Há 40 anos, a torcida do Fluminense entoa nos estádios a música católica “A bênção João de Deus”. Mas não é só para o ex-goleiro João Goulart que ela tem grande valor. Na final do primeiro turno do Campeonato Carioca de 1980, no qual o Tricolor empatou em 1 a 1 com o Vasco e venceu nos pênaltis, o cântico foi entoado pela primeira vez e virou tradição.
Ex-lateral do Flu, Edevaldo, hoje auxiliar técnico na equipe profissional, fez a jogada que terminou no gol de Cláudio Adão no tempo normal e recorda o peso da música vinda das arquibancadas.
– Foi um cântico maravilhoso, que nós precisávamos, principalmente nós que estávamos vindo da base. A maioria da equipe que disputou o Campeonato Carioca (daquele ano) veio da base. Só tinham dois atletas de fora: Cláudio Adão e Gilberto. E alguns poucos que ficavam na reserva. Foi uma música que marcou muito a equipe e o clube. Parecia uma força maior, uma coisa que elevava nosso grupo, uma sensação maravilhosa, de uma magia muito grande. E realmente a gente virava os jogos. Era impressionante. Essa música com certeza marcou. E está marcada até hoje – contou.
À beira do campo como auxiliar, Edevaldo ainda se emociona ouvindo a torcida cantar “A bênção João de Deus”.
– É a mesma sensação de antes. Você fica emocionado, alegre… Impulsiona nosso ego, não só de nós que estamos ali fora, mas dos atletas que estão ali dentro. É realmente muito bacana, uma coisa impressionante que nos pega de surpresa até hoje – falou.
Quem também tem grande carinho pela canção é o ex-meio-de-campo Deley. Campeão brasileiro pelo clube em 1984, ele fala sobre a força que a torcida passa ao time quanto a entoa nas arquibancadas.
— A gente acelerava. Era um negócio muito engraçado. Ela mexia com a gente. Dentro do próprio campo, eu até trocava a letra um pouquinho: “a benção Fluzão (João) de Deus. Tu vens em missão de gols. Sê bem-vindo e abençoa esse povo que te ama (risos) – brincou.