Nobres tricolores,

 
 
 

acompanhei, na íntegra, as coletivas de Marcelo Oliveira e Paulo Angioni enquanto rolava o jogão entre Argentina e Nigéria (Mais um grande nas oitavas, ufa!). Dividi com amigos em grupos de Whatsapp a impressão que tive das entrevistas e compartilho aqui com vocês.

Vários temas importantes foram debatidos com os profissionais recém-chegados, mas dois assuntos das sabatinas me deixaram intrigado. O primeiro a falar foi Marcelo Oliveira. Disse que a contratação de, pelo menos, três jogadores foi uma condição imposta para ter aceitado o convite, elogiou o elenco, compreensível para quem acabou de chegar, e como manda a cartilha, não respondeu sobre os problemas políticos e econômicos que assolam o clube.

O principal, a meu ver, foi quando, sem delongas, informou que não vai jogar no esquema com três zagueiros. Festejei. Sempre fui contra a implementação do 3-5-2 ou do bizarro 3-6-1 com três volantes. Expliquei no post anterior. Você atua desta maneira se possui alas velozes e fortes e/ou habilidosos – o Flu tem, com Gilberto e Ayrton – e três defensores que chamam a bola de “Meu amor” – o Flu não tem. O Tricolor deve atuar como 90% das equipes do futebol mundial: 4-2-3-1, com variação para o 4-1-4-1. Perfeito. Tudo beleza.

Depois foi a vez de Angioni. Experiente, com passagens por trocentos clubes. Venceu muito. Perdeu também. Não vou nem entrar no mérito agora se o cara é ultrapassado ou moderno, nem sobre o que a Flusócio do presidente Pedro Abad escreveu dele em 2014. O papo é em relação a função que já exerce desde a semana passada. Se colocou como um viabilizador de negócio. Não indica jogador. Vai atrás daquilo que o clube quer.

Percebam a mudança súbita no modelo de fazer futebol no clube que, até então, tinha um diretor “esportivo” profissional e um diretor “esportivo” para a base. Com Abel, o Fluminense passou seis meses com um único esquema. Uma única maneira de jogar que se no princípio, com todos os titulares à disposição, incomodou os adversários algumas vezes, rapidamente caiu em desgraça quando, por suspensão ou lesão, o técnico teve de recorrer ao frágil elenco.

O Fluminense de 2018, até então, dava a bola para o rival jogar, tinha de correr atrás dela para, em seguida, partir em disparada nos contra-ataques em busca do gol. Um modelo eficiente se as chances criadas fossem aproveitadas. O desgaste era natural e as engrenagens que faziam a máquina andar, com o tempo, perderam força e foram substituídas por outras menos capazes. Gilberto e Ayrton, destaques do Tricolor no primeiro semestre, sucumbiram a essa proposta de jogo alucinante. Léo e Marlon não aproveitaram a chance porque são laterais e não alas. Além da evidente inferioridade técnica. Marcos Júnior deu lugar a Pablo Dyego, que quando começa jogando dá aflição.

Com Marcelo Oliveira, o sistema será distinto. Os dois alas virarão laterais, com mais obrigações defensivas. A tendência é ter um apoio maior pelos lados, caso opte por dois pontas. Se resolver atuar num 4-4-2 com losango, Gilberto e Ayrton Lucas poderão usar o que tem de melhor. Mas num 4-3-3 vão precisar se preocupar também com a marcação.

Quanto ao cargo diretivo, Paulo Autuori, logo em sua chegada, foi veemente: não participo de negociações. Até hoje não sabemos exatamente a função do Fala Bonito, “carinhosamente” apelidado de Rolando Lero pelos tricolores nas redes sociais. Entendo que indicava jogadores, blindava o elenco das cagadas do Abad, mas não tratava de bufunfa com empresários, jogadores e clubes. Não durou. O dinheiro não pingou na conta no dia certo, ficou p…da vida com a desorganização, corriqueira no futebol brasileiro, e com o Rubinho da Ferj e pimba… resolveu se esconder na Bulgária.

Hoje temos um Angioni, que faz exatamente o oposto. Não indica jogador, mas é o cara que vai lá, senta, oferece um uísque e fecha contrato.

O Fluminense, em poucos dias, muda abruptamente a sua maneira de fazer futebol. Sai de dois padrões estabelecidos – e questionáveis, diga-se – para outros contrastantes.  Particularmente acredito no sucesso da nova dupla (leia-se sucesso: não cair). Mas notem a total falta de convicção do presidente mais detestado da história do Fluminense.

Esse é o “Fazer Futebol diferente” da galera que comemorou o fim de uma parceria que fazia o clube brigar por títulos quase sempre e colocava craque no Fluminense ano sim, outro também. As inverdades contadas durante a campanha eleitoral aparecem dia após dia. E nem precisam se dar ao trabalho de esconder pra debaixo do tapete ou chamar de “Notflu” aqueles que se propõe a mostrar tudo o que acontece para o torcedor. Os próprios gestores tricolores fazem o trabalho de jogar contra.

Não sabiam o que Angioni fazia há quatro anos, devem ter descoberto agora e trouxeram o cara.  Sai o malandro que blinda, mas não negocia, entra o malandro que blinda e negocia. Sai o 3-5-2, entra o 4-2-3-1…Estavam entre Argel Fucks e Marcelo Oliveira, senhores! É como você iniciar uma discussão de beleza com Regina Casé e a Paolla Oliveira na mesa.

O único modelo existente no Fluminense dessa gente é como se perpetuar no poder. Inclusive virar “oposição” com outro nome Pró Fluminense se lascar.

Sorte a Marcelo Oliveira e Paulo Angioni. Que consigam, pelo menos, alcançar a meta dos medíocres e nos dar o merecido sossego. Alegrias? Talvez daqui há dois anos.

Viva a Copa da Rússia!

– Três reforços, Oliveira? Pra começar, né?

– Um meia de armação, pelo menos, pra anteontem!

– Excelente entrevista do GE com o Abad.

– Mas se o presidente queria limpar sua barra, não obteve êxito.

– O cinismo do trocador de figurinhas é insuportável.

 

Um grande abraço e saudações!

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