Hoje com 351 jogos pelo Fluminense, Diego Cavalieri chegou ao clube num momento complicado de sua carreira. Teve passagens complicadas no Liverpool, da Inglaterra, e no Cesena, da Itália, antes de pintar nas Laranjeiras em 2011. Campeão carioca e brasileiro em 2012 e da Primeira Liga em 2016, o goleiro recorda como foi o período antes de chegar ao Tricolor e conta qual foi o arrependimento maior que teve na carreira.
– Foi mais o desespero de querer jogar. Poderia ter saído de outra maneira, emprestado, mas com vínculo com o Liverpool. Rescindi e acabei indo parar na Itália, num time que fazia 19 anos que não subia pra Primeira Divisão. Aí acabou acontecendo tudo ao contrário do que tinha sido planejado, conversado. Foram quatro meses de muito aprendizado. O arrependimento é esse, rescindir sem saber para onde estava indo. Tinha a angústia de jogar e a janela estava fechando, no fim de agosto. Isso foi decidido nos últimos cinco, seis dias de janela. O treinador na Itália conhecia o meu empresário chamou, falou que eu iria ajudar. Pensei que seria uma porta aberta. Quando cheguei no Cesena eles levaram o Antonioli também, eu batia figurinha dele quando eu era moleque. Aos 41 anos, fininho. Cara gente boa também. E aí quando foi começar o treinador falou que iria começar com ele porque eu tinha dificuldade da língua. Eu cheguei lá faltava pouco tempo pra começar o campeonato. Aí fomos jogar com a Roma lá em Roma e o Antonioli só não fez chover. Aí eu pensei: “minha batata assou aqui” (risos). Aí segundo jogo foi nós e Milan em casa. Foi 2 a 1 nós e ele pegou tudo, inclusive um pênalti. Aí que falei “agora já era” (risos). Aí o treinador chegou depois do jogo e falou que eu iria ter de esperar. Eu já sabia. Pô. Nem tive oportunidade. Aí que pensei que não iria esperar. Se fosse pra esperar, esperava onde estava, onde tinha uma situação melhor (Liverpool). Aí começou tudo. Negócio de casa que os caras tinham prometido me dar. Não deram. Fiquei trancado num hotel. Carro também prometeram e não deram. A cidade pequenininha e os caras me enrolando e nada do carro. Aí pra resolver as coisas no centro tinha de alugar bicicleta na saída do hotel. O que pesou foi isso também, de não terem me dado as coisas que prometeram. Aí você vai ficando louco, preso no hotel o dia inteiro. Então eu pensei em tentar ver o que conseguia, falava com o presidente todo dia. Ele falava que tinha de esperar o fim do ano, porque o campeonato para. Falava que eu não estava legal, sem conseguir dormir. Ele disse que podia ligar pra ele, eu ligava às 3 da manhã. Nos primeiros dias ele me atendeu, depois não atendeu mais. Foi aí quando ele falou que em dezembro o campeonato parava e me deixaria livre, não iria me atrapalhar. Questão de jogar ou não tudo bem, não tá escrito que tenho de jogar. Mas se fosse pra esperar, eu esperava onde estava. Aí ele me deixou livre e foi quando apareceu o Fluminense na minha vida – contou.