Site tenta explicar segredo das cobranças de pênalti de Henrique Dourado

Atacante do Fluminense é mortal na marca da cal

Dourado fez seis gols de pênalti já neste Brasileiro (Foto: Lucas Merçon - FFC)

Artilheiro do Campeonato Brasileiro com 13 gols até o momento, Henrique Dourado balançou as redes adversárias seis vezes na competição batendo pênalti. O aproveitamento é de 100% no quesito. O Ceifador, na verdade, é mortal na marca da cal em toda a sua carreira. Com isso, o site da ESPN tenta desvendar o segredo do atacante do Fluminense.

Dourado só errou uma vez uma cobrança de pênalti. Foi num jogo entre Palmeiras e Atlético-MG. À época no Verdão, ele converteu a cobrança original, mas o árbitro mandou repetir e o atacante mandou a segunda para fora.

 
 
 

Veja toda a análise feita pelo portal sobre a forma como Dourado bate e converte suas penalidades:

“Não é à toa o bom aproveitamento de Henrique Dourado em batidas de pênaltis. E essa técnica desenvolvida por ele para este momento específico do jogo tem alguns pontos importantíssimos. Claro que ele carrega consigo também a boa capacidade de colocar a bola em lugares mais difíceis para os goleiros chegarem, mas também existem algumas questões que vão além disso.

A primeira questão é a abordagem dele para cada goleiro. Sua forma de bater muda um pouco de acordo com o adversário que vai ter pela frente. E para isso, ele usa muito do estudo comportamental destes rivais. Atualmente o futebol conta com departamentos de Análise de Desempenho que auxiliam muito neste caso – inclusive dos batedores para os próprios goleiros também observarem.

Mandam os lances para os jogadores assistirem repetidamente, além de relatórios, tanto estatísticos quanto de detalhes corporais, de decisões ou mesmo de padrões de escolha.

Henrique, por sua vez, vai um pouco contra o que é comum. O grande aproveitamento de goleiros em cobranças de pênaltis na atualidade vai muito de encontro destes conteúdos estudados. Os jogadores de linha, por sua vez, estão demorando um pouco mais para mergulhar de cabeça nestas vantagens. E o atacante do Fluminense consegue absorver muito bem este conteúdo.

Ao chegar ao jogo, já tem consigo algumas características importantes do goleiro que terá pela frente em caso de penalidade máxima. Talvez a grande informação que ele precise é se esse goleiro é “dependente” ou “independente”.

No caso do adversário ser dependente, isso quer dizer que se trata de um goleiro que espera algum tipo de sinal do batedor para tomar sua decisão e escolher um canto. Ou seja, ele espera ao máximo para agir e, muitas vezes, acaba deixando o batedor indeciso, aumentando as chances de uma batida não tão efetiva. Normalmente os goleiros de maior envergadura tomam esses tipos de medidas.

Agora, se esse goleiro é independente, ele vai para o lance com uma ação já pré-decidida. Seja por ter estudado aquele batedor ou mesmo por instinto. Ele não depende de um sinal ou gesto técnico/corporal do rival para escolher o lado. Goleiros com envergaduras menores, geralmente, têm esse perfil. Muito por garantir a chegada “inteira” em dos cantos da meta.

Mas essas nomenclaturas explicadas acima para os goleiros também são usadas para batedores. E a definição é a mesma. O batedor independente ele vai para a cobrança com o lado ou local para bater já decidido. Independente do que ocorra durante a corrida para a bola, ele não vai trocar. Simplesmente por não estar confortável para tal. Agora existe o batedor dependente, que é exatamente o perfil de Henrique Dourado.

Perceba que, quando corre para bola, o centroavante do Fluminense retarda ao máximo a batida. Faz a paradinha antes de chegar para a cobrança – que a regra não impede – e não tira os olhos do goleiro. Consegue ter uma noção espacial, tanto da dimensão do gol quanto da distância que está da bola, muito apurada. Nessa corrida para a bola espera o sinal do goleiro. Ele pode ser um gesto corporal, uma feição ou mesmo uma caída precoce para um dos cantos.

E é aí que entra a outra grande qualidade de Dourado neste momento: a capacidade de trocar de canto muito em cima da batida. O que para muitos jogadores se trata de algo que afeta determinantemente a qualidade do contato com a bola, para ele é natural. Seu gesto técnico pouco muda e, durante a definição do goleiro, ele consegue escolher e tirar a bola do alcance.

A posição do pé de apoio, sempre muito bem fixo à lateral da bola, é de grande importância para tudo correr bem, já que o camisa 9 geralmente não bate com grande força na bola.”

Confira o gráfico das cobranças de Dourado no Brasileirão:

Arte: ESPN