A CBF entrou em 2019 com 656 intermediários cadastrados, o que deixa o Brasil como o terceiro país com mais profissionais aptos a participar de negociações de futebol. Somente a Inglaterra e a Espanha têm mais, segundo dados da Fifa, como divulgado no blog do jornalista do Uol Esportes, Marcel Rizzo.
Intermediário é o nome para procuradores de futebol que é dado pela Fifa desde maio de 2015, quando se proibiu que terceiros tenham fatia dos direitos econômicos de atletas. Empresários, na época denominados “agentes Fifa”, tinham liberdade para dividir com clubes e jogadores parte desses direitos econômicos de atleta, e faturavam alto nas vendas.
Desde 2015 isto é proibido, e o intermediário passou a ganhar “apenas” a comissão para intermediar o acordo entre as partes (seja clubes, jogadores ou treinadores). E isso tem que estar documentado, inclusive com o valor a ser pago. Entre abril de 2017 e março de 2018, a CBF informou que foram pagos a intermediários R$ 35,3 milhões, em 732 transações. Muitas, se soube depois, não foram registradas, o que fere a regra da Fifa.
Nos 656 registros da CBF, há pessoas físicas e jurídicas. Entre as físicas, por exemplo, está Neymar da Silva Santos, o pai do atacante Neymar. Como mostrou o blog em julho de 2017, ele foi registrado com seu nome e CPF, e não por meio de sua empresa NN Consultoria. Entre as negociações que fez, Neymar pai ajudou na ida do meia Lucas Lima do Santos para o Palmeiras.
Inicialmente a CBF estipulou valor de comissão ao intermediário de até 3% do salário bruto do agenciado, mas esse limite caiu e desde 2017 cada contrato pode ter um valor, que é decidido entre as partes (no mercado, a praxe é o pagamento da quantia de 10% da remuneração bruta anual). O texto do regulamento nacional de intermediários (RNI) foi modificado, portanto, dois anos depois de entrar em vigor.