(Foto: Fernando Michel)

Expectativa em torno do principal centroavante do país. Na derrota por 2 a 1 para o Cruzeiro, além do resultado, o Fluminense teve mais uma perda. E esta importantíssima. O centroavante Pedro, artilheiro e destaque da equipe na temporada, lesionou o joelho e só volta a jogar em 2019. Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho e referência no Brasil, o médico Luiz Antonio Martins Vieira foi quem realizou o procedimento cirúrgico. Após a operação, o jogador será tratado pelo fisioterapeuta Nilton Petrone, o ‘Filé’, que já cuidou de nomes consagrados como Ronaldo Fenômeno, Romário e Gustavo Kuerten.

Neste sentido, o site “Esporte 24 Horas” conversou com o fisioterapeuta Fábio Marcelo. O profissional tem passagens por Flamengo, Vasco, Kashima Antlers-JAP e no próprio Fluminense. No Tricolor, integrou a comissão técnica de Muricy Ramalho e Abel Braga nas conquistas dos Brasileiros de 2010 e 2012. Ele falou sobre o tempo de recuperação em casos como o do camisa nove tricolor.

 
 
 

– Vai depender muito de quais estruturas foram lesionadas e reparadas. Então, a gente depende muito do que foi encontrado e o que foi corrigido na cirurgia. A evolução do atleta está vai depender do acerto nas escolhas dos procedimentos fisioterapêuticos para cada fase do tratamento e da individualidade biológica do atleta. Quando ocorre uma lesão do menisco, por exemplo, e o médico opta em suturar, o paciente terá que usar muletas por um tempo mais prolongado. Há a preservação e melhor aproveitamento da estrutura e da função mecânica do menisco, mas a recuperação é mais lenta e prolongada. Já se optar pela retirada parcial lesionada do menisco (menisectomia parcial), o tempo de recuperação diminui e o paciente não terá muita restrição para caminhar no pós operatório.

Pós-cirúrgico

O fisioterapeuta Fábio Marcelo contou que o trabalho ao qual o atleta é submetido após a cirurgia é dividido em três fases.

“A recuperação de um atleta, seja qual for a cirurgia, quais forem as estruturas acometidas, se baseia em três fases. A fase inicial, que a gente tem como objetivo eliminar o derrame articular pós-operatório, ganhar a amplitude de movimento, ou seja, ele voltar a dobrar e esticar o joelho completamente e melhorar o tônus muscular. Ou seja, se baseia em ganho de mobilidade articular, principalmente. Restabelecer o movimento normal. A segunda fase é a de fortalecimento muscular, alongamento, melhorar força, resistência e potência muscular. Aí, usam-se diversos tipos de resistência, desde a manual, elástica, aparelhos de academia. A terceira e última fase é a fase que você vai lapidar. Ou seja, o ganho de resistência, força, potência muscular, a normalização, a equalização de força muscular com o outro membro. Isso é medido, são feitos testes de avaliação e também o trabalho que chamamos de propriocepção, a continuidade mais dinâmica, que a gente faz na areia fofa, na grama natural, ou seja, no habitat dele. Muitas das vezes esse trabalho é chamado de transição.”

Desafio

O fisioterapeuta falou sobre o maior desafio para o atleta após a cirurgia.

“O desafio do atleta é diário. A cada dia, a cada fase, ele vai vencendo, ultrapassando esses limites. Então, esses desafios, a gente não coloca como macrodesafios. São microdesafios, que vão tornar o maior desafio de todos, que é ele retornar em plenas condições físicas e funcionais. Esse é o maior desafio dele, de vencer diariamente cada etapa, para que no final do trabalho, ele esteja em plenas condições. E o grande desafio que é que o retorno a sua atividade seja plena.”

Psicológico

Como o atleta fica impossibilitado de realizar sua profissão normalmente, é normal o abatimento inicial. Fábio Marcelo explicou como impedir que isto se torne um problema maior.

“Tem dois fatores. O primeiro é a gente conseguir fazer com que todo o estímulo que a gente ter para o ganho de cada fase de tratamento fisioterapêutico seja vencido com sucesso. Ou seja, que ele não tenha dor. Então, a melhor maneira dele reagir bem e não ter o lado psicológico mais afetado, porque já é afetado com a lesão, é você estimular, para ele ver que a cada dia o que ele está fazendo está compensando fazer e se dedicar. Porque, dessa forma, ele está vendo que está tendo o objetivo vencido. E a outra forma, que é tão importante quanto, é ele ter um acompanhamento com um psicólogo do clube, para que o psicólogo do esporte possa dar o suporte para que ele vença cada obstáculo e controle todas as suas emoções e, dessa forma, nos ajude também”.