Leandro Euzébio foi bicampeão brasileiro e campeão carioca em sua passagem pelo Fluminense (Foto: Nelson Perez - FFC)

Jogador que fez história com a camisa do Fluminense, Leandro Euzébio concedeu entrevista exclusiva ao NETFLU. O zagueiro, campeão carioca em 2010 e bicampeão brasileiro, em 2010 e 2012, falou sobre a passagem pelo Tricolor, relação com o clube, dupla com Gum e também polêmicas. Confira na íntegra:

Ainda mantém contato com o Fluminense?

 
 
 

— Eu sempre vinha acompanhando os jogos, mas esse ano ainda não fui em nenhum. Desde que o Mário se elegeu eu não vou ao clube, mas porque não tive chance ainda. No ano passado eu fui em uns dez jogos no Maracanã. Tenho alguns amigo lá ainda e não tem como desvincular disso.

Qual é a sua opinião em torno desse momento do futebol, paralisado por conta da pandemia do coronavírus?

— É um problema mundial. É muito triste, fico vendo pela TV as coisas que têm acontecido pelo mundo. Pelo lado do atleta é difícil. E tem muitos jogadores que estão no clube e não ganham um bom trabalho. Daí você faz despesas baseado no que ganha e depois acontece algo desse tipo que põe em risco o salário. É complicado. Muita gente tem muita dificuldade, principalmente dos clubes que pequenos que disputam o Estadual, por exemplo. O salário é situação que deve ser revista para todos.

Qual é a sua opinião a respeito do elenco do Flu nesta temporada?

— Eu venho acompanhando o projeto do Fluminense desde o início. Tem muito bons jogadores, apesar de ser um elenco enxuto. Ainda carece de algumas contratações, mas acredito que o Mário vai em busca de reforços pensando no Brasileiro. Precisa ter um elenco bom dentro e fora de campo para encarar esse tipo de competição. Eu fico feliz que o Fluminense tenha conseguido resgatar alguns jogadores, como por exemplo, o Nenê.

Gum e Leandro Euzébio formaram a melhor dupla de zaga da história do clube?

— Acredito que sim pelo que conseguimos naquela época. Foi um casamento perfeito. A gente tinha uma relação muito boa dentro e fora de campo, o que ajudou bastante. Também nunca teve trairagem entre mim, ele, Márcio Rosário, Digão, Elivelton… essa galera que defendia o Fluminense naquela época se respeitava demais.

Leandro Euzébio fez grande dupla com Gum no Fluminense (Foto: Nelson Perez – FFC)

Qual é a sua opinião sobre o sistema defensivo atual do Fluminense?

— É difícil avaliar ainda, porque o entrosamento demora um pouco. Acredito que o professor tem que achar uma formação para este setor. Eu gostei muito da forma do Lucas Claro jogando, acredito que possa ser titular pelo que ele fez nas partidas em que entrou. Mas o Fluminense tem bons jogadores como Digão, Matheus Ferraz e o Nino.

Qual é a Importância de Nenê e Ganso para o elenco?

— O Nenê por exemplo é um espelho. Imagino que converse muito com os jogadores da base, assim como o Ganso, apesar de não estar jogando tanto. Acredito que eles têm um peso fundamental para essa galera que precisa de referência. Isso motiva o atleta. Na minha época, eu fiquei maravilhado quando sabia que o Deco iria jogar comigo. Você vê o ídolo treinando, se dedicando e quer imitar. Esses serão fundamentais para o elenco.

Possibilidade do retorno do Fred

— Enxergo com bons olhos. Ainda está uma novela, mas acredito 100% que o Fred esteja assinado com o Fluminense, pelo histórico que conheço dele e do Mário. Mas o Mário não pode apresentar ou anunciar o Fred ainda por conta dessa história com o Cruzeiro. Vai ser um bom reforço, mas sempre falo para os meus amigos que o Flu tem que buscar mais contratações além do Fred.

Euzébio acredita que Fred voltará ao Fluminense, mas quer mais contratações (Foto: Dhavid Normando – Photocamera)

Abel e Muricy

— Acho que não tinha muita diferença. Ambos sempre foram muito transparentes. Eles mandavam a real e era ótimo pra gente. Foram dos melhores treinadores do Brasil pelo que conquistaram. Estão no topo para mim e o que ficou foi sempre a saudade.

Uma vez, em podcast que gravamos para o NETFLU, você me disse que tinham atletas que dormiam com o pijama do Flamengo na concentração do Flu. E que também acreditava que o Sheik não havia sido preterido por conta da música Bonde do Mengão Sem Freio. Você mantém o que disse?

— Às vezes as pessoas entendem pelo outro lado. O ser humano é terrível às vezes. No dia da confusão do ônibus, eu não estava no episódio do Sheik. Tenho certeza que o problema não foi esse, foi outra coisa. Senão, teria acontecido com outros atletas. Agora sobre a outra coisa, tinham atletas que jogavam pôquer na concentração e depois falavam que ia dormir com o pijama do Fla. Talvez fosse brincadeira na época, mas isso não deu nada pra ninguém por exemplo.

Maior saudade da época em que defendia o Fluminense

— Saudade de tudo. Ontem eu estava pela Barra da Tijuca, passei perto do CT e veio um pensamento na cabeça, lembrei de tudo. O que o Fluminense me proporcionou foi fantástico e eu nunca vou tirar da minha cabeça. Foram dois títulos brasileiros e isso é muito difícil. Se o Fluminense tivesse feito força em 2011 também teria ganhado o título brasileiro. Fica uma saudade muito grande. Penso em algum dia estar lá dentro do Fluminense ajudando o clube de alguma forma.

Pensa em ser treinador?

— Penso sim. Fiz um curso em São Paulo em 2016 e quero fazer o da CBF no final do ano. Se o Fluminense abrir as portas pra mim, ficarei muito grato. O carinho que eu tenho pelo Flu, todo mundo que me segue no Instagram sabe. Se o Mário um dia abrir as portas, eu serei o homem mais feliz do mundo.

Saída do Fluminense: ficou mágoa?

— Acredito que muitas saídas não foram legais como a minha, do Gum, do Fred. Faltou um certo respeito por parte de algumas pessoas. Falaram coisas pra mim absurdas e eu disse que era pra fazerem o que quisessem fazer. Eu dei minha vida pelo clube e chega uma pessoa e te faz uma ameaça? Isso não é legal. Até falo com essa pessoa quando a encontro em algum evento do Flu e não guardo mágoa nenhuma.

Relação com Peter Siemsen

— O grupo tinha uma relação boa. Ele sempre se apresentava nas reuniões que a gente marcava. Mas o maior acesso que a gente tinha era com o Rodrigo Caetano, que era diretor. Era excelente pessoa. Mas o Peter não foi nenhum problema.

Celso Barros

— Esse aí é um paizão. Foi um grande cara para todos os jogadores. Todo mundo que for contar sua história não vai deixar de citar o nome dele. Procurava saber como estava o jogador no dia-a-dia, dialogava, tentava ajudar. Se você pegar todos que passaram por lá, acho que nenhum vai falar mal dele. Foi um excelente ser humano para o clube. Acho que isso que aconteceu entre ele e o Mário agora é passageiro.

O Fluminense pagou tudo que te devia?

— Sim, sim. Fizeram um acordo comigo. Quando não tinham condições de me pagar num mês, me avisavam. E eu falei para ficarem tranquilos, porque eu esperaria até que me pagassem, sem colocar na Justiça. Então, depois quando caiu dinheiro no clube eles me repassaram o que me deviam. Mesmo fora do prazo.

É possível beliscar algum título na temporada?

— Olha, requer contratações. Imagino que a comissão técnica tenha isso em mente. Com toda a sinceridade, acredito que a gente não tenha condições de conquistar títulos, mas nada é impossível no futebol. O problema é que tem muitas equipes muito fortes, de alto nível. O Fluminense precisa contratar uns seis jogadores para poder fazer um bom campeonato.

Qual foi o melhor Fluminense? O de 2010 ou de 2012?

— Tem que fazer uma enquete para saber (risos). Mas acredito que os dois. Eram timaços. Tínhamos dois elencos espetaculares.

Leandro Euzébio fez parte de grandes elencos do Fluminense (Foto: Dhavid Normando – Photocamera)

Qual foi o jogador que você mais admirou enquanto defendia as cores do Flu?

— Vou citar o Deco. Ele era fora de série. Ele treinava muito, se dedicava o tempo todo. Ele já tinha ganhado tudo e se doava completamente nos treinos. Muitos corriam por ele, porque viam a dedicação do cara. O tempo inteiro ele trabalhava, dentro e fora de campo. Extraordinário.

Mensagem para a torcida do Fluminense

— É importante acreditar sempre no trabalho, no professor. Acho que o Flu vai se reforçar, até porque precisa. E quando isso tudo acabar de paralisação, que voltem aos estádios, lotem e apoiem o time. É importante ter paciência nesse momento, mas vamos conseguir elevar o Flu para o lugar onde ele merece sempre estar. Pelos anos que passei no Fluminense, sei da capacidade dos nossos torcedores.