

Título Brasileiro de 2010 e importância de Muricy

— A gente até achou que depois de tudo o que tivesse acontecido poderia não dar certo. Tanto que não fomos tão bem no Carioca e o Cuca acabou sendo demitido. Daí entrou o Muricy, com uma metodologia diferente. E ele era mais bronco, diferente. Mas sempre manteve a palavra dele. E isso conquistava os jogadores. Quando teve uma desavença com a diretoria, ele contou pra gente e disse o motivo pelo qual sairia.

Bonde do Mengão sem Freio e saída de Sheik

— Acho que foi mais uma desculpa para a saída dele, porque o Sheik sempre foi um pouco fora das regras, mas nada que comprometesse. A gente respeitava o que ele fazia dentro e fora.

Conca jogando todos os jogos

— A gente fala sempre sobre tudo o que aconteceu. E a gente ameaçava ele brincando, que iríamos pegá-lo na porrada (risos) se ele não resolvesse o jogo pra nós. Então, tinha quem desse carrinho por ele, além de todo o cuidado que ele sempre teve, treinando devagar. Foi um grande atleta.

2010 x 2012

— É difícil. Eu convivi mais com o de 2010. Batia muito de frente. Como a gente veio de uma quase queda em 2009, o ano seguinte serviu como redenção. O time de 2012 já era o time a ser batido. O Fluminense ganhou com folga, o que demonstra a qualidade que tinha o time.

O que o torcedor pode esperar do Fluminense nesta temporada?

— É difícil, mas nem é pela questão econômica. Acho que o Flu sempre teve atletas de base de muita qualidade. É histórico já do Fluminense. Até por essa questão econômica, eles acabam sendo vendidos muito cedo. Então, tem muitas joias, mas é preciso ter paciência. Conheço bem o Mário, tem feito um grande trabalho, tentando sanar os problemas do clube. Estão tentando, de todas as formas, resolver tudo isso.

O grande espelho do Fluminense na época em que jogou no clube?

— Tive sorte de jogar com atletas de alto nível, mas igual ao Cavalieri eu nunca vi. A gente veio da base do juntos, no Palmeiras. Ele é fantástico. Joga em alto nível até hoje. Ele nunca se envolve com polêmica, sempre busca alto nível e é reconhecido por ser um goleiro acima da média.

Possibilidade do retorno de Fred

— Ele tem a cara do clube. Ele achava que tinha a cara do Cruzeiro, mas não tinha nada a ver. O Fluminense faz parte dele, tem que voltar logo e acho que isso está bem perto de acontecer.

Mensagem para a torcida tricolor

— Eu só tenho agradecer por todo o carinho. Eu entendo que cada um tem um pensamento. E vai até um conselho de quem está dentro de campo: que as pessoas olhem o que o jogador faz 100%. O quanto o cara corre pelo time, que vista a camisa do clube. Não adianta olhar apenas para rede social. Tem muitos jogadores que são visados de uma maneira não muito boa. Eu sempre gostei muito do Fluminense sempre vou gostar.