Nobres tricolores,

 
 
 

o Fluminense vendeu Fred em 2016 para o Atlético-MG por R$ 5 milhões. As razões ditas por quem geria: Reduzir despesa e, supostamente, a vontade do jogador em retornar a seu estado natal. Meses depois, o clube anuncia Marquinho com salários progressivos que chegarão a R$ 500 mil em seus últimos anos de contrato e Henrique Dourado por R$ 5,5 milhões e vencimentos de R$ 400 mil. Equação financeira difícil de explicar. E de suportar.

Não sou “Fredete”. O ex-camisa 9 não é meu ídolo, nunca foi e dificilmente será. Mas trata-se do maior do Fluminense neste século e respeito isso. Terceiro maior artilheiro histórico tricolor, é detentor de um carisma inigualável com as crianças. Formou novos torcedores. Em sete anos, foi irresponsável, irritante, sindicalista, narcisista e egoísta. Mas também gigante, vencedor, adorado, temido por aquele, que no alto de sua empáfia, o menosprezava e, agora, o cobiça. O prazer de destruir mais um ídolo do rival transcende a razão, quando se dispõe a pagar seis zeros para quem caminha para o fim de carreira.

O Fred que saiu não seria o Fred que poderia chegar. Mas não se trata apenas do balançar de redes, mas de postura perante àquele que anseia por tempos de bonança e glórias. Além, claro, de empatia. Somada à estima e reverência.

Não espero nada de Frederico Chaves Guedes. Nem do Fred, o camisa 9, ídolo e celebridade. Expecto desta agremiação colossal, que se apequena a cada interlocução de seu efêmero administrador, a conduta que o colocou no hall dos titãs do nosso futebol: arrojo.

Como se não bastasse a vil decisão do maior loroteiro de quem se tem notícia, testemunhar o entraje do farrapo rúbio e preto daquele que fez milhões sorrirem seria assolador. Depois de tanto penar, tanto sofrer e manter ilusões em meio a planilhas, a torcida do Fluminense não merece mais essa.

Fred não é custo. É investimento. Sempre. Ídolos não se criam da noite para o dia. Não se descobre com simplicidade em competições sub-7 ou sub-11 como se fossem grandes proezas. Ídolos se conquistam. E não são desperdiçados. O Fluminense tem o dever de apresentar uma proposta para ele.

O enganado e açoitado tricolor pouco se importará se utilizarão politicamente um possível regresso do centroavante para uma nova trapaça eleitoral. Está calejado porque tem ciência de que a propensão seria essa. O torcedor do Fluminense quer se sentir grande outra vez. Respeitado, temido, odiado. O pior sentimento, enquanto fã deste clube, era aquele que notávamos no olhar de cada botafoguense, flamenguista e vascaíno na ‘famigerada’ década de 1990: pena.

O Fluminense que aí está enoja seus, outrora, alvissareiros torcedores. E provoca comiseração em seus oponentes. Um Fluminense pobre, tratado como detrito, bodega. Não por menos. Precisamos vender sempre, nossa folha salarial é tal qual a do lanterna e rebaixado Atlético-GO e para reforçar um escasso elenco com nomes medíocres, necessitamos nos desfazer das principais engrenagens. Cortar, cortar, cortar e cortar. A todo momento, a todo instante, a toda hora. Na carne! Na finalidade da perenidade deste clube, o futebol.

A obrigação é tentar. Mesmo que não consiga alcançar o patamar do Mais Protegido. É a resposta que o torcedor merece. Se a réplica for negativa, tente outra vez, como dizia o Maluco Beleza. Outra recusa, nova tentativa. Até chegar ao limite. Se ainda assim, o Homem rejeitar o despertar da legenda, que se lave as mãos.

Convoque uma coletiva, haja com transparência e anuncie: “Tentamos. Fizemos o possível e o impossível. Quisemos reparar o erro daquele do qual não falamos, mas Ele não aceitou”.

A responsabilidade cairia no colo do jogador, que se veria numa pressão psicológica que raramente voltaria a vivenciar nos anos que ainda tem de carreira. Ou talvez não se importe. Mas a atribuição estaria cumprida.

A gestão mais abominada da história do Fluminense teria alguns poucos dias de paz. O torcedor, mesmo que frustrado, se sentiria, pela primeira vez, prestigiado, sem qualquer tipo de ironia.

Caso o atacante siga para o lado oposto, pelo menos da parte de quem vos escreve, a fúria pela moncosa atitude do ex-mandatário perdurará, mas a certeza estará mantida: Fred não é maior do que o Fluminense. Mas tornou o Fluminense maior.

– Parabéns à diretoria pela contratação de Paulo Autuori. Que tenha autonomia

– Importante não deixarem a montagem do elenco sob a incumbência exclusiva de Abel

– O Fluminense precisa de reforços em todas as posições

– É bom deixar claro: Não existe uma base. Logo, não tem o que manter

 

Um grande abraço e saudações!

 

Siga-me no twitter: @LeandroDiasNF