Quase dois meses após a eleição do Fluminense, Mário Bittencourt, pela primeira vez, se pronuncia sobre o momento do clube. Em post no Facebook, o candidato derrotado faz críticas à gestão Peter Siemsen, se defende das contratações realizadas no período que esteve no clube como vice-presidente de futebol, faz cobranças e uma revelação: O Tricolor tenta a contratação do lateral-esquerdo Cortez, ex-Botafogo e São Paulo. Confira na íntegra:
Boa tarde tricolores. Quase dois meses após a eleição resolvi fazer uma análise de tudo o que está ocorrendo na “nova gestão” do Fluminense. Nova gestão? Ou continuidade da suposta melhor gestão do clube nos últimos anos? Abad, o fiscal de toda a gestão Peter e que agora diz não saber dos rombos deixados no clube, foi eleito com o discurso da continuidade de seu antecessor.
Agora a gestão defende um suposto modelo implementado no futebol com os pés no chão, diferente daquilo que vinha sendo implementado pelos antecessores. Os antecessores não seriam eles próprios? Não venceram a eleição como situação?
Não possuem um centavo no caixa pelo rombo deixado, nenhuma experiência no futebol e não conseguem ganhar nas negociações nem do Bahia, mas para justificar dizem que implementaram a política de pés no chão.
Outro dia vi uma entrevista do Abel dizendo que um atleta foi para o Bahia e não veio para o Fluminense trocando uma BMW por um fusca. Abel, a frase não seria: “os pilotos do fusca são melhores que os da BMW?”
Espero que divulguem com transparência os valores da folha de todo o futebol profissional para que ao final do ano possamos comparar os resultados com os valores investidos e com os resultados dos últimos anos, estendendo a comparação também ao desempenho de nossos rivais.
O Trabalho não é difícil. Para ser melhor do que os anos anteriores, basta ficar entre os 6 primeiros do brasileiro e chegar a uma semifinal de Copa do Brasil, já que esses são os melhores resultados do clube desde o título de 2012 quando ainda tínhamos o grande investimento da Unimed.
Espero que se Sornoza e Orejuela (duas ótimas contratações na minha opinião) deem certo, digam que a contratação foi do Jorge Macedo e que se o time der liga e for bem suscedido nos campeonatos, lembrem que 80 por cento do elenco já estava no clube sem nenhuma ingerência da “nova gestão” na montagem.
Quando sai do departamento de futebol, em fevereiro de 2016, a folha salarial do time profissional do Fluminense (apenas atletas) girava em torno de 5,5 milhões de reais mensais já com encargos, e o time contava com jogadores como Fred, Diego Souza e Marlon. Devíamos naquela época estar entre a oitava e décima folha salarial do país.
Pelos números apresentados, ao final de 2016, a folha chegou a cerca de 7,7 milhões de reais, com as 9 ou 10 contratações feitas no meio do ano, sem jogadores como Fred, Diego Souza e Marlon e agora querem voltar a uma folha de 5,5 milhões, ou seja, voltar à filosofia que era a adotada na época em que eu estava lá. Não falaram a verdade na eleição por que?
Os anos de 2015 e 2016 foram de transição, de apostas e de alguns riscos. Era “passar a chuva” para ajeitar para 2017. Agora estão tendo que recomeçar todo o trabalho por terem desfeito em 2016, inclusive, com a saída do maior ídolo do clube. Reconstruir requer paciência e tempo. Por isso não farei como eles, criticando contratações, dispensas e etc. Só poderemos avaliar o ano em dezembro.
Avalio e critico a postura, e, com todo respeito, ela tem sido até o momento de um clube mediano e sem ambição. Em todas as áreas. Não falo só do futebol. O Fluminense pode passar por altos e baixos, mas o pensamento deve ser sempre de um clube grande e especialmente arrojado. Não vi até agora esse arrojo.
Achei boa a contratação do Lucas, mas os nossos atuais dirigentes podiam apenas lembrar ao torcedor que ele é mais um jogador do Eduardo Uram.
Podiam também informar que estão tentando a contratação do Cortez para a lateral esquerda empresariado pelo mesmo Uram. Nada contra e nada demais.
Eduardo Uram é um dos maiores empresários de atletas do futebol brasileiro e possui uma gama enorme de jogadores. Absolutamente normal que esse ou aquele empresário tenham alguns jogadores no clube. Basta olhar o Palmeiras. Lá existem vários jogadores desse empresário e de outros.
Só não podemos esquecer que um dos argumentos para tentar destruir minha biografia (18 anos de clube não são 18 dias) era de que eu possuía algum tipo de relação “estranha” com o referido empresário. Mais uma farsa de campanha e que agora cai por terra.
Um dia vou contar, expor e comprovar aqui que a relação comercial entre o clube e o referido empresário já existia muito antes de minha passagem pela vice-presidência de futebol. Se eu não contar, o Marcelo Teixeira e o Peter contam para vocês, e explicam como faziam os times da base viajarem para torneios internacionais.
Vou explicar para vocês também como eles fizeram a contratação do Martinuccio em 2011 com salário indexado ao Dólar e que gerou ao clube uma ação na justiça (paga com dinheiro da venda Gérson à vista) de cerca de 5 milhões de reais. Tudo decidido pelo então Presidente Peter e seu assessor Teixeira.
Algo irregular? Não. Claro que não. Apenas decisões tomadas na época por eles que sem coragem de assumir perante o torcedor, jogavam na conta dos outros. Tudo fato público e notório, mas que na avalanche de informações da atualidade, cai no esquecimento. Eu não esqueci e não deixarei nosso torcedor esquecer. Tem muita coisa, muito mais coisa.
Quem manda no futebol profissional do Fluminense? Até agora não sei. Não consegui identificar. Como sócio e torcedor preciso saber a quem cobrar. Abad? Teixeira? Veiga? Torres? Quem é o grande comandante do sucesso e que será o cara que vai botar a cara se os resultados não saírem?
O certo é que o Presidente e o Vice de Futebol assumam a bronca protegendo seus comandados, mas como na minha época o presidente não aparecia nem para demitir ou exonerar as pessoas por falta de coragem, eu ficava com a conta.
Uma coisa lhes afirmo: se o resultado for positivo, Marcelo Teixeira dirá que ele foi o grande mentor, junto com Abad e Veiga. Se der errado, ele dirá que fazia apenas parte da transição base/profissional.
Ah…não posso me esquecer e tenho que cobrar. Durante a campanha, Abad disse que teria uma espécie de formulário no Departamento de Futebol onde estaria lá registrado quem foi a favor e contra as contratações e dispensas dos atletas.
Ele, Abad, colocaria o nome dele lá opinando sobre todos os jogadores. Eu achei estranho como poderia um presidente de um clube ser contra uma contratação num formulário e mesmo assim assinar o contrato. Fico imaginando este funcionamento numa grande empresa. Mas como foi uma promessa inovadora, gostaria de ver como está funcionando.
Nós, sócios e torcedores, teremos acesso a esse formulário? O Formulário está em vigor? O Presidente, sendo o comandante maior, possui poder de veto? Qual o objetivo do formulário? Se eximir de responsabilidade dos insucessos? Ou capitalizar para si os votos “sim”? O integrante pode se abster? Tipo “lavar as mãos”? Gostaria de ver o formulário da contratação do Lucas e saber quem foi contra e a favor. Qual foi a votação?
Vamos cobrar aqui item por item prometido na campanha. Contas em dia, time bom, ídolos, formulários de contratação e muitas outras coisas. Não só no futebol. Que fique claro. Vamos cobrar na piscina, no bar do tênis, nos esportes olímpicos, nas finanças, no marketing, na comunicação e especialmente na relação com o torcedor. Assim como Abad, serei fiscal. Não da Receita, mas das promessas!!!
Mário Bittencourt