(Foto: Lucas Merçon - FFC)

Atacante do Fluminense, Robinho está emprestado ao Água Santa-SP até o fim do Campeonato Paulista e tem futuro incerto após o fim dos Estaduais. Em entrevista exclusiva ao NETFLU, falou sobre sua passagem sem muito brilho pelo Tricolor, criticou algumas decisões do seu ex-treinador no clube, Abel Braga, e ainda comentou sobre a crise financeira que o Flu atravessa. Confira, na íntegra, o bate-papo com o atleta:

NF: Você tem contrato de empréstimo até o final do Campeonato Paulista com o Água Santa. Como está a sua situação neste momento, sobretudo levando-se em consideração a paralisação das competições?

 
 
 

R: Acho que está complicado para todos os jogadores, até mesmo para quem não está emprestado. Esse momento é muito difícil, mas todos têm a consciência que é por um bem maior. Temos que nos prevenir, nos cuidar. O mais importante a se fazer é cuidar de nós, da família. Fico chateado por estar parado, em casa, sem fazer o que amo.

NF: E sua situação contratual com o Água Santa?

R: Então, eu creio que sigo vinculado ao clube, mas imagino que sim, porque ninguém chegou pra nós e falou se vai continuar o Paulista ou não. Estamos esperando a posição da federação, mas até o momento não chegaram numa definição.

NF: Você foi contratado com o peso de substituir do Richarlison, vendido ao futebol inglês na época. O que você acha que faltou para você deslanchar no Fluminense, do jeito que fez no Figueirense?

R: Eu acho que no Fluminense eu não tive a sequência de jogos que eu tive no Figueirense ou no Atibaia. Quando eu joguei no Flu, a maioria do tempo foi com o Abel. Todos sabem que quando eu fui contratado não foi através dele, mas da diretoria e do presidente. E o Abel tinha uma força lá que a torcida gostava mais dele do que do presidente. Então, o Abel fazia o que queria. Não sei se ele não gostava de mim, do meu estilo de jogo, se queria outro atacante. Faltou mesmo sequência. Tive alguns jogos, mas se você for pegar os números eu entrava com 10, 15 minutos de segundo tempo e é difícil mostrar algo assim.

NF: Você acha que a adaptação ao Rio de Janeiro teve alguma influência para se firmar no clube?

R: Acho que não. A cidade não afetou em nada. Eu sempre morei em São Paulo, depois Florianópolis. Eu tive pouca sequência de titular. Acho que não joguei nem cinco jogos como titular. Faltou ter a confiança do treinador, mais ou menos isso.

NF: Isso te desmotivou?

R: Eu sempre fui um cara guerreiro, trabalhador. Sempre trabalhar. Me desmotivar eu acho que não, mas deixa o jogador um pouco para baixo. Teve um momento em 2018 que eu comecei o estadual bem, mesmo assim não tive sequência. Teve uma vez que eu treinei a semana toda de titular e um dia antes do jogo, que eu não lembro qual foi, mas foi na Copa do Brasil, o Abel me colocou no banco sem falar o motivo. Isso te deixa para baixo, é natural. Todo jogador quer jogar. Eu estava treinando, mas não havia um reconhecimento.

NF: Muito se falava que você era escalado fora de posição no Fluminense e que isso afetou o seu estilo de jogo. Você compartilha dessa opinião também?

R: É o que eu penso e sempre falei. Eu jogava no Figueirense aberto também, mas não precisava voltar para marcar lateral. E o Abel exigia que eu voltasse até o final para marcar lateral e a minha característica não é essa. Se eu voltasse pra marcar o lateral, não tinha força para atacar. A minha característica era diferente. O Richarlison conseguia voltar pra marcar e ainda tinha força pra atacar ao mesmo tempo. O meu estilo de jogo só flui do meio pra frente e o Abel não soube diferenciar isso.

NF: Você ainda acredita que possa ser aproveitado pelo Fluminense?

R: Não. Até o momento eu não conversei com o presidente, o treinador. Então, eu estou esperando para ver se vai continuar o Paulista. Só depois disso terei uma resposta. Se for pra ser utilizado no Flu, estarei à disposição e tentarei mostrar o meu potencial. Agradeço ao Flu por ter aberto as portas da Série A pra mim, realizei muitos sonhos através do clube. Eu não guardo mágoas.

NF: Na época da sua contratação, você também era cobiçado pelo Palmeiras. Se arrepende de ter optado pelo Fluminense?

R: Não me arrependo, porque também é um clube grande, da altura do Fla e do Palmeiras, apesar das dificuldades financeiras. O que me deixou chateado foi não ter sequência para mostrar o meu trabalho. Só isso mesmo.

NF: O Fluminense tem um problema crônico nas finanças que se arrasta há muitos anos. Os constantes atrasos salariais atrapalham?

R: Não vou falar que atrapalha, mas também deixa o jogador chateado. Quando entra em campo, você não pensa nisso. Mas a bola pune um pouco. Quando começa uma coisa errada, ela vai terminar errada. Não vou falar que o jogador deixa de correr pelo salário atrasado, mas acredito que afete dentro de campo sim.

NF: O Fluminense arca com os seus salários? Como ficou a divisão com o Água Santa?

R: Não. No ano passado o Fluminense não entrou com nada do meu salário. E nesse ano, aqui no Paulista, o Fluminense paga metade e o Água Santa a outra. A parte que atrasa geralmente é a do Flu, mas faz parte. Nós entendemos a situação do clube, sabemos que está complicado. Espero que as coisas melhorem para o clube porque aí melhorarão pra todo mundo.

NF: Existem propostas de compra pra você ou de ir para outro clube? Como está o mercado pra você?

R: Então, proposta de compra ainda não. Tiveram alguns clubes interessadas na minha situação, saber se eu ainda tinha contrato, mas nada de valores ainda. Mas tenho que ver minha situação no Água Santa, se vai voltar o Paulista. Eu vinha fazendo bons jogos, mas em função da pandemia tem que esperar tudo voltar para ver como será.

NF: Você veio junto com o Richard, que muitos diziam que veio como contrapeso… a dupla acabou não emplacando. Como era a relação de vocês?

R: Jogamos juntos no Atibaia antes de eu ir para o Figueirense. Sempre foi verdadeira. Ele sempre foi um cara batalhador, então fiquei feliz demais com as conquistas dele. Sempre fomos parceiros um do outro.

NF: Você imagina que esse time do Fluminense possa chegar longe em alguma competição nacional nesse ano?

R: Pelo que eu vim acompanhando, o time fez jogos bons, é qualificado. Tem uma mescla boa de jogadores jovens e experientes. Eu acho que tem possibilidade de brigar lá em cima na tabela do Brasileiro, brigar por coisa boa. Se o time ganhar e for bem, todo mundo ganha, inclusive pra nós jogadores que estão emprestados.