Eliminado da Taça Rio de forma precoce, o Fluminense apenas observa a definição do primeiro turno da competição estadual, mas sem maiores preocupações. E essa sentimento de “tanto faz” quanto ao Carioca é analisado, de maneira geral, pelo jornalista Rodrigo Mattos, do portal Uol Esportes.
Confira:
“Ao se ligar a televisão em canal esportivo, entra a propaganda: ”Estadual é emoção”, seguido de imagens de histórias emblemáticas da competição. A Globo e a SporTV exercem o seu justo direito de promover os eventos pelos quais pagaram caro. Duro é convencer o público carioca de que o atual Estadual é de fato emocionante.
Após 47 jogos, o maior público pagante foi de cerca de 20 mil pessoas em um Flamengo e Vasco. O clássico mais importante desta Taça Guanabara foi disputado em Volta Redonda com um público abaixo de 10 mil pessoas.
A Ferj (Federação do Rio de Janeiro de Futebol) certamente divulgará uma média de público fictícia pois tem uma regra que contabiliza 20% da capacidade do estádio presente não importa quem apareça por lá. A renda é igualmente inchada por cotas de TV para parecer que é significativa.
A parte desses truques, o que se vê no gramado é pobre, paupérrimo. Os grandes clubes nem tiveram um tempo que se possa chamar de pré-temporada. Mal voltaram aos treinos e já estavam em campo para jogar no dia 16. Sim, no meio de janeiro, porque é necessário arrastar o Estadual do Rio por 18 longas datas.
E para quê? A fórmula do campeonato é tão esdrúxula quanto à do ano passado. A vitória na Taça Guanabara que será decidida entre Flamengo e Boavista não vale uma vaga na final, na realidade, não vale quase nada. O time classifica-se para as semifinais do campeonato, assim como no caso da Taça Rio.
Uma equipe garante um lugar na decisão só se ganhar os dois turnos. Ou seja, supera todo mundo, bate a todos e aí… tem que enfrentar outro pelo título. De resto, obtém-se vagas por pontuação geral.
Some-se a isso à crise financeira que enfrentam três dos times grandes, Vasco, Fluminense e Botafogo, e temos um cenário desolador. O Flamengo, que só parou de jogar em 2017 em 13 de dezembro, botou reservas e juniores em boa parte do turno, com absoluta razão.
Aliás, os quatro grandes já começam a encarar o Estadual como deve ser: uma competição de pré-temporada, um título menor. Basta ver que as eliminações de Vasco e Fluminense nem fizeram cosquinha em seus técnicos, mais uma vez, com toda razão para as diretorias dos dois. O Botafogo entrou em crise pela eliminação na Copa do Brasil, e demitiu seu técnico Felipe Conceição mais pela derrota para a Aparecidense do que a para o Flamengo.
A propaganda da Globo, de fato, lembra momentos significativos da história dos clubes nos Estaduais. O problema é que quase todos estão em um passado, distante. A competição nunca mais será o que era.
Necessita-se de uma reformulação urgente (máximo de oito, dez datas, mais racional) para sobreviver um mínimo interesse do torcedor em um torneio de tiro curto que não atrapalhe o que interessa. Do jeito que está, salvo uma final um pouco mais interessante, só serve à Ferj e como fundo de tela da TV após o almoço do final de semana, enquanto as pessoas prestam atenção em outra coisa.”