Em uma longa entrevista concedida ao portal Globoesporte, o presidente do Fluminense, Pedro Abad, discorreu sobre vários assuntos envolvendo o clube. Um deles, foi a polêmica da não reprovação das contas do último ano da gestão do ex-presidente Peter Siemsen, que antecedeu sua entrada no clube. Meses após ter assumido o cargo, dívidas pesadas da gestão anterior acabaram estourando na mão do atual mandatário do clube e ajudando a afundar o Tricolor na crise financeira que se encontra hoje. Confira as respostas de Abad sobre o tema:
GE: Por qual motivo não foi a favor da reprovação das contas do último ano da gestão do ex-presidente Peter Siemsen?
– É uma questão menor, não influencia em nada a vida do Fluminense. Fui o maior prejudicado em tudo o que aconteceu. Eu tinha um discurso incoerente com a realidade. Tinha todos os motivos para querer reprovar as contas e falar mal dele. Mas o que isso resolve o problema do clube? Horcades teve as contas reprovadas, e o que mudou? Tem oito anos disso. É só pra dizer que o Peter é o culpado? Todo mundo fala isso já. É besteira. Não me envolvi mesmo em articulação para reprovar. Se a Flusócio o fez, eu não sou presidente do grupo. Da mesma forma que eles dizem que não controlavam a base deles, eu não controlo a minha. Ou os representantes representam as bases ou não representam. Se pode culpar a minha base, posso culpar a deles também por tudo o que foi feito.
GE: Isso não passou a imagem de que concordava com a situação?
GE: Mas isso foi alterado depois, corrigido.
Sim, foi. Isso não é um erro de agora só, é de vários anos. Um escritório diz o que é e se registra. Se está errado, é porque montou errado. As contas reprovadas poderiam implicar em veto a projetos incentivados do esporte olímpico, ter auditoria do TCU para devolver dinheiro já aplicado. Isso sim tem consequência prática. Para fim de gestão, nada. Era menos danoso do que reprovar as contas. Esse é um assunto do Conselho Deliberativo, não meu. As pessoas queriam que eu fizesse.
GE: Então não havia nada grave nas contas do Peter?
GE: Se em dois dias após tomar posse se conseguiu ter diagnóstico da situação, não poderia ter se feito isso na campanha?
Primeiro: Na campanha, se faz campanha. Os funcionários do clube não te passam todas as informações. Tem de pedir. Segundo: o Conselho Fiscal é composto por três membros. Tinham mais dois. O clube tem executivos para fazer isso e tem um presidente. A dimensão real se descobre aos poucos. Em dois dias, percebi que as coisas estavam mal. Eu não sabia tudo, descobri apenas que as coisas não caminhavam bem. A comparação pode ser feita agora. Eu ligo para o pessoal do Conselho Fiscal, digo o que estou fazendo. Cito a operação tal, eles sabem. Eu municio eles. O Conselho Fiscal não fica aqui, ele é demandado. Eu tomei a decisão de tomar. O Peter não fez isso, a informação não chegava para mim. Por isso, não sabia das coisas. Os grandes problemas do clube começaram em 2015 e 2016. Aí já era segundo semestre de campanha. Então, eu e os outros membros do Conselho Fiscal não sabíamos. O presidente só preside o Conselho Fiscal, tem as mesmas prerrogativas e as mesmas atribuições – explicou ele.