“Não honrou com a palavra”. Assim o advogado do técnico Levir Culpi, Fábio Cruz, resumiu a situação envolvendo os R$ 150 mil de débitos, referente à última parcela do acordo que fez com o Fluminense para o pagamento do treinador. Desta maneira, o clube deve sofrer bloqueio das contas em breve, até que a dívida seja sanada. O filme, aliás, é repetido.
Com passagem curta, porém conturbada pelo Fluminense, Levir Culpi processou o Tricolor das Laranjeiras em setembro do ano passado, como o NETFLU informou com exclusividade na época. O técnico cobrava mais de R$ 2,8 milhões em salários, rescisão e outras obrigações trabalhistas após sua demissão.
– Eu liguei para o Levir hoje (terça-feira) e não foi feito o depósito. Tentei falar com a doutora Roberta (diretora jurídica do Fluminense), mas não consegui. Vou comunicar pra ela que vou pedir a execução, porque o compromisso que foi assumido era pagar o Levir quando pagassem a folha. O Levir não tinha interesse de receber multa, nem nada. Ele checou nessa manhã a conta bancária e não caiu nada até agora – comentou o advogado, em entrevista ao site número 1 da torcida tricolor.
Sem enviar nenhum representante à 67ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro para defender a instituição, também informado em primeira mão pelo NETFLU, a causa foi ganha pelo ex-treinador ainda em 2017. No dia seguinte à divulgação da sentença, um representante do clube finalmente entrou em contato com o advogado de Levir, Fábio Cruz, costurando um acordo pela metade do valor. Tal acordo, no entanto, vem sendo honrado com extrema dificuldade, tendo as parcelas quase sempre atrasadas. A última venceu no mês de julho.
– O Fluminense continua devendo dois meses de salários aos atletas. Houve o acordo conosco, que vencia em julho, estávamos esperando pagarem, no final de setembro quitou a folha (um mês de salário apenas, caso contrário teria completado três meses de débitos) e não quitou essa última parcela – reiterou o advogado, que explicou o que significa “executar” o Tricolor neste momento:
– A gente peticiona para o juiz dizendo que não foi pago e que queremos fazer cobrança, a partir daí, no próprio acordo que fizemos, nos resguardarmos para fazer o bloqueio em qualquer fonte – concluiu.
Também em entrevista ao NETFLU no mês passado, Fábio Cruz já alertava sobre o atraso do Fluminense, mas que a intenção era não levar o processo até as últimas consequências, acreditando nos gestores da instituição.
– A última parcela que venceu no mês retrasado (julho) continua atrasada. A advogada do Fluminense ligou, falando que estava com problema de bloqueio, mas que quando fosse paga a folha salarial, o pagaria junto, a exemplo do que aconteceu no penúltimo atraso. Então, o que eu fiz dentro do processo? A juíza deu um despacho mandando que o Fluminense pagasse as parcelas de INSS que tinham que ser recolhidas e aí eu entendi que ela estava compreendendo que as parcelas do reclamante já estavam integralmente quitadas. Então eu adicionei ao processo a informação de que a última parcela ainda não havia sido paga, porém o reclamante não entrou com execução a pedido do próprio Levir em compreensão aos pedidos dos advogados. Nós não estamos requerendo a execução neste momento, nem a aplicação das mutas, nem nada. Queremos apenas resguardar que o fato de ele não estar pedindo execução no processo, por enquanto, não significa que abriu mão – revelou Cruz.
Em entrevista concedida no ano passado ao site número 1 da torcida tricolor, o advogado explicou detalhadamente a cronologia dos fatos em torno do processo trabalhista do ex-treinador. Dias depois, o Fluminense demitiu uma funcionária do departamento jurídico, por intermédio de uma nota oficial, mas manteve a diretora da pasta, Roberta Fernandes, dando-lhe uma advertência. O ex-vice jurídico, Bruno Curi, sofrera também diversas críticas no período, até deixar o cargo, meses atrás, para se dedicar à vida política. Curiosamente, a mesma funcionária demitida foi contratada por uma empresa que presta serviços ao Fluminense, como divulgado pelo site.
No Fluminense, Levir Culpi conquistou o título da Copa da Primeira Liga de 2016, mas teve problemas internos de relacionamento com o então líder do grupo e capitão Fred. Comandou a equipe em 52 jogos, com 22 vitórias, 15 empates e 15 derrotas.