Colunista do jornal O Globo, Carlos Eduardo Mansur, faz uma análise do que chama “Identidade Tricolor”. O jornalista avalia o ano do Fluminense, a montagem do elenco e um fato que tem desagradado alguns torcedores: jogadores outrora vitoriosos e identificados com o clube, jogando em equipes brasileiras. Confira:
Identidade tricolor
Não é só da alma que o Fluminense deve se ocupar. Aos erros de 2016, somam-se circunstâncias cruéis que a nova temporada apresenta.
A ruptura com o antigo patrocinador, há dois anos, não trouxe o temido caos imediato. Veio uma transição lenta, um declínio gradual da qualidade técnica do elenco. Em 2017, o time que, no papel, surge como o menos inspirador time tricolor no pós-Unimed verá bem próximo o fantasma do passado recente: Fred, Thiago Neves, Wellington Nem, Rafael Sóbis, Conca, Cícero… Nunca tantos símbolos de um Fluminense pujante povoaram clubes rivais. O contraste e as memórias afetivas afloram.
O remédio é abraçar uma identidade. Nos últimos anos, prosperou nas Laranjeiras uma visão de clube formador, antídoto contra as dificuldades de igualar as receitas dos maiores arrecadadores do país. Havia lógica, conceitos claros, passos planejados e frutos. Mas este Fluminense só existia até o sub-20. No topo da pirâmide, a velha pressão por resultados gerava instabilidade, imediatismo e uma corrida ao mercado que fazia do Fluminense uma grande contradição: o clube formador gastava demais com um pacote de jogadores medianos.
Não se faz time só com jovens, tampouco combina com o clube formador iniciar o ano tentando dar destino a jogadores que, acredita-se, a produção caseira poderia suprir. O cenário parece ameaçador. Achar o equilíbrio e acreditar num projeto de clube é a melhor forma de o Fluminense lidar com ele.