Eduardo Baptista teve uma curta passagem pelo Fluminense entre 2015 e 2016, mas com história para contar. No Tricolor, o técnico teve a oportunidade de trabalhar com Fred e Ronaldinho Gaúcho, além de ter chegado às semifinais da Copa do Brasil, quando acabou sendo eliminado pelo Palmeiras.
Em entrevista exclusiva ao NETFLU, o ex-treinador do Time de Guerreiros falou sobre seus momentos no Tricolor e analisou a atuação situação do clube com a troca de comando. Fred, Ronaldinho, Richarlison e Orinho também foram tema do bate-papo. Confira na íntegra:
Eduardo Baptista – Entrevista ao portal NETFLU:
NF: Você foi técnico do lateral Orinho na Ponte Preta. Agora, o jogador veste as cores do Flu. O que o torcedor do clube pode esperar dele?
EB: Ele era um jogador que estava no sub-23 do Santos, observamos e levamos para a Ponte Preta. É um jogador que na linha de quatro defensiva performa de forma razoável, mas tem uma chegada muito forte na frente. Comigo e com Sampaoli ele jogou nessa segunda linha por essas características. É mais um ala do que um lateral, porque é ofensivo. Ele tem o um contra um muito bom, apesar de não ser um driblador. Quando bota na frente, é difícil segurar.
NF: O que mais te marcou nos tempos de Fluminense?
EB: Foi uma experiência muito boa. Peguei uma fase com Ronaldo (Gaúcho), coisas que marcaram. Cara sensacional. O próprio Fred. Foi muito bom. Chegamos numa semifinal de Copa do Brasil, eliminados nos pênaltis. O próprio Marcos Júnior já jogava no Flu, o Scarpa. Também vi o início do Pedro, o fiz treinar conosco. Tenho muitas saudades do torcedor do Flu também.
NF: Naquela ápoca, havia a história de que o Ronaldinho não gostava de treinar…
EB: Isso é lenda. Pelo contrário. Quando eu cheguei tive uma conversa franca com ele e ele foi para o banco. Disse que iria prepará-lo para utilizá-lo. Não jogou uns jogos, em outros fui colocando aos poucos. E no último jogo contra o Goiás ele resolveu rescindir porque entendeu que não tava podendo jogar no mesmo nível dos outros atletas.
NF: A imprensa também chegou a divulgar que não havia um bom relacionamento entre Fred e Ronaldinho. É verdade?
EB: Não é verdade. A grande dificuldade do Ronaldo, que chegou um mês antes de mim, era o ritmo de jogo mesmo. Nessa época do ano, por volta de setembro, os jogadores que estão atuando no Brasileirão estão em altíssimo nível e o ritmo de treinamento dele era diferente. Não havia problema com o Fred, mentira isso. Fiquei feliz de conhecer o Ronaldo e o Fred. São caras do bem. O resultado não vinha e por isso começaram a procurar pelo em ovo.
NF: Richarlison foi indicação sua ou foi trabalho do scout do Fluminense, como muitos membros da Flusócio diziam na época?
EB: O Peter sempre gostou de jogadores jovens. Um mês depois que eu cheguei, ele falou pra eu buscar um atleta jovem no mercado. E eu citei o Richarlison, falando que fazia e acontecia no América-MG, na Série B. E ele titubeou. Alguém o desencorajou e depois foi tomar conhecimento com amigos dele e demorou um pouquinho para comprar o atleta. Quando eu avisei sobre o atacante, era bem mais barato. Depois o jogador passou a fazer muitos gols e triplicou o preço. O atleta chegou, teve uma pré-temporada sensacional nos EUA e depois se machucou, teve uma fratura no pé. Eu falava para o Peter que iria ganhar mais do que o dobro do que investiu. E o Peter nunca me ligou para agradecer.
NF: Então não teve participação do scout do Flu?
EB: Conversa fiada. Não foi o scout. E pode confirmar com o Peter essa conversa. Eu indiquei o atleta e ele demorou para contratar. No fim, pelo menos o contratou.
NF: Como enxerga essa transição entre Diniz e Oswaldo?
EB: É triste ver o Fluminense nessa situação. O grande sofredor é o torcedor. O Diniz tem um estilo de jogo, o Oswaldo vai numa direção diferente. São dois treinadores competentes, mas com filosofias diferentes. O jogador para assimilar comportamento e filosofia demanda tempo. A gente torce que dê tempo para o Oswaldo colocar a filosofia dele. A gente está na torcida para melhorar.