Abel Braga está de volta ao Fluminense, em sua terceira passagem como treinador. Campeão carioca em 2005 e 2012 e Brasileiro em 2012, soma tem 217 jogos dirigindo o time, com 114 vitórias, 44 empates e 59 derrotas. O site Globoesporte.com enumerou os momentos marcantes do profissional a frente do Tricolor.
Título carioca aos 47 do segundo tempo
Após bons trabalhos na Ponte Preta e no Flamengo, Abel Braga chegou ao Fluminense em 2005 com uma dura missão pela frente. O time “galáctico” de 2004 havia sido desmontado: Ramon, Roger, Edmundo e Romário não seguiram na equipe, e o novo elenco foi montado do zero.
Com o dedo de Abelão, reforços pontuais e muitos garotos, o Tricolor fez grande campanha na Taça Rio – goleou o Flamengo na decisão por 4 a 1 – e se classificou para a decisão do Carioca contra o Volta Redonda, campeão de uma edição de Taça Guanabara na qual os pequenos foram protagonistas. Ao melhor estilo Fluminense, a virada aos 47 minutos do segundo tempo com gol do zagueiro Antônio Carlos levou o 30º troféu do Estadual para as Laranjeiras e marcou Abel Braga na história do clube.
Frustração na Copa do Brasil
A grande campanha do Fluminense continuou em 2005. Ao fim do primeiro semestre, o Tricolor bateu na trave mais uma vez por um título que ainda não havia conquistado, o da Copa do Brasil. De quebra, Abel Braga, que havia sido vice com o Flamengo em 2004, diante do Santo André, ficou estigmatizado.
Após quase cair na primeira fase contra o Campinense, em confronto marcado por agressão que valeu suspensão de 180 dias ao meia Felipe, grande reforço tricolor para o ano, o Flu bateu Esportivo, Grêmio, Treze e Ceará antes de chegar à decisão contra o Paulista de Jundiaí. A derrota fora de casa por 2 a 0 não tirou a empolgação da torcida, que lotou São Januário para o segundo jogo. A pressão, entretanto, não foi suficiente, e o empate sem gols fez Abel e o Flu morrerem na praia mais uma vez.
Espera de 87 dias em 2011
Após uma dura separação no fim de 2005, a relação entre Abel Braga e o Fluminense teve sinais de aproximação várias vezes. Em 2011, após demitir Muricy Ramalho, campeão brasileiro no ano anterior pelo clube, o Tricolor contratou o treinador e esperou 87 dias pela sua chegada, até que o vínculo com o Al-Jazira, dos Emirados Árabes Unidos, terminasse. O compromisso foi verbal, mas Abelão cumpriu com a palavra.
Enderson Moreira, até então, assumiu como auxiliar permanente e classificou o Flu para a segunda fase da Libertadores de maneira heroica, contra o Argentinos Juniors, na Argentina. A volta do técnico ficou marcada pela apresentação com antigos companheiros de clube – como zagueiro, Abel atuou pelo Fluminense entre 1971 e 1976 – e pela declaração marcante que cravava seu retorno.
– Continua tudo da maneira que estava. Tenho um compromisso verbal com o Celso (Barros, presidente do patrocinador) e com o presidente do clube. Não fugirei jamais desse compromisso – afirmou Abel, à época.
A chegada de Abel, em junho de 2011, fez o Fluminense virar a chave. O time era até então irregular após o tricampeonato brasileiro, após a demissão de Muricy Ramalho e a gestão de Enderson Moreira. A campanha do returno, em que o Tricolor foi líder, tirou a equipe do meio da tabela e alçou à briga pelo título. Jogos sensacionais como o 5 a 4 contra o Grêmio no Engenhão ou a goleada sobre o Figueirense por 4 a 0 no Orlando Scarpelli – o Figueira era o vice-líder do segundo turno. Na antepenúltima rodada, o Fluminense pegava o Vasco no Engenhão ainda com chances de ser campeão. Não deu, mas a semente plantada pelo treinador deu frutos no ano seguinte.
Enfim, campeão brasileiro
Em 2012, o Fluminense manteve a base da equipe que venceu o segundo turno e ainda contratou grandes reforços: Bruno, Jean, Wagner, Wellington Nem e Thiago Neves. A receita do sucesso se viu durante toda a temporada. O ano foi quase perfeito para o torcedor.
No Campeonato Carioca, título da Taça Guanabara sobre o Vasco em atuação de gala de Deco no Engenhão. A Taça Rio claudicante, com o time focado na disputa da Libertadores, não foi problema. Na decisão, goleada sobre o Botafogo no primeiro jogo e vitória simples no segundo. Abel era novamente o responsável por levar o Tricolor ao título.
O Brasileirão começou e o Flu não deu chance para os rivais. A campanha incrível, em campeonato irretocável do time de Abel Braga, fez a equipe levar o caneco de maneira antecipada. A glória maior. Imortalizado, Abelão colocou seu nome na lista de maiores treinadores da história do clube.
Demissão em clube diferente
A demissão foi um capítulo à parte. Os dois anos à frente do Fluminense faziam de Abel Braga o treinador há mais tempo no comando de um time brasileiro à época. Mas nem isso foi suficiente para resistir às cinco derrotas seguidas no Campeonato Brasileiro e à entrada da equipe na zona de rebaixamento. Em 29 de julho de 2013, Abelão era demitido do Tricolor.
Sua declaração resumia o momento. Resignado e vendo o time tetracampeão brasileiro se desmontar aos poucos, Abel admitiu o mau momento.
– Se eu fosse dirigente, eu também mudaria o treinador. Fica o meu agradecimento a todos, sem exceção. Um agradecimento enorme por ter me proporcionado esses momentos. Foram 26 meses, coisa rara no futebol brasileiro. Era hora de mudar. Vou repetir uma frase que disse para um jogador. Algum gênio escreveu isso. O covarde nunca tenta, o fracassado nunca desiste e os vencedores sempre sabem onde querem chegar – resumiu o treinador.
Na entrevista coletiva, o treinador recebeu uma miniatura da taça do Campeonato Brasileiro conquistado no ano anterior, algo que mexeu com Abel.
– É por isso que esse clube é diferente – disse.