Há dois anos no Fluminense em sua segunda passagem (a primeira foi em 2005), Abel Braga abriu o jogo em entrevista ao Globoesporte.com. O técnico falou sobre o planejamento, a reformulação do elenco, a eliminação na Libertadores e mais.

Confira aqui tudo que Abel disse ao Globoesporte.com:

 
 
 

Quando você assumiu o Fluminense no dia 8 de junho de 2011 esperava ficar dois anos no cargo?

Abel Braga: Na verdade eu imaginava. Minha chegada foi algo diferente, inédito. O Fluminense esperou três meses por mim. Ao mesmo tempo, aquilo significava alguma coisa para mim. Eu tendo já acertado com o Fluminense, apesar de ter conquistado os títulos que precisava, cumpri meu contrato até o último dia com o Al Jazera. Foi uma forma de eu dizer para as pessoas que eu gosto de cumprir meu contrato apesar de não ter multa rescisória. Eu esperava sim. Não sabia se ia acontecer, mas pensava: “Um ano pelo menos eu fico”. Mas o negócio começou difícil. A pressão no Fluminense é anormal. Aos poucos, as coisas foram engrenando, fizemos um segundo turno excelente no Brasileiro, conseguimos a vaga direta na Libertadores. Aí começou o ano passado com muito mais certeza e convicção de que essa passagem realmente poderia se estender. Hoje é diferente, me sinto cada vez melhor, cada vez mais reconhecido. Acho que alguns colegas também. Para ficar provado que a demissão não é o melhor caminho. A continuidade, sim, é o melhor caminho. Porque você cria relações mais fortes, vínculos, começa a conhecer detalhes que só o tempo lhe faz ver.

Você mesmo falou sobre a dificuldade de alcançar essa marca. Se lembra quantas vezes se sentiu ameaçado nesse período?

Algumas. Um jogo contra o São Paulo no início do segundo turno do Brasileiro 2011, diante do Americano na Taça Guanabara de 2012…

E se sente ameaçado agora pela eliminação na Libertadores?

Não. Estou tranquilo, sem problemas. Meu time cumpriu as ordens. Principalmente depois da chegada do Caetano. Ele e o Sandrão formaram um bloco muito bom de retaguarda para a gente. Dá uma tranquilidade maior para mim e para os jogadores. Claro que poderia acontecer alguma coisa, mas o treinador precisa estar preparado. Eu estou tão preparado que nunca boto meu time na defesa. Pode jogar bem, mal, ganhar ou perder. Mas meu time sempre entra com três atacantes. Não importa a situação.

A queda para o Olimpia parece ter te marcado muito. Seu abatimento era evidente após o jogo. Foi uma das eliminações mais doídas da sua carreira?

Foi. Sabe o que acontece? Se eu dirijo uma equipe disputando uma fase avançada da Libertadores em casa e tomo um massacre daqueles, sei lá… Sinceramente? Eu não comemoraria a classificação. Da maneira que foi… Tanto o pênalti como a falta, da maneira que foram marcados, também poderiam não ter sido. Teve uma situação parecida no Samuel no segundo tempo e o juiz mandou seguir. Em um estádio cheio daquele, os gandulas começaram a sumir, jogavam as bolas para as arquibancadas… Eu não comemoraria. Já eles comemoraram demais. Ficou uma dor. Só passou de domingo para segunda-feira, um dia que eu dormi bem.

Logo depois da derrota picharam o muro das Laranjeiras pela segunda vez pedindo a sua demissão…

Isso não me preocupa. Podem escrever o que quiserem, porque essas manifestações a gente sabe de onde vêm, como vêm e por que vêm. Nós sabemos as ligações, o desejo deles, sabemos tudo. Mas não me incomoda. Já falei várias vezes e repito: o torcedor é soberano.

Como foi lidar com as provocações que ouviu no desembarque?

Os rapazes, não entro no mérito se foi engraçado, mas não eram torcedores do meu clube. Se fossem, eu ia baixar a cabeça, porque estariam doídos como nós. Só não pode ofender, e isso eles não fizeram. Nem tocar em ninguém. Tocar em mim não. No fim até foi engraçado.

É preciso ter sangue frio em um momento como aquele?

Até que não, porque eles ficaram de longe. Depois eu fui rindo no táxi. Eles ficaram pulando… A alegria que eles estavam de ver o Fluminense fora representa bem o momento que o nosso time vive. E os caras estavam de cabeça quente também, né? Porque tinham perdido em Juiz de Fora (Abel se refere à derrota do Flamengo por 2 a 0 para a Ponte Preta). Perdem lá e vêm gozar aqui? (Risos).

Por que você teve a reação de fazer um gesto obsceno?

Eu queria devolver, mas não dava para ficar pulando como eles. Eu não estava satisfeito e nem contente naquele momento para fazer isso. Aí pensei que o gesto obsceno seria mais importante, sem ofender e nada. Só estava retribuindo a gozação.

 Já chegou a traçar uma meta de pontos no Campeonato Brasileiro para esse período pré-Copa das Confederações?

Para falar a verdade, ainda não. Vamos tentar, lutar para c…. para chegar a 15. Mas 12 não é uma marca ruim, por exemplo. Podem ser três vitórias em casa e uma fora. Mas vamos brigar muito. Essas contas não começaram ainda porque a Libertadores foi muito recente. Mas já ouvi entre os jogadores que vamos dar a vida por 15 pontos.

A vitória sobre o Criciúma parece ter mexido com você…

Eu comentei muito depois do jogo que sei a superação dessa equipe desde que o slogan “Time de Guerreiros” foi criado. Das situações difíceis, talvez uma das maiores tenha sido essa de domingo. Fomos eliminados da Libertadores jogando infinitamente melhor nos dois jogos. É muito difícil, sem importar a qualidade da equipe adversária, você fazer um segundo tempo de ataque e defesa fora de casa. Por se tornar uma obsessão cada vez maior essa questão da Libertadores, ela te dá uma dor ainda maior pela circunstância que foi. Conheci esse lado da minha equipe no domingo que eu sabia que existia, mas não em um grau tão elevado. Foi a confiança, a personalidade que tivemos contra o Criciúma que me animou. Podem dizer que fizemos dois gols de bola parada, mas contra um time que jogou com quatro volantes… Não demos chance. Um jogador do Criciúma comentou com o Sobis assim… Usou até um termo engraçado. (Rafael Sobis chega ao clube no exato momento e confirma a conversa entre o atacante Marcel e o volante Edinho). Disse que o Fluminense é um time “toqueiro” demais, se referindo ao toque de bola e à movimentação. Foi muito legal escutar isso. O cara disse que o Criciúma não conseguiu achar o Fluminense em campo. Um time precisa estar muito bem para fazer isso. E não era o nosso caso. Eu achava que não era. Porque a dor ainda existia. Isso é o tempo. Não ia descobrir isso com três, quatro cinco meses…

Hoje na Série A, apenas o Tite está há mais tempo no comando de um clube do que você. Por causa disso é natural pensar que seu ciclo está perto do fim ou é possível remar contra a maré do futebol brasileiro e pensar em ficar por muito mais tempo no Fluminense?

É possível, sim. Não é remar contra a maré, e sim a favor dela (risos). Contra a maré no futebol é difícil. Se você parar para pensar, os clubes que estão tendo o melhor retorno de resultados recentemente são os que vêm mantendo seus treinadores por um período mais longo. Casos de Corinthians, Fluminense, Botafogo, Atlético-MG… Você vai dando tempo e vai ganhando. Estamos remando com a maré.

Nesses dois anos de Laranjeiras, você já falou algumas vezes em ter o timing da mudança, sobre saber a hora certa de fazer as alterações na equipe, como aconteceu contra o Criciúma. Como você chega a essa conclusão e como comunica aos jogadores?

Dei sorte nas duas vezes, né? Estava pensando isso hoje. Teve uma outra vez em que fiz a mesma coisa. Não lembro se foi este ano ou em 2012. Mas eu não comunico. Porque esse direito eu não dou a eles. Não comunico porque joga, logo não comunico porque tiro. Só explico por que estou mudando. Na outra vez também foi assim, uma série de contusões e o negócio não estava legal. Peguei o gancho e dei logo mais uma sacudida. E aconteceu agora de novo. Já tinha o gancho dos três agora na Seleção… Com exceção do Fred, nem o Jean e nem o próprio Cavalieri vinham na mesma batida de 2012. A verdade é essa. Aí eu pensei: “Vou logo mexer em mais, vou mexer na metade”. O Sobis vinha muito bem. Tive até dúvidas se o escalava de início contra o Olimpia. O Wellington Silva, quando ia ser usado, se machucou… Apesar de que o Bruno, por suas características mais defensivas, cumpre como poucos essa função. Tanto que o Carlinhos tinha uma liberdade muito maior. Com o Wellington agora ficou uma coisa louca. Mas não tenho medo de perder jogo. Se amanhã me mandarem embora, eu tenho de estar preparado. Mas medo eu não tenho e não vou escalar time defensivo. Já o Gum chegou um momento em que ele deu uma caída e começou a ter dificuldade até na saída de bola. Gum saiu da equipe e eu não falei com ele. Disse apenas que ia mudar. A reação do olhar dele era: “Estou saindo porque estou mal”. Ele começou a trabalhar mais e voltou a ser o Gum que a gente conhecia dos treinamentos. Por isso achei que era a hora de dar uma nova chance, até porque comecei o ano com Anderson e Euzébio. O Anderson, aliás, é um jogador que eu adoro. Faz os dois lados do campo, com os dois pés, com velocidade, seriedade e treina como joga. São poucos jogadores que conheci assim. Aqui tem Edinho, Jean, Gum, Anderson… São poucos que conseguem isso.

Como você projeta o restante da sua carreira nos próximos anos?

Eu não projeto. Eu quero estar feliz. Não sei mesmo. Talvez mais três anos, quatro anos… Mas não projeto nada. Recebi propostas agora dos três maiores clubes dos Emirados Árabes, incluindo o Al Jazira e o Al Wahda. Estão sem técnico esperando a minha posição. Falei: “Poxa, espera aí, se o time foi eliminado da Libertadores, eles podem me demitir” (risos). Mas hoje, se eu saio do Fluminense, fico em casa até dezembro de férias. Seis meses. E as propostas foram muito superiores ao o que eu ganhava lá e ao que eu ganho aqui. Mas estou feliz no Fluminense agora. Meu contrato acaba em dezembro e vou ver meu momento até lá para decidir o que fazer, se vou estar feliz ou não.

Se o seu ciclo nas Laranjeiras se encerrasse hoje, teria faltado alguma coisa?

Claro. Faltou a Libertadores, não posso negar. Um dos grandes motivos foi esse, mas o Fluminense está indo todo ano e isso já é um negócio muito legal. Vimos a vibração do torcedor japonês, a primeira seleção classificada para 2014 e a quinta Copa do Mundo consecutiva que eles vão. Isso é fantástico. Agora volta tudo de novo. O mais difícil agora é entrar de novo na Libertadores. Por isso fica aquela obsessão. A Libertadores não é mais difícil do que chegar entre os quatro do Brasileiro. Eu penso assim. O que você encontra de maior dificuldade é a arbitragem, os campos ruins, grama artificial… É fora de bom senso. Outra coisa que não concordo são os times mexicanos. Não tem nada a ver. É futebol sul-americano. Depois um deles ganha e o vice vai para o Mundial. Outra coisa absurda é a tentativa de evitar dois times do mesmo país na final. É tão difícil copiar o que é bom na Europa, a Champions? Já pensou o que isso significou para o Brasil em 2005 e 2006? O que representou para a Alemanha neste ano com Borussia e Bayern? Se são os dois melhores, têm de disputar a final. Simples.

A obsessão pela Libertadores que você citou no início da entrevista atrapalha o Fluminense na busca pelo título inédito?

Sinceramente? Virou obsessão, mas não atrapalha. Não fizemos nada para sermos eliminados pelo Olimpia. Fomos o primeiro lugar do nosso grupo, batemos de um lado de confronto melhor do que o ano passado e fomos bem superiores ao adversário. Não justifica. Não tivemos a sorte que o Atlético-MG teve. Levaram bola na trave, evitaram gol certo e ainda teve o pênalti nos acréscimos. Teve a sorte do jogo, de campeão. Tivemos isso em 2012, creio eu. Mas não vejo assim. O Fluminense é um clube hoje que está disputando tudo. Tem chegado sempre nos últimos anos. Eu, como tricolor, me sinto orgulhoso. Flu chega à semifinal, final, é campeão, vice, terceiro… Está muito bom, porque não dá para ganhar tudo. Acho que é normal ter essa ambição.

A atual base do elenco do Fluminense foi formada entre 2009 e 2010…

(Interrompe a pergunta). Aí tem um grande dado que vale ressaltar bem. Acho que falei outro dia e ficou perdido no ar. Em 2009 foram cerca de 27 contratações. Por ano, o mínimo era de 10 a 11 jogadores. E como foi em 2011 e 2012? Apenas dez somados. Isso é projeto, é como trabalhamos para o clube. E ainda saíram vários. Se não me engano, o último jogador já fora do Fluminense que a Unimed ainda pagava alguma coisa era o Rodriguinho. Ele ainda tinha um pequeno vínculo que acabou no mês passado. Estamos usando muito a base. Não é só chegar e ganhar. Quantas vezes tivemos que colocar os meninos para jogar? E hoje vou falar uma coisa: se amanhã tiver problema, para mim Wellington Carvalho e Elivélton já são realidades. O Fábio, na posição que vem jogando, também deu um salto. Eduardo está bem, tem o Biro Biro, o Marcos Junior, o Rafinha, o Ronan… Muitos que estamos olhando. Esse entusiasmo da garotada, vê-los crescendo no futebol, não tem preço.

Acha que chegou a hora de uma renovação nesse elenco? Faltou contratar mais reforços no início da temporada?

Agora que não levou é fácil falar. Mas dominamos os dois jogos contra o Olimpia e ficamos fora. Jogando com o Fred com a costela fraturada… Aquilo que falei do Carlinhos uma vez, sobre a esposa dele ter perdido o bebê e ele mesmo assim ter jogado o Fla-Flu, mostra o comprometimento desse grupo. Segurar essa onda não deve ser fácil. Comprometimento é o que mais temos aqui hoje. Acho o seguinte: é normal que aconteçam algumas saídas nesse ano. Até o fim de 2013 essa base de jogadores terá completado um ciclo longo e tem hora em que é preciso mudar um pouco a cara da equipe.

Chegou essa hora, então?

Até dezembro isso vai acontecer, sim. Chegou a hora de mudar a cara. Seja a do time ou do treinador (risos).

O primeiro a sair foi o Wellington Nem…

Eu trabalhei em um clube que foi o clube da última década. De 2002 a 2010, quase uma década, foi o Internacional… Crescimento de 12 mil sócios para 120 mil. O que o Inter faz? Subiu muito porque apostou na base e teve a felicidade de todo ano fazer grandes atacantes. Luiz Adriano, que lancei no Mundial com 17 anos, Taison, Nilmar, Pato, outro que lancei no Mundial, Daniel Carvalho, Rafael Sobis, Leandro Damião, agora o Fred… Sempre também pegou jogadores baratos e se deu bem, como Alex e Oscar. Tem de vender um ou dois jogadores por ano. Você tem que fazer fluxo de caixa, tem de cobrar. E para cobrar tem de dar tudo direitinho para o jogador. Nós temos um trabalho de organização e logística muito bom. No Fluminense hoje não falta nada. Se precisa de voo fretado, eles arrumam, ficamos sempre nos melhores hotéis, melhores ônibus.. É necessário.

O Nem era considerado titular e foi uma peça importante na conquista do tetra em 2012. Quantos mais com essas características você admite perder?

Existem propostas. Se eu perder mais alguém, daquele bolo dos 14 ou 15 que mais jogam, serão no máximo mais dois. Não acredito que eu perca mais que isso.

O Carlinhos pode ser o próximo? A reposição na lateral esquerda é difícil…

O Taffarel (preparador de goleiros do Galatasaray) já falou comigo sobre o interesse do Galatasaray no Carlinhos duas vezes: no meio de 2012 e em janeiro passado. Agora não. Eu falei para ele levar o Thiago Carleto, um jogador que conquistou a posição de titular do São Paulo (nota da redação: Carleto se machucou no último domingo e só volta aos campos em 2014). Para os turcos, que jogam com o lateral subindo menos… E ele ainda tem a bola parada, mas parece que o treinador adora o Carlinhos. O Galatasaray está formando um time para em alguns anos ganhar a Champions League. Não gostaria de perdê-lo agora, mas seria a chance do Monzón. Se ele tiver de sair, eu subo o Ronan. Mas não sei mesmo. Dependendo do desempenho do Monzón, podemos comprá-lo ao fim do empréstimo. Agora não acredito que o Carlinhos saia. Mas acho que a reposição seria ainda pior na lateral direita. Tanto que o Felipão está levando meu segundo volante para improvisar ali.

E em termos de reforços para repor as eventuais saídas?

Não sei. Vai depender da posição. Temos interesse em quatro ou cinco jogadores. Mas pode ser que saiam alguns. Por exemplo: se sair um zagueiro, não vou precisar de reposição. Sinceramente… Elivélton, Digão, Wellington Carvalho são jogadores que vão fazer carreira. Digão estava em um entra e sai desde 2010. Teve algumas lesões e tal. Esperou, esperou… Zagueiro é diferente. Um garoto mais ofensivo, você coloca para jogar com 17 anos. Foi assim com Luiz Adriano e Pato no Mundial de 2006. A responsabilidade é diferente. Na frente você brinca de jogar futebol, atrás você tem de jogar sério. É completamente diferente. Eles precisam amadurecer mais. Eu me senti bem como zagueiro aos 28 anos. Não fui espetacular, mas a partir dali comecei a me sentir bem. Sabia que era um bom jogador, mas só aconteceu aos 28. Muitos outros zagueiros também passaram por isso. Já o Digão não. Ele tem uma coisa que pouca gente percebe: tem uma técnica acima da média para zagueiro. Às vezes ele vacilava por confiar demais no passe. Tem uma velocidade extraordinária e está corrigindo alguns defeitos, como o da primeira bola. Mas tem uma percepção muito grande. O Elivélton está seguindo esse caminho. Pode chegar um momento em que esta seja a zaga do Fluminense. Se sair um zagueiro, eu vou puxar definitivamente o Wellington Carvalho. Aliás, isso deve acontecer ainda este ano independentemente de qualquer outra coisa. O Ronan também, Fernando, Biro Biro…

Nessa linha, o Kennedy acabou de ser integrado ao elenco profissional. Tem algum outro jogador promissor da base na sua mira? Robert? Igor Julião?

O Julião é um cara que vai subir em breve. Não sei quando ainda, mas provavelmente em 2013 mesmo. O Robert também é bom jogador, mas esse ainda temos alguns acertos a fazer antes de levar para o time profissional.

Você acha que é importante para o Fábio, seu filho, sair do Fluminense para crescer na carreira?

O problema é que comigo muitas vezes ele nem joga. Vou dar um exemplo. No domingo, o Wagner pediu para sair. Estávamos vencendo por 2 a 0. Qual seria a opção correta? Colocar um volante para segurar. Mas entrou o Felipe que é um meia. Não precisávamos de um meia. Com o Fábio a recomposição seria muito mais rápida e liberava um pouco mais o Diguinho. Enfim, no fundo eu às vezes mais prejudico do que ajudo. Eu sei a importância que estou tendo para ele. Ensino muita coisa. Assim como Edinho, Felipe… Ele tem se espelhado muito em Jean, Diguinho. O que estava faltando ao Fábio ele conseguiu: uma agressividade maior para a posição. Tanto que foi o cara que mais roubou bolas na primeira rodada do campeonato. Prova que ele deu um salto. Agora, eu acho, sim, que vai ser melhor para ele sair. Ou então quando eu sair. Está naquele momento que para ele, Rafinha, Eduardo está sendo muito legal. Esse momento é difícil, mas, se o cara aproveitar e pegar bem o momento de observar, pode crescer muito. Às vezes, ele leva uma chegada mais forte, reclama e eu falo: “E você não chega em ninguém? Tem que treinar como joga. Você é reserva. Você tem que jogar. O titular treina, você joga”.

Como está projetando essa semana de treinos em Orlando?

Quer saber por que estamos indo para Orlando mesmo? Para não ter que dar uma folga grande aqui, para não ter que sair para uma pré-temporada… Lá serão quatro jogos. Três jogos-treinos e um amistoso. Já pensei assim: primeiro jogo, metade com titulares, metade com reservas. No segundo, a mesma coisa. No terceiro, só um dos times e, no quarto, a outra equipe. Vamos jogar. Depois do jogo contra a Portuguesa, no dia 12, os jogadores devem ganhar folga. A viagem será no dia 15. Voltamos no dia 23. Aí vamos ver o que fazer, mas em princípio não vai ter outra intertemporada no tempo restante antes do início do Brasileirão.

E qual o planejamento para o Michael após ter sido flagrado por uso de cocaína? Ele vai para Orlando?

Se depender de mim, vai. Será importante para ele. Mas depende de algumas coisas. Tem que ver a questão do julgamento, por exemplo.

Fora de campo, você acabou de abrir um restaurante de comida italiana no centro do Rio, tem outro em Portugal… É uma área que você gosta?

Levei o Leomir e Marquinhos para conhecer o restaurante outro dia. É um negocinho em que eu entrei. O nome é Único, embaixo do prédio da SulAmérica, na Rua da Quitanda, no Centro, ao lado do Manekineko. Está simplesmente lindo. Antes de inaugurar, fizemos até uma degustação. Tem um linguine com molho de lula e camarão… Está bonito demais. Em Portugal eu sou sócio de um restaurante desde 1991. Eu amo restaurante. Se eu pudesse, jantaria todos os dias na rua. Agora não dá porque estou de regime. Almoço para mim é zero. Hoje foi só shake. No máximo uma salada e um grelhado.

Realmente você emagreceu recentemente. Perdeu quantos quilos?

Sete quilos. Cortei carboidrato à noite e estou praticamente com apenas uma refeição. Só que ela é errada, porque acontece à noite, à base de carne branca e salada. Mas o que eu não tiro é o meu vinho. Isso de jeito nenhum.

*Fotos: Agência Photocamera