(Foto: Divulgação/FFC)

Ex-dono do Banana Golf, empresário milionário e responsável pelas obras, ainda inacabadas, do centro de treinamento do Fluminense, que leva o seu nome, Pedro Antônio foi exonerado do clube no dia 28 de julho do ano passado. Na ocasião, o mandatário Pedro Abad não gostou do ex-dirigente ter dado entrevista falando sobre o projeto de estádio no Parque Olímpico. Desde então, a relação entre o ex-dirigente, Abad e sua base aliada degringolou, mas, na última noite, em reunião realizada no Conselho Deliberativo, muito se falou sobre uma suposta postura de Pedro Antônio favorável ao grupo de apoio à gestão.

Diante deste cenário, o NETFLU procurou o ex-vice de projetos especiais, perguntando, dentre outras coisas, se ele havia se posicionado, durante todo o momento, pela rejeição da revisão das contas da gestão Peter, na reunião do CDel. Ele negou veementemente a situação, salientando também que votaria contra, se não fosse explicado alguns trechos do relatório fiscal enviado aos conselheiros.

 
 
 

– Vocês podem pedir a gravação da reunião. Sobre as contas do Peter de 2016, eu não fiz nenhum comentário de reabrir, mas repeti o que o presidente do Conselho Fiscal (Felipe Dias) disse a respeito do assunto. Eles já tinham chegado a um número, que já estava incorporado a 2017. Aí eu disse que as contas de 2017 são sobre as movimentações de 2017. O assunto proposto era concordar ou discordar desses números. O presidente do Conselho Fiscal falou que toda a discrepância que havia entendido de 2016 foi ajustada e já havia sido divulgado. A partir daí, a aprovação das contas de Abad, independentemente do saldo estar certo ou errado, seria uma análise das contas puramente. O que eu propus e a maioria decidiu, foi que focasse, naquele momento, nas contas de 2017, porque não havia condições de analisar 2016 já que nem fazia parte da pauta. O relatório, como está, sobre as contas de 2017, se não tiver vários esclarecimentos, eu voto contra – frisou e complementou, dizendo que jamais conversou sobre uma coalizão com a Flusócio:

– Alguém deve ter bebido muito quando disse que eu estava conversando com a Flusócio para vir como candidato deles. Nunca houve essa conversa.

Pedro Antônio deu mais detalhes sobre a sua postura em relação as contas, revelando quais dúvidas gostaria de ter tirado, mas que não teve chance, por conta do tumulto no Salão Nobre das Laranjeiras.

– Se aquele relatório fosse nú e frio como está, eu votaria contra, a menos que o presidente esclarecesse algumas indagações que eu tinha pra fazer, mas infelizmente não pude. O relatório, basicamente, é político. Não é um relatório merecidamente de um conselho fiscal. Tanto que o presidente do conselho fiscal passou meia hora elogiando a administração atual. Não interessa conteúdo político. Minhas perguntas a serem colocadas seriam: vários jogadores foram dispensados em dezembro de 2017, certo? Cada jogador faz parte do ativo do Fluminense. Em dezembro passado foi dada baixa do patrimônio do clube os direitos desses jogadores? Pelo que eu entendo, não. Empurraram para 2018, o que eu acho errado. Por exemplo, o Henrique tinha um valor contábil lançado, mas foi baixado na transferência do jogador ou na data da rescisão? Assim como o Peter apropriou a receita do Gerson no dia que vendeu, mas não no dia que recebeu. Se não explicassem esse ponto, eu votaria contra. Estou analisando 2017, embora tenha influência de 2016. Se tiver resposta às minhas perguntas e elas forem pertinentes ao meu ver, voto favorável. Outra coisa que eu perguntaria: no final do relatório, falam que o clube necessitou de vários empréstimos para as necessidades. A pergunta que é pertinente, especialmente porque vem sendo muito debatido, é que a gestão passada deixou muitas dívidas para o atual presidente. O relatório fala de vários empréstimos pegos em 2017. Em que montante esses empréstimos impactarão no sucessor desta gestão em 2019? Isso eu queria saber. O relatório alerta sobre esse problema. Está sendo feita a mesma prática de Peter? O Fluminense é eterno, enquanto as pessoas são passageiros. A gente quer saber do futuro. Quem sabe administrar o futuro, fica atento ao presente. Eu me inscrevi para ser o primeiro a falar. Não defendi a gestão de ninguém, tinham um monte de perguntas que não pude fazer – concluiu.

É importante lembrar ainda que o NETFLU apurou que cartolas do Fluminense não procuraram o ex-vice de projetos especiais para falar sobre as dívidas com ele desde que o mesmo fora desligado de seu cargo, ano passado. O próprio Pedro Antônio confirmou a situação, mas preferiu não fazer comentários sobre o imbróglio, entendendo que o tema não seria pertinente para o momento vivido pelo clube atualmente.

Por fim, o presidente do Fluminense vem ensaiando há algum tempo uma reaproximação com Pedro Antônio, desde que o exonerou. Discreto nos últimos meses, “P.A” vem se manifestando somente em suas redes sociais, para falar de assuntos genéricos, sem entrar em polêmicas.