Você é um atleta. Um ginasta se posiciona para segurar as argolas; um corredor curva-se à espera do tiro de largada para ser o mais veloz possível. Milésimos decidirão. Um erro técnico e acabou.
O atleta de futebol comete erros e mais erros técnicos, tem 90 minutos para acertar um, dois lances, só treina isso na vida há mais de 5 anos, não aprende, erra centenas para acertar uma.
O meio do futebol só quer tirar selfies e viver cercado por bajuladores.
O técnicos, bem, esses querem ser tratados com o respeito e a admiração, imunizados quando perdem, vangloriados quando vencem.
Devemos tratá-los como “mister”, “manager”, notáveis enxadristas, mesmo que eles tenham perdido 99,9% das competições que disputaram.
Nova ou a geração mais experiente de muitos que sequer consegue montar times coesos que pratiquem um bom futebol.
Futebol bom não é pôr Yago Felipe para executar as funções técnicas de um camisa 10 (criação com passe vertical, passe de primeira, finalização, outro tipo de deslocamento e giro de corpo, não podendo ser só linear, “box to box” como um volante só sabe fazer) e ficar imune à crítica porque, ÓBVIO, Yago Felipe não vai executar o que ele pediu.
Um torcedor não é obrigado a saber disso. Um profissional do futebol, é.
Você não tira Miguel e deixa Henrique e Hudson – os insubstituíveis – quando o jogo dá mais espaços (20 minutos finais), melhor momento para Miguel criar.
E ai de mim se eu criticar o fato de Digão barrar Matheus Ferraz. O clube emprestar de graça o Mascarenhas para o Vitória de Guimarães para ficar com Orinho.
Escalar Luccas Claro – bom zagueiro – para ele cobrir o “cracaço” Gilberto que é imprescindível no ataque, virando homem do último passe do elenco, é torturador. Gilberto, tecnicamente, beira a bizarrice.
Não é mais possível bater continência para “Manos” e “Felipões”: como você prefere atacar com Gilberto do que com Miguel?
Essa escolha é a causa de se escalar 3 volantes e manter 2 em campo. Isso, precisando fazer resultado.
Um torcedor comum não precisa saber disso mas um profissional do futebol é obrigado.
Aí, sou corneteira.
Corneteira é quem critica para desestabilizar, atrapalhar, prejudicar, tirar proveito pessoal e desqualificar o outro.
Eu não sou corneteira. O Fluminense nunca trouxe à mim um centavo nem privilégios. Nem quero isso dele. Mas exijo a prática de um futebol digno e sem covardia tática.
Irei errar – já achei que Ganso e Nenê podiam jogar juntos. Estava errada. Não podem. Revi isso. Ganso pensa e toca rápido demais para Nenê acompanhar. Não dá.
Mas uma coisa é óbvia: abrir mão deles para atuar com Henrique e Yago Felipe é esculacho.
Sim, irei criticar pesado e me recuso esperar perder para Boa Vista e empatar com o Union de Calera para apontar os equívocos que vinham sendo cometidos.
Critico quando há tempo para consertos. Criticar depois que a vaca atolar no brejo, para mim, é fácil e oportunista.
Odair Hellmann deixou vários indícios de que aprecia a segurança que os volantes dão. Não há problema nisso.
A questão é o volante que ele usa e quem fica no banco com mais qualidade num país em que o futebol está fraquíssimo.
Odair – e todos nós – gosta de intensidade. Henrique e Hudson juntos dão intensidade? Até Nenê carregando a bola dá mais ritmo que a dupla de volantes.
Jogador lento para dar intensidade tem que ter um passe de primeira, ágil, pensar rápido. Só Ganso de lento consegue isso.
Um 10 tem que ter um domínio, giro, passe vertical do Marcos Paulo. Um tapa frontal do Miguel.
Um torcedor pode preferir Henrique, Hudson e Yago juntos, um profissional do futebol que quer montar um time equilibrado, seguro e intenso, não.
Por isso, prof. Odair, fim do rodízio. Fim da pré-temporada do Paulo Henrique Ganso. Fim dos 3 volantes.
Muito cômodo depois reclamar da lentidão do time. Esperava o que escalando um meio-campo lento?
Um torcedor comum pode não enxergar isso mas um profissional tem obrigação.
Quando Nenê fala que achou “interessante” o rodízio ao invés do time chegar com uma espinha dorsal mais entrosada na estreia da Sula, foi diplomático.
Até entenderia o Odair. Se tivéssemos mais tempo para uma pré-temporada, pudéssemos jogar torneios, antes dos jogos oficiais.
Não é futebol europeu. Não dá, prof. Odair, para tirar uma onda de Jurgen Klopp. É bonitinho para as resenhas esportivas da TV. Para quem é profissional, no Brasil, não.
Já sabia que dia 4 de fevereiro estreiaríamos na Sula. Tudo bem, passou. O “surto” de lesões também não foram bem explicados e Odair não é preparador físico.
Os jovens e titularíssimos Marcos Paulo e Evanílson sofreram lesões musculares e passaram semanas para se recuperarem? Que isso?!
Passou. Agora é se preparar para as decisões na Sula, Carioca e Copa do Brasil.
Acabou a brincadeira. Pelo o que me passa, o técnico tricolor é sério e perceberá que não cola discurso europeu com nosso calendário.
Sem desculpismos, é hora de mostrar qual é a sua escalação titular. Hora de formar um time.
Se Ganso é banco para que Henrique e Yago Felipe joguem, assuma. Mas o camisa 10 tem que ser selecionado para os jogos.
É intrigante ver Felippe Cardoso, Lucas Barcelos, Pablo Dyego, Gilberto, Orinho, Dodi ou 95% do elenco sem saberem executar minimamente a parte técnica que o esporte que praticam os obriga.
Todo esporte obriga seu atleta a saber o mínimo de técnica. Exceto, ultimamente, o futebol. Minimamente.
Mas, vamos lá, criamos musiquinhas e tiramos selfies. O ambiente está alegre. Nenê virou ídolo. “O Fred vai te pegar!” voltou a ecoar. O presidente pula, abraça e se diverte no vestiário com o grupo.
Mês de jogos eliminatórios de 3 competições que se deve disputar com ambição de um Fluminense já estouram bombas de efeito moral sobre nós no empate da última terça.
Por isso, deixo um lembrete: não existe milagre que faça rodar, encaixar, dar liga, dar certo time nenhum que atue com 3 volantes como os insubstituíveis do Odair:
o 1°, em fim de carreira (Henrique);
o 2°, bom mas lento (Hudson);
o 3°, nem bom nem lento, mero corredor (Yago).
Três volantes que não protegem a zaga nem criam. Três volantes que carregam a bola em linha reta.
Três volantes que só executam passes auxiliares para “o sensacional foguete” Roberto Carlos da direita (Gilberto), a categoria e habilidade do Marcelo da Gávea, (Egídio) ou para o Nenê que, aos 38 anos, mal consegue bater um escanteio ou uma falta aérea que não seja à meia altura e passe do 1° pau.
Serão eles os responsáveis pelo último passe na área para Fred, aos 36 anos, decidir os jogos?
Você pode ter até 2 volantes de contenção com Hudson com Yuri (ou Yago), pode ter Ganso com Fred, mas entre eles, Miguel com Marcos Paulo e Evanílson rodando para dar opção.
Três volantes com Nenê e Fred, jamais! Escalação que só uma panela cria. Panela que explica Matheus Ferraz sentado no banco e Digão, em campo. Panela que explica Miguel ser substituído e Henrique ficar em campo.
Escale com encaixe e sem panela, Odair. Escale sem 3 volantes e um meia que pense e faça a bola correr ágil. Se escalar três volantes com Nenê e Fred, CHANCE ZERO de encaixe e que dê certo.
Premonição? Cornetagem? “Profeta do apocalipse”? De forma alguma. Apenas e tão somente o futebol como ele é. Reclame com a ciência futebolística ou troque de esporte.
ST.