E o gol?

Foto: Lucas Merçon/FFC

Passados alguns jogos da temporada e já temos boas ideias sobre o que funciona e o que não funciona no Fluminense de Fernando Diniz.

 
 
 

Ainda não encontrei um tricolor que esteja insatisfeito com a proposta de jogo de nosso treinador. Manter a bola é algo que nos enche os olhos. Aquele time que a rifava em qualquer parte do campo, que brigava pela segunda bola, que abusava das ligações diretas, aquele time ficou para trás. Hoje temos uma equipe que se impõe, que trabalha com a bola nos pés em todos os espaços do campo. Não há dúvidas de que o saldo é amplamente positivo, principalmente considerando – e temos que considerar – que a temporada está apenas em seu início.

Quando Diniz foi anunciado, acho que quase todos nós imaginamos que o Flu sofreria com vários lances de falhas na saída de bola, gerando ataques fulminantes dos adversários com bolas perdidas na nossa intermediária. Não vimos isso acontecer. Salvo um ou outro lance isolado, o que temos é um time consciente, corajoso e capaz de romper as primeiras linhas defensivas dos adversários com um futebol envolvente.

Nosso time roda a bola, procura espaços, movimenta-se bem até o último quarto do campo. E é exatamente nele que começa a enfrentar problemas.

Reparem, meus amigos, que tirando as babas dos times pequenos do Carioca – times que são imprestáveis para medir nossa eficiência – tivemos problemas sérios contra os adversários mais qualificados. Foi assim nos dois jogos contra o Vasco (quando dominamos mas perdemos por duas vezes em jogadas de bola parada), contra o Flamengo (quando também dominamos e achamos um gol nos acréscimos de um jogo sem chances de gols para os dois lados) e contra o Antofagasta (num jogo que mantivemos a bola por inacreditáveis 78% do tempo mas não conseguimos sair do 0x0).

São quatro jogos e apenas um gol no finzinho.

Ao contrário do que muita gente imaginava, nossos adversários não estão, como regra, marcando lá em cima. Estão fechados, esperando o Fluminense em seu campo. Tem algo bom aqui, o respeito que estamos impondo, mas, por outro lado, anda difícil marcar em defesas mais qualificadas. E é esse o grande problema do Fluminense atualmente.

O jogo contra os chilenos resume bem este nosso momento. Bola sai de um lado, vai pro outro, volta para o meia, recua para o cabeça de área, volta pro lateral e quase nunca chega na frente. O Fluminense está sem saber o que fazer quando encontra boas defesas na sua frente.

Falta um atacante definidor? Parece-me claro que sim. O González está colaborando ali, é sem dúvida o mais indicado na ausência do Pedro, mas não é jogador de definição como geralmente são os centroavantes clássicos. A bola tem rodado a área adversária, mas muitas vezes sequer a colocamos na área porque quem vai cruzar olha e não vê ninguém para recebê-la.

Na minha opinião o time está se arriscando pouco, correndo riscos menores do que deveria com um esquema que lhe dá a bola.

Não vejo os meias entrando na área, não vejo os laterais fazendo a diagonal. Nossa previsibilidade ofensiva não combina com a ousadia do modelo de jogo do Diniz. Ao menos é o que me parece.

Sinto falta dos atacantes puxarem a marcação para os homens de trás, sinto falta de mais tabelas na intermediária do adversário e quase não vi passes verticalizados perto do gol. Só para o lado. Vai e volta. E vai e volta de novo.

Fluminense poderia arriscar mais naquela posição. Não vejo as cavadinhas, bolas verticais pelo alto da zaga, colocadas entre a zaga e o goleiro para aproveitar a velocidade de Gonzalez e Everaldo. Aliás, sobre o Everaldo, gostaria que se movimentasse um pouco mais na diagonal para receber essas bolas em zona de finalização.

Não estou vendo o Fluminense fazer paredes, bater de fora com reais chances de gol, puxar a marcação para que apareça um meia para finalizar.

Sem dúvida que falta alguém mais capacitado que Dodi e Daniel para fazer esse último passe. Dodi é mais marcador e Daniel sabe enfiar uma bola, mas some em jogos mais duros, muito provavelmente por falta de confiança. E nesse cenário a expectativa da sequencia do Ganso é o que nos dá esperança para consertar as deficiências que temos por ali. É jogador diferente, cerebral, corajoso, finaliza bem e acha espaços onde eles parecem não existir. Mas honestamente acho que sem uma mudança estrutural no nosso ataque, sem mais movimentação e maiores riscos, só o Ganso será pouco.

Diniz deve se dedicar para trabalhar essa parte.

Agora, dito tudo isso, sou obrigado a dizer também que o cara não é mágico. Trabalho está só começando e é absolutamente justificável que ele não consiga implementar seu modelo de uma só vez. Há em curso uma evidente mudança cultural no futebol do Fluminense. E isso demanda tempo e paciência.

Estou muito contente e esperançoso com o trabalho do Diniz. Supera em muito as expectativas e tenho certeza de que ele está debruçado sobre nossas necessidades ofensivas contra times mais qualificados.

Na terça acho que mexeu muito mal. Errou nas três substituições e não alterou a estrutura de um time que ciscava, ciscava mas que pouco finalizava.

Segundo ele mesmo disse, procurou não abrir a equipe e tomar um gol que seria caro demais. Discordo, mas entendo. Temos mais time e, depois do 0x0, temos mais resultados possíveis do que os chilenos.

Agora, é bom que Diniz e todo mundo saiba que o jogo de volta é fundamental. Não podemos deixar de passar de fase. A Sul-Americana é, na prática, o campeonato mais plausível de ser vencido pelo Fluminense em 2019. Eu apostaria todas as fichas nela.

Que o Flu faça o mesmo. Vamos passar!

Abraços tricolores

 

CURTAS

– Bruno Silva suspenso por seis jogos. Tinha nada que cuspir nos outros. Jogador profissional. Vai abrir vaga ali no meio com essa cagada. Possível que perca a posição pro Caio Henrique, que está voando.

– O babaquinha lá do Vasco, com seu canto homofóbico, deliberadamente filmado, pegou três jogos. A FERJ é uma piada. Seu tribunal é uma brincadeira. O Fluminense tem que achar um caminho para desmoralizar esse circo que chamam de campeonato carioca e que hoje em dia nada mais é do que uma pré-temporada pro que de fato interessa no resto do ano.

– WWW.FLUZAO.INFO  Vou repetir: www.fluzao.info. Amigos, eu estou maravilhado com esse site. Jamais vi algo assim. Tem rigorosamente tudo – eu disse tudo! – sobre dados do Fluminense ao longo de toda a sua história. O número de combinações possíveis para busca é enorme. Gols, jogadores, camisas que mais venceram, árbitros, estádios nos quais jogamos, todos os adversários, todas as competições. A interface é simples, intuitiva, e o conteúdo é absurdo. Dados do Flu desde a época amadora. Um trabalho minucioso da dupla Ricardo e Rodrigo Lima. Tinham que ser condecorados pelo Fluminense pelo fabuloso trabalho histórico. Alô Flumemória! Alô Dhaniel Cohen! O trabalho deles é fantástico. Entrem lá e me falem.