Oswaldo de Oliveira não deve fazer grandes mudanças no Fluminense (Foto: Mailson Santana - FFC)

É muito difícil para o torcedor tricolor, após o jogo de ontem, assistir aos programas esportivos das tvs fechadas que, quase nunca, refletem de maneira fidedigna a realidade do Fluminense.

Praticamente todo mundo que se dispôs a analisar o ocorrido ontem tratou dessa forma o caso Ganso- Oswaldo:

 
 
 

Ganso, puto com a substituição e sabendo da frágil situação do treinador, é substituído, xinga o cara na frente da torcida e o óbvio acontece: Toda a torcida fica ao lado de Ganso”.

O problema e o erro de praticamente todas essas análises foi tratar esse fato como algo isolado.

Ainda bem que a nossa torcida é informada o bastante pra perceber o que houve e ficar ao lado do jogador que vinha sendo sacaneado pelo treinador desde que chegou.

E aqui vamos aos fatos.

Ganso, assim como a maioria dos jogadores, não queria a demissão do Fernando Diniz.

Ganso chegou a criticar publicamente a troca de comando.

Oswaldo chega. Respaldado por nada e por ninguém. Chega porque foi o nome possível num momento de troca de comando açodada antes das quartas de final de uma competição em que o antigo treinador tinha um ótimo aproveitamento de pontos.

Oswaldo já chega esvaziado. E sabia disso. O que faz Oswaldo?

Buscando o respaldo de alguma liderança do grupo, começa a escalar jogadores mais experientes que vinham tendo pouco espaço com Diniz. Casos específicos de Nenê, Gilberto, Airton e Wellington Nem, principalmente os dois primeiros.

Gilberto e, principalmente Nenê, passam a ser titulares única e exclusivamente por isso. Não há performance anterior que justifique, não há atuações que os credenciem, não há números ou scouts que indiquem a escalação dos dois, nada, há apenas a tentativa do Oswaldo de ser aceito por uma parte do grupo que tinha menos oportunidades anteriormente.

Aqui é o primeiro desserviço ao Fluminense.

Pra acomodar sai uma escalação tosca atrás da outra. Envelhece o time, perde competitividade, o time para de agredir e joga por uma bola, um sopro da sorte (que até ocorreu nos 7 pontos que ele conquistou).

Oswaldo também vai pra dentro do Ganso, numa clara tentativa de queimar o jogador junto à torcida.

Ganso é substituído por João Pedro no jogo 1 contra o Corinthians.

Ganso é substituído por Pablo Dyego no jogo 2 contra o Corinthians.

Esses pela Sul-Americana. O Fluminense cai jogando pessimamente numa competição com boas chances de título.

No Brasileiro, Ganso é substituído pelo Caio contra o Avaí (fico pensando o motivo dessa substituição tendo que ganhar esse jogo), Caio faz o pênalti da derrota.

Ganso é substituído também contra o Palmeiras pra entrada do Dodi.

Ganso é sacado de novo contra o Corinthians pro Pablo Dyego. Aqui uma curiosidade. Ganso fazia bom jogo, Nenê não aguentava mais ajudar a fechar o lado direito da nossa defesa. Oswaldo saca o Ganso e troca o Nenê de posição. Um acinte.

Ganso sai pra entrar o Daniel ontem, de novo fazendo um bom jogo.

Até ontem, o Nenê havia jogado os 90 minutos todos os jogos sob o comando do Oswaldo.

Nenê que não acertou um chute, que não acertou uma bola parada, que já entregou dois gols (Atlético-MG e Goiás) com passe errado, que joga perto da área mas não tem velocidade, agilidade e força e que vem sendo desarmado facilmente por adversários jovens porque com 38 anos tem dificuldade pra jogar.

Ganso não é burro. Sendo queimado, sofrendo esse tipo de crocodilagem do treinador, sabendo que ele estava na corda bamba, foi pro nocaute e Oswaldo caiu.

Aliás, caiu não, Oswaldo já chegou com os dias contados, assim como toda contratação de treinador que não é feita com planejamento e profissionalismo.

Tudo isso aconteceu debaixo do nariz de Mário, Celso, Angioni e Marcão. Ou seja, não há ninguém ali pra identificar esse tipo de problema no vestiário e interceder. Não há ninguém ali pra impor limites a escolhas absurdas do treinador. Não há ninguém ali pra proteger um boicote pensado do treinador a um jogador que tem um longo contrato com o Fluminense e que é tecnicamente muito acima da média dos demais.

Oswaldo não deixa nada além dos 7 pontos conseguidos na tal subjetividade do futebol.

Uma vitória no último minuto contra o Fortaleza, num jogo que Muriel fez milagres.

Uma vitória num frango do Cássio contra o Corinthians.

Um empate ontem, de novo com o Muriel fazendo milagre com, pelo menos, 3 defesas com o adversário cara a cara. E com um gol contra espírita a favor do Flu.

E agora o próximo treinador terá mais trabalho. Não será mais questão de adaptar coisas que funcionavam do trabalho anterior. Nada funcionou com o Oswaldo, nada.

É trabalho de recomeço, com o Flu numa situação muito complicada.

E, quem quer que chegue, precisa de coragem pra barrar ou aproveitar melhor os jogadores experientes.

Digão não pode ser titular absoluto. Está pesado, lento, sem recuperação e tecnicamente sempre foi muito fraco.

Gilberto a mesma coisa. Com 10 minutos de jogo, o Nino já havia feito duas coberturas cortando a bola do pé do Soteldo e, no gol, quando ocorreu o inverso perde a dividida porque foi com pé mole.

Muitas vezes a gente acha que tudo é responsabilidade do treinador, mas ontem o Santos jogava com 3 zagueiros, 2 meio campistas, 2 alas, Sasha por dentro e Soteldo pela esquerda. Sempre havia 2 jogadores na esquerda. E o Gilberto subindo e deixando o Nino na merda toda hora. Um mínimo de leitura de jogo é necessária pra jogar futebol. Não dá mais pra ser titular indiscutível.

O mesmo vale pro Nenê. Quase 40 anos e jogando todas o tempo todo. Pode ser útil num jogo que o Ganso fique fora, pode ser útil entrando com funções específicas ao longo do jogo, mas titular absoluto não dá mais, não há motivo pra deixar jogadores que podem evoluir como Marcos Paulo e Daniel com tão poucos minutos.

A solução pra saída da situação está em rejuvenescer esse time com o Ganso no comando. É o óbvio, foi quando o Flu teve seus melhores jogos.

Que na escolha do próximo treinador isso já fique claro e que essa escolha, dessa vez, seja por um trabalho de longo prazo, com tempo pro cara implementar seu modelo, que deve ser um que o Fluminense seja protagonista dos jogos. Acho que não devemos abrir mão disso.

Meus nomes preferidos: Rogério Ceni e Thiago Larghi.  Contrato até o fim de 2020, independentemente do que acontecer este ano.

Desde o pós jogo contra o CSA, Mário e Celso vão muito mal. A hora de acertar é agora. É isso ou vala.

Tabelinha

– Sobre jogadores experientes e sua função que também pode ser importante extracampo: é necessário que depois de uma certa idade o jogador entenda que a perda de performance é algo natural. Vou usar um exemplo que deu certo no Flu porque o jogador entendeu isso: Deco.

Chegou no meio de 2010 muito mal fisicamente. Não conseguia jogar. Se machucou e voltou mal de novo. O auge dessa situação foi no jogo que quase custou o título ao Flu (1 a 1 com o Goiás no Engenhão) em que foi substituído no intervalo pelo Diguinho e o Flu empatou e quase virou o jogo. Deco não reclamou, entendeu e ajudou o Flu de outra forma (um ambiente formado por gente vitoriosa ajuda demais).

Em 2011 e 2012, se condicionou melhor e conseguiu fazer alguns grandes jogos com nossa camisa. Ainda ficava muito fora, mas quando jogava sempre ia muito bem. Ajudou demais em campo e fora dele porque o corpo já dava sinais de que a carreira estava no fim. Sem esse entendimento, contratações de jogadores mais velhos, que chegam querendo jogar todas, é fracasso certo.

Nenê pode e deve ser melhor aproveitado. E alguém precisa fazê-lo entender isso, o que só é possível num ambiente de profissionalismo e sem compadrios e gestor amiguinho de jogador.

– Marcão domingo. Será que vai ter a coragem de fazer a coisa certa ou não vai querer se indispor com os mais experientes?