Carlos Eduardo Cardoso abriu mão de sua candidatura e fez uma junção com a chapa de Pedro Abad, postulante à presidência do Fluminense pela situação. Há pouco tempo, porém, o advogado se dizia ser um opositor genuíno. Criticou também o memorando de intenções para a possibilidade da construção de um estádio, anunciado por Peter Siemsen, principal cabo eleitoral de Abad. Chamou de factoide a tentativa de Peter.
Além disso, Cacá, quando questionado se abriria mão de ser cabeça de chapa para se unir a outro candidato, afirmou ser improvável. Sobre Edson Passos, Abad se mostra um entusiasta dos jogos no estádio e cogitou, até mesmo, ampliação. Cacá pensava diferente. E ainda sobre as ressalvas de Pedro Abad, o então candidato também criticou a possibilidade de outras pessoas terem de representar o presidente em negociações com o poder público. Confira algumas das declarações do ex-candidato que contradizem a opção atual:
18 outubro
Existe oposição genuína?
– Existe uma oposição genuína sim. Apesar de ter participado da gestão Peter como seu vice-presidente jurídico, nunca fiz parte de nenhum grupo político nas Laranjeiras. Sempre foi um colaborador, vamos chamar assim, autônomo, de forma individual. Nunca fiz parte de grupo A, B ou C. Nessas condições que fui convidado a participar da diretoria dele e assim eu fiz até o momento que não deveria mais permanecer. Por essas razões, não me sinto uma pessoa comprometida com um grupo de situação.
28 outubro
Não abre mão de ser presidente
– Tudo vem de um entendimento. Se houver, vamos avaliar. Eu, da minha parte, acho difícil. Depois de tanto esforço para unir dois grupos qualificados como o Flu 2050 com tantos tricolores ilustres, como Almeida Braga, da Icatu, o Renha, vice-presidente da Brokefield, o Sandro, vice-presidente da Coca-Cola internacional no Brasil. Mais a Verdade Tricolor, com grandes empresários, tendo à frente o Diogo (Bueno, vice geral da chapa). É difícil abrir mão da candidatura. Buscamos o entendimento, mas objetivando a gente encabeçar a chapa. Temos a melhor equipe e projeto. Se novas ideias puderem ser absorvidas no projeto, ótimo. Difícil eu abrir mão. Mas confio no bom senso e entendimento de outras chapas comigo, com tantos anos de história no clube, torcedor da arquibancada, fui nadador do clube na minha infância e adolescência, acredito ter todos os predicados para levar o Fluminense a ser vencedor, voltar a ser um modelo de gestão para os demais clubes do Brasil.
1 novembro
Sobre Edson Passos
– Tem sido um remédio momentâneo do Fluminense. Mas eu tenho uma visão diferente. Estádio de 10 mil lugares é apequenar o Fluminense. Temos que trazer de volta o torcedor, investir forte no futebol, com grandes nomes, mesclados com jovens formados em Xerém. É trazer no estádio com 30, 40, 50 mil pessoas. Não podemos nos conformar com estádio para 10 mil lugares. Sem demérito algum a Edson Passos, tenho ido aos jogos lá, tem nos acolhido. Mas o Fluminense é enorme e não pode ficara jogando para 10 mil pessoas toda hora – disse.
2 novembro
Memorando de intenções
– Não vivo me enganando não, nem de inventar factoides pra ganhar eleição. A verdade é o seguinte, o Maracanã está ali e é a casa do Fluminense. Podemos até dividir outro clube, mas não abriremos mão do Maracanã jamais. Um clube que tem 400 milhões de dívida, um terreno que é um lodaçal e via gastar ali, no mínimo, 400 milhões. Temos um grupo de empresários e estamos com pés no chão, mapeando, analisando. Temos que ter cautela, evitar fazer falsas promessas para ludibriar, enganar o sócio do Fluminense. Comigo não.
3 novembro
Se dizia oposição
– Desde o momento que não sou apoiado pelo presidente Peter, sou oposição. Não sei se tem manipulação. Mas é óbvio que quem está na administração tem acesso a dados dos quais não tenho e os outros candidatos também. Isso é uma coisa conflitante com o espírito democrático que reina no país. O estatuto do clube precisa ser remodelado. Não é possível que com apenas 15 dias antes da eleição eu leve minhas propostas aos sócios do clube. O associado precisa ter calma, tranquilidade, estudar as propostas e escolher seu melhor candidato.
7 novembro
Reclama do futebol
– Só tenho a lamentar a falta de planejamento que vem perseguindo os rumos do Fluminense nos últimos três, quatro anos. É lamentável o que vem acontecendo com o futebol tricolor. A minha candidatura tem, justamente, o foco principal no futebol. Na gestão e no futebol e acabar com essa pouca vergonha que o time vem demonstrando em campo, fugindo às suas tradições gloriosas de sua história centenária. Essa demissão só culmina com a falta de planejamento desse ano e dos anteriores. É uma sequência que não é de agora. Lembro o 5 a 2 para o América-RN em 2014 e de outras vergonhosa partidas e isso tem de acabar e vai acabar a partir do dia 26 se Deus quiser.
13 novembro
Por que virou oposição?
– Minha amizade com o Peter é anterior à campanha de 2007. Conheço ele há muito tempo. Fiz campanha, lutei com ele junto para sua candidatura ser vencedora em 2007. Perdemos. Estive juntos nas vitórias seguintes. A relação era boa. Acontece que algumas coisas dentro do clube se saltam aos olhos. Ele conduzia de maneira muito centralizadora. Esse e-mail do Abad, de mentir, mentir, mostra isso. Eu, pela nossa amizade, fiquei até muito tempo na gestão. Saí quando não dava mais. Será que não é essa forma sem firmeza e comando que acabaram prejudicando o Fluminense?
13 novembro
Critica Pedro Antônio e Peter Siemsen, possíveis procuradores de Abad
– Realmente, são formas de agir que não encontram acolhidas no meu modo de entender. Se a pessoa tem restrições estatutárias, acho que, dessa forma, é inviável uma candidatura assim. Diria até que é uma fraude eleitoral. Você está votando em alguém, mas quem vai governar de fato são outras pessoas. Repudio e sou veemente contra esse tipo de iniciativa. Com mais de 30 anos de advovacia, isso não pode acontecer na prática. Me admira o Fluminense agir dessa forma. Acho um absurdo, uma temeridade e uma afronta ao estatuto, a lei maior do clube.
13 novembro
Critica procuração que Pedro Abad teria de passar a outros
– Para deixar bem claro, a procuração é um instrumento que delega poderes, mas a responsabilidade sempre permanecerá. Então, a procuração não desvincula o eventual conflito de interesses entre seu outorgante e aquele que receba a procuração. O conflito de interesses existirá, claro. Se a procuração mantém a responsabilidade do outorgante, ele continua sendo presidente e responsável por tudo que aconteça no clube. Isso que acontece na prática. Posso afirmar isso com segurança.
13 novembro
Critica ressalvas e diz que Pedro Abad não seria um presidente pleno
– Não pode participar do processo do Maracanã envolvendo o Governo no Estado. Não pode participar de uma eventual renovação com a Caixa Econômica Federal. Não pode participar de qualquer outro processo envolvendo entes públicos – municipal, estadual e federal -, autárquicos, em geral. Estou elencando diversos momentos em que podem estar presentes numa mesma mesa diversos presidentes de clubes do Brasil e o do Fluminense não. Porque não pode aparecer, participar, assinar. E aí o Fluminense fica como? É um prejuízo para o clube sim, Pedro Abad. O torcedor não vê o presidente representar o clube ali.