Fala, galera!
Durante a entrevista coletiva após o Fla x Flu que resultou na nossa eliminação, o treinador do Fluminense disse estar orgulhoso. O torcedor tricolor, esse acho que é quase impossível ter o mesmo sentimento que Abel Braga. Procuro entendê-lo, afinal, é o comandante do grupo e vive diariamente com eles. Mas nós, torcedores, que não estamos de passagem pelo Flu, que vamos morrer com essa camisa no peito, não temos motivos para se orgulhar.
Não sinto orgulho de ser chacota dos adversários. Nos últimos anos, o Fluminense perde a maioria dos clássicos. Dificilmente superamos Vasco, Flamengo e Botafogo. Seguindo esse retrospecto, passaremos a ter freguesia, acreditem, até para o time de General Severiano.
Não sinto orgulho de viver um jejum de cinco anos sem títulos. A Primeira Liga, que ninguém liga, em breve deverá ser extinta e não pode ser considerada como um triunfo. Em 2016 estive em Juiz de Fora para assistir a final e comemorei o que imaginava ser o início de uma nova era do futebol brasileiro. Tolo! Ano que vem o jejum aumenta.
Não me orgulho de torcer para um time falido. Peter Siemnsen deixou o Fluminense com um rombo milionário e ainda conseguiu ter as contas aprovadas pelo conselho deliberativo, numa votação quase simbólica. Não há dinheiro para a contratação de jogadores que dariam mais retorno dentro de campo e, muito menos, cumprir com os vencimentos do elenco limitado desta temporada.
Nada me orgulha jogar num estádio que não me pertence. O Maracanã, principalmente após a reforma para a Copa do Mundo, tem cada vez menos identidade com o Fluminense. Com o estádio das Laranjeiras abandonado, o Flu tem seguidos prejuízos atuando no “Maior do Mundo” e deverá, em breve, ver o maior rival tomando posse dele.
Sem casa e com um programa de sócio-torcedor muito limitado, principalmente no aspecto cadastral, nada me orgulha ver cada vez menos torcedores na arquibancada. O Fluminense não tem um plano de marketing que permita o torcedor se associar em massa. Nesta semana esgotou o prazo para que novos associados tivessem direito a voto nas próximas eleições, que se realizarão em 2019. Não teve campanha alguma do clube para angariar novos sócios. Por que será?
Não me sinto orgulhoso de ver a movimentação da gestão em reforçar cada vez mais os esportes olímpicos e cada vez menos o futebol. É Fluminense Football Club. Não somos regatas, tênis, vôlei ou basquete clube. A prioridade é o futebol! Essas modalidades ganham patrocínio master, parceiros e gestores. Sem futebol o Fluminense não existe. Sem o restante, com certeza!
Desde a saída da Unimed e, sem seguida, do grupo Viton 44, o Fluminense não tem a capacidade de captar um patrocinador master ou de gerar novas fontes de receita. Gastamos mais do que recebemos. Não me orgulha o pensamento pequeno, de time de menor expressão. O Fluminense precisa estar cercado de pessoas com a mentalidade vencedora, que não se conforma com as derrotas e com o insucesso. Conformismo é o retrato da gestão atual.
Não me orgulho de ver o Fluminense queimando seus ídolos ou quem contribuiu muito para o sucesso recente do tricolor, por conta de ego de quem o dirige. Mais uma briga para fugir do rebaixamento, sem uma luz no fim do túnel por dias melhores. No lugar de orgulho, infelizmente, sinto vergonha. Esse não é o clube que todos nós, torcedores, amamos.
Devolvam o nosso Fluminense, antes que seja tarde demais!