Com passagem por Portugal, Abel é sempre muito lembrando pela imprensa do país de origem de Cristiano Ronaldo. Em entrevista ao jornal “O Jogo”, o treinador demonstrou bastante conhecimento sobre o futebol daquele país na atualidade, comentando acerca do que pensa da liga portuguesa e tema afins.
Confira:
Como vê a acirrada disputa pelo título da liga?
-A atual edição está bem disputada, com uma briga pau a pau entre FC Porto e Sporting, e ainda com o Benfica a sair aos poucos de um momento ruim. A disputa é muito boa, com um nível competitivo elevado.
Quem é o favorito ao título?
-O FC Porto é mais envolvente e agressivo. Também é muito rápido na transição. Está a levar boa vantagem, mas isso não significa que vai ser campeão. É quem joga o melhor futebol, é o favorito, mas o campeonato ainda não está ganho. Os clássicos vão ser decisivos nas contas finais.
Você é da mesma geração do Jorge Jesus… Como avalia a evolução dele como treinador?
-Trabalhei em Portugal no tempo em que o Jorge Jesus ainda estava no Felgueiras. Não me surpreende em nada ver o nível profissional que ele atingiu. É um treinador muito qualificado. Portugal, aliás, passou por um desenvolvimento muito grande de bons treinadores nos últimos anos, graças também, é claro, aos cursos da UEFA. Seria interessante para o Jesus sair um pouco de Portugal, visto que já está num patamar elevado na carreira. Está na hora de trabalhar no estrangeiro.
Portugal, de facto, tem revelado bons treinadores nos últimos anos…
-O treinador português tem uma diferença muito grande em relação aos outros profissionais na Europa, pois eles conseguem sentir com mais clareza quando a equipa não está num dia bom e têm normalmente um plano B na cabeça para contornar a situação. É uma característica muito marcante. Não trocam seis por meia dúzia, têm sempre opções a nível de formatação tática muito bem estudadas. Portugal ajudou-me muito durante a formação. Dos meus 25 títulos, muitos deles têm a ver com o que aprendi no país no meu início de carreira.
Por que o futebol português deixou de ser uma potência europeia a nível de clubes?
-Hoje há a liga inglesa, a espanhola, a alemã… É complicado competir; todas são fortes. O Real Madrid e o Barcelona, por exemplo, jogam o que jogam principalmente por causa dos jogadores estrangeiros. Portugal, dentro do contexto social, viveu momentos de dificuldades no passado, mas levantou-se rapidamente. É um país pequeno que se tornou o berço do turismo mundial. Portugal é surpreendente, com hotéis sempre cheios em todas as épocas do ano… O país já se reergueu e isso com o tempo também vai ser visto no futebol. O futebol vai ser inserido neste contexto. Sempre será muito difícil competir com as ligas mais ricas, mas, neste momento, vejo que para Portugal está de bom tamanho.