Foto: Lucas Merçon/FFC

Fala, pessoal, hoje o post é grande e vou dividir em tópicos para facilitar a leitura.

FLUMINENSE X ATHLETICO

 
 
 

Antes de começar a falar do jogo, é necessário pontuar e lembrar contra quem jogamos.

O Fluminense enfrentou um dos melhores times desse país, campeão da Copa do Brasil, campeão da Copa Sul-Americana de 2018, que tem um excelente treinador com um trabalho de longo prazo e um modelo de jogo já instituído.

E, quando eu disse, enfrentou, é porque enfrentou mesmo, num jogo igual, de muita disputa e com dois times que tentaram a todo momento ter a bola e o controle do jogo.

No site do Footstats, uma das ferramentas mais legais que eles disponibilizam é a posse de bola de cada time a cada 5 minutos.

E, olhando ali a gente vê nitidamente como foi o jogo.

O Fluminense nos primeiros 5 minutos teve mais de 70% de posse de bola, dominou completamente a partida e fez o seu gol.

Depois disso, o ótimo time do Athletico veio pra cima, adiantou a marcação e virou essa posse de bola pro lado de lá.

Após o empate, o Fluminense volta pro segundo tempo e passa de novo a ter mais a bola, numa luta muito grande pelo controle do jogo.

E o Fluminense jogava melhor que o Athletico quando o Marcão mexe na estrutura do time, tirando o Daniel e o Nenê.

Ah, Dedé, mas o que você faria ali?

Naquela hora, naquele momento do jogo em que o Flu dominava? Eu não faria nada. Mexeu cedo demais e o Flu passou a jogar pior, por dois motivos:

O Orinho joga menos que o Caio na lateral esquerda. E o Caio não faz a função do Daniel no meio.

Quando o Caio vai pro meio, Marcão adianta o Ganso pra jogar dentro das linhas de marcação do Athletico. E ali o Ganso some. Não sabe jogar de costas, girar, não é veloz e nem um grande finalizador.

Marcão perde o passe qualificado no meio, perde o Caio na lateral, perde o Daniel que consegue buscar aquela bola e fazer o time jogar, perde esse entrosamento (Allan, Ganso, Daniel) e não ganha quase nada.

Wellington Nem não é sombra do jogador que foi em 2012, não leva vantagem nas disputas individuais (e ontem teve várias chances), não finaliza, não vem jogando bem. Entrou em muitos jogos, foi titular contra o Bahia e até aqui não fez 1 gol e nem deu 1 passe pra gol.

Mas a entrada do Nem dá pra entender. Marcão quis ganhar o jogo. E não pode ser criticado por isso.

O que não dá pra entender é a entrada, aliás a contratação, do Orinho. Orinho errou tudo. Errou na marcação no segundo gol, errou passes, bateu faltas na mão do goleiro e quase entrega o terceiro. Não tem, ainda, condições de jogar no Fluminense.

De qualquer forma vejam como é o futebol. Sábado, contra o Bahia, o Fluminense teve 3 chances reais de gol e o Bahia teve 9: Flu 2 x 0.

Ontem, o Fluminense teve 5 chances de gol:

– O gol

– Carrinho do Ganso no meio, que joga no Nenê, que dá no Caio que chuta pra fora de uma ótima posição.

– Cruzamento da esquerda, toque do Ganso pro João Pedro que demora pra chutar na pequena área.

– Cabeçada do João que Ganso quase consegue alcançar com o bico da chuteira.

– Cruzamento do Gilberto e cabeçada do Nem que passa perto.

O Athletico teve 6 chances claras de gol. Porém tem mais qualidade e venceu o jogo.

Jogo que foi todo equilibrado e que se não houve destaques individuais no Flu, também não houve do lado de lá, exceto o Madson que fez 2 gols. Bruno Guimarães e Rony tiveram atuação discreta, assim como todos os outros atletas que estiveram em campo, o que mostra o quão disputada foi a partida.

Os números do jogo revelam esse equilíbrio.

Posse de bola: Flu 53% – Athletico 47%

Finalização: Flu 12 – Athletico 13

Chances reais: Flu 5 – Athletico 6

Passes certos: Flu 379 – Athletico 369

Lançamentos Flu 33 – Athletico 28

Uma bola aérea no primeiro pau definiu o jogo, mas o que fica do jogo de ontem é: Com essa competitividade e o nível e jogo que o Flu mostrou ontem, não cai.

As vaias, pro time e pra alguns atletas, ontem, me pareceram injustas. O time lutou, brigou e fez frente a um time (melhor que o do Fluminense) que há pouco tempo atrás eliminou o “quase imbatível” Flamengo aqui dentro, o que não é pouca coisa.

GANSO

Qual a expectativa que vocês tinham quando o Ganso foi contratado?

Vocês sabem onde o Ganso estava jogando?

Amigos, o Ganso tem 30 anos. Duas operações no joelho. Ganso estava jogando na segunda divisão do futebol francês.

Quando contratado, eu achei uma ótima, e continuo achando.

Não, o Ganso não fará muitos gols, o Ganso também não dará muitos passes pra gol, o Ganso também não vai carregar a bola, driblar três, quatro marcadores.

Se o Ganso fizesse tudo isso, com a inteligência e o refinamento que tem pra jogar futebol, ele não estaria no falido Fluminense.

Eu esperava do Ganso um toque de categoria no meio campo, um líder dentro de campo, alguém que conhece o jogo, esperava passes que acham companheiros em boa posição, esperava também dedicação e comprometimento, tudo isso, pra mim, ele entrega. Até carrinho o cara tá dando.

Ah ele é lento! É, sempre foi. E o futebol é apaixonante por isso, o lento, o baixo, o alto, o mediano, o rápido, o desengonçado, todos podem jogar e até se destacar.

Ganso não poderia praticar atletismo. Mas futebol? Tem de sobra.

O torcedor que acha que o Ganso é o problema, é o mesmo que achava há 6 meses que o Luciano também era, é o mesmo que reclamava da burrice do Everaldo e até que vaiava o Fred. Todos, em algum momento, referências no grupo, no time.

O torcedor do Fluminense precisa ser mais inteligente e parar de virar papagaio de programa esportivo que não assiste quase nenhum jogo do clube (ou vocês acham que eles trocam os jogos dos preferidos pelos do Flu?) só olham os melhores momentos e os números do jogo do Flu para “analisá-lo”.

Não acho que Ganso é craque, intocável, acho que pode sair, acho que pode ficar fora em um ou outro jogo em que a estratégia for bem específica para a partida, mas no geral, nesse elenco, nesse Fluminense é titular absoluto.

E tudo isso vale para o Nenê. Contratação que eu não faria, mas que vem jogando um futebol melhor do que eu esperava, principalmente em relação À sua condição física, uma vez que nunca foi um jogador cerebral.

Nenê também vem contribuindo de forma positiva para a recuperação do Fluminense.

GANSO E NENÊ JUNTOS

As pessoas que acompanham futebol adoram rótulos e verdades absolutas. A nova é: Nenê e Ganso não podem jogar juntos.

Em primeiro lugar que, de novo, no futebol se pode tudo. Se você entende que dois jogadores são importantes, arma seu time pra que eles caibam juntos. É o que Marcão está tentando fazer. Coloca os dois e cria compensações, no caso, João Pedro (outra vaia imbecil) vem fazendo um papel muito importante na recomposição e Yony também, apesar da falha no gol do Madson ontem.

Em segundo os números que atestam exatamente o inverso:

O Fluminense possui 37,2% de aproveitamento dos pontos no campeonato.

Com Nenê e Ganso juntos no time esse percentual sobe para 48,1%, percentual que hoje garante a sula e sonha com libertadores.

Mais uma vez, nada justifica essa bobagem.

FLA-FLU

O Flamengo vem enfileirando adversários no Campeonato Brasileiro. Será o campeão com muitas rodadas de antecedência e fará, a não ser por um acidente (já massacrou o Grêmio no primeiro jogo), a final da libertadores.

O Flamengo tem a chance de conseguir Brasileiro e Libertadores no mesmo ano, algo inédito na história.

É um grande time e com um grande treinador.

E como conseguir pontuar contra esses caras?

É muito difícil. Em todos os aspectos: técnico, físico, psicológico o Flamengo hoje está na frente do Fluminense. É amplo favorito.

Mas tem um jogo decisivo durante a semana e esse pode ser um fator importante.

O Fluminense precisa sobreviver ao primeiro tempo. O primeiro tempo dos caras é muito forte.

A marcação é lá em cima, eles ganham os duelos no meio com Arão e com o Gerson e fazem o jogo acontecer praticamente no campo defensivo do adversário.

O Fortaleza teve algum sucesso na estratégia alongando muita bola, sem tentar sair tocando, mudando completamente o padrão Rogério Ceni.

Era o que eu apostaria. Bolas longas, segunda bola, muitos duelos físicos, intensidade total. Um primeiro tempo pra brigar.

Com a bola, se der, um ou dois toques e bola longa aproveitando que a defesa deles joga quase no meio campo.

Especificamente pra esse jogo eu escalaria o Yuri, e muitos momentos o Fluminense vai precisar defender com linha de 5, uma vez que os cruzamentos sempre buscam o Bruno Henrique no segundo pau, o Gabriel, no centro, com Arão chegando.

Escanteio perigoso é no primeiro pau, pro Arão ou pro Pablo Marí, exatamente como o Flu levou o gol ontem.

Os dois meio campistas também buscam os lados do campo pra triangular. Muitas vezes Gerson e Arão serão vistos se juntando aos laterais e a Vitinho e Everton Ribeiro (depende do lado) pra criar superioridade numérica.

Se o Fluminense tentar sair tocando, no chão, vai sofrer, principalmente no primeiro tempo quando a intensidade é maior.

No segundo ela diminui e aí o cuidado é com as referências técnicas deles, que são muitas.

Muriel, Gilberto, Nino, Digão, Caio. Yuri, Allan, Daniel, Nenê ou Ganso ( Nenê melhor nos duelos, na força, na chamada de falta pra segurar o jogo e Ganso no passe que pode deixar os caras em boa condição e na tomada de decisão com pouco espaço), Yony e João.

Espelha o 4-4-2 deles, que vira 2-4-4 quando eles tem a bola. Com Yuri, dá pra fazer a linha de 5 na defesa pra ter cobertura nos lados do campo (o Athletico fez isso, só que com três zagueiros) e, com a bola, sair em toque rápido, resolver logo o lance e recompor.

Principalmente no primeiro tempo, o Flu não deve conseguir impor o modelo com o toque que caracteriza esse meio campo. Se resistir, tem jogo no segundo.

Derrotas nesses dois jogos, Athletico e Flamengo, não podem ser motivo de crise.

Infelizmente, essa é a situação que deixaram o Fluminense.

A realidade do clube, depois de quase 9 anos de Flusócio, é essa: 1 ponto domingo é pra comemorar, 3 é título!