Foto: Leandro Dias - NETFLU

Um dos candidatos à presidência do Fluminense, Celso Barros concedeu entrevista para o site O’Tricolor. O médico foi questionado sobre diversos assuntos, mais específicos, como a relação entre o clube e a Unimed, investimentos e projetos. Veja na íntegra abaixo:

O´TRICOLOR.COM – O que fez a parceria entre Fluminense e Unimed acabar do ponto de vista da Unimed?

 
 
 

CELSO BARROS – A economia brasileira entrou em crise e o mercado de seguro-saúde acompanhou. A UNIMED-RIO precisou, para atender a ANS, enxugar os investimentos, e um dos projetos prejudicados foi o do marketing esportivo com o Fluminense. A saída foi negociada e discutida com o presidente do Fluminense. E é importante ressaltar que o escritório do presidente do Fluminense assessorou juridicamente o encaminhamento.

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O´TRICOLOR.COM – Por que a Unimed nunca redirecionou seus investimentos para Xerém ou para a reformulação e rejuvenescimento do elenco, se ela era uma investidora em direitos econômicos e poderia lucrar na venda futura? O fato de ter investido muito além do patrocínio sem ter tido o retorno direto sobre o investimento, embora não tenhamos acesso a informações sobre o retorno de marketing da empresa pesou na decisão da Unimed de terminar a parceria? O que a Unimed ganhou e perdeu com a parceria com o Fluminense?

CELSO BARROSSeparemos os temas. Comecemos por Xerém. O plano de investimento do projeto de marketing Fluminense/Patrocinadora era decidido em conjunto. O Fluminense sempre preferiu ele mesmo tocar o futebol de base. Na gestão do presidente Peter, essa decisão do Fluminense ganhou o ar de estratégia. O presidente entendeu que os jogadores da base não poderiam estar vinculados à patrocinadora por direitos econômicos. Mesmo assim, tivemos casos pontuais que, a pedido do Fluminense, receberam o investimento da UNIMED-RIO.

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O´TRICOLOR.COM – O que você faria igual e o que faria diferente caso pudesse voltar alguns anos no tempo?

CELSO BARROSFaria igual, com poucas variações. O modelo de marketing esportivo que construímos com o Fluminense foi um case. As duas pontas ganharam muito. O Fluminense venceu campeonatos, ganhou ídolos e teve a oportunidade de se reorganizar, enquanto o time de futebol profissional esteve a cargo da patrocinadora. A UNIMED-RIO cresceu como marca, patrimônio, segurados no período da parceria.

O´TRICOLOR.COM – O que tem a oferecer Celso Barros como candidato à presidência do Fluminense sem o dinheiro da Unimed?

CELSO BARROSMuito trabalho com a experiência de 15 anos com o futebol profissional, nas ocasiões de contratações, de escolha de técnicos, de planejamento das ações para disputar os campeonatos. Uma experiência que ensinou muito sobre a importância da relação dos ídolos com o restante do elenco. A sobrevivência às crises. O mais importante, no entanto, é a compreensão do que move os patrocinadores no desenho do patrocínio e do marketing esportivo. Há também a minha experiência com o mundo do futebol. O Fluminense precisa ser encarado como uma empresa, que fatura quase 200 milhões de reais por ano e tem potencial para faturar bem mais que isso, se soubermos trabalhar corretamente com as áreas do clube como unidades de negócios: clube social, esportes olímpicos, futebol e a base.

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O´TRICOLOR.COM – Aonde está o Fluminense hoje enquanto força competitiva no futebol brasileiro? Aonde podemos chegar? Como?

CELSO BARROSNão está bem. O Fluminense tem história e pode ser mais competitivo. No departamento de futebol falta quem entende do riscado. O presidente não entende e, todas as vezes que assume o departamento, o time não consegue bons resultados. Mas futebol custa dinheiro e o patrocínio é peça fundamental. O Fluminense teve um projeto de marketing com a Unimed. Depois, não mais. Passou por uma experiência curta com a Vitton. Como não houve projeto nem planejamento para os investimentos, a Vitton e o Fluminense perderam com a parceria.

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O´TRICOLOR.COM – O Fluminense tem resistido, apesar dos avanços promovidos por Siemsen, a uma profissionalização formal e irreversível em seus métodos de gestão? Como você acha que pode levar o clube a dar um salto rumo a um novo patamar organizacional?

CELSO BARROSÉ preciso considerar que o Fluminense é uma empresa, com faturamento que se aproxima dos R$ 200 milhões de reais. E sem um projeto de marketing, que indica um potencial maior de faturamento. No último balancete, chega a R$ 140 milhões. O futebol é um negócio que movimenta valores elevados no mundo todo. A marca Fluminense é a marca do futebol, com variações para outros núcleos de negócios, caso do clube social, dos esportes olímpicos e do futebol de formação. Para administrar uma estrutura como essa, que disputa campeonatos e forma atletas o ano todo, é preciso usar instrumentos modernos de gestão estratégica, administrativa e financeira. E profissionais com experiência nas atividades de ponta: futebol, esportes olímpicos, clube social e formação. A governança corporativa impõe auditorias periódicas e uma relação mais técnica com o Conselho Deliberativo, que aprova os orçamentos e as contas. É bom que o presidente seja um executivo e que conte com executivos preparados para cada uma das estruturas e funções.

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O´TRICOLOR.COM – O que a Unimed disputa com o Fluminense na Justiça? O clube deu uma “pernada” na ex-patrocinadora nas vendas de alguns atletas?

CELSO BARROSNão houve nada disso. Existiam contratos que sustentavam a parceria e a saída repentina precisava de ajustes. Poderia ter sido diferente porque o escritório de Direito que atendia a UNIMED-RIO pertence ao presidente do Fluminense, e deles recebemos a assessoria jurídica na separação. Ele poderá falar melhor sobre o tema.

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O´TRICOLOR.COM – Ninguém desconhece o crescimento da Unimed sob sua gestão, tampouco os resultados obtidos pelo Fluminense com a parceria, mas você foi afastado do comando da Unimed após dois anos de contas reprovadas. Isso não gera desconfiança quanto ao seu desempenho numa eventual gestão à frente do Fluminense?

CELSO BARROSFui diretor e, depois, presidente da UNIMED, por eleição. Os mandatos da diretoria duram três anos e do Conselho Fiscal, um ano. O jogo todo é muito político. Venci várias eleições na Cooperativa, tanto para a diretoria como para o Conselho Fiscal. Sempre sem dificuldade. Mas, num determinado momento, a oposição começou a criar força e um dos argumentos dela era a parceria com o Fluminense. Usaram o argumento para desestabilizar. Em determinado momento, quando se instalou a crise econômica no Brasil e nos planos de saúde em todo o país, a oposição cresceu e venceu as eleições para o Conselho Fiscal e me substituiu. O fato gerará desconfiança para o torcedor do Fluminense se ele desconhecer o crescimento altamente positivo da UNIMED no período em que estive na diretoria e na presidência da Cooperativa. O patrimônio multiplicou-se muitas vezes. Gerará desconfiança se ele desconhecer as vantagens que teve o time do Fluminense no período da parceria. Saíamos da terceira divisão e nos tornamos um clube competitivo o suficiente para ganhar títulos e disputar os campeonatos com dignidade.

O´TRICOLOR.COM – Quem são seus desafetos no Fluminense atual? Por quê?

CELSO BARROSDesafetos? Da minha parte, tenho adversários, que disputam comigo a eleição para a presidência. Tão somente. Há quem não goste de mim, mas isso é natural. Afinal, “toda unanimidade é burra”. Lições do glorioso e tricolor Nelson Rodrigues.

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O´TRICOLOR.COM – Eleito presidente do Fluminense no próximo triênio, permitiria que houvesse um novo Celso Barros, presidente de um eventual patrocinador, com tanto poder dentro do departamento de futebol, inclusive político?

CELSO BARROSIsso é lenda. Eu, na relação da UNIMED-RIO com o Fluminense, tive personalidade dupla, torcedor e patrocinador. Como torcedor eu coloquei todo o meu esforço no sentido de ver meu time campeão. Como presidente da patrocinadora, fiz isso com racionalidade para que os investimentos dessem bom retorno e garantissem a fidelidade ao modelo. Como sócio, votei para presidente e participei das eleições e cheguei a ser conselheiro eleito. No departamento de futebol, nunca tive poder político. A política do clube no futebol está representada pelo vice-presidente que sempre foi escolha unilateral do presidente e do Conselho Deliberativo, que, composto por 300 pessoas, homologava os nomes escolhidos pelo presidente. No período recente do presidente Peter, na ausência de um vice-presidente por muito tempo, ele nomeou para representar a política do clube no futebol o advogado Mário Bittencourt, mais tarde eleito vice-presidente. E todas as decisões técnicas no departamento aconteceram de comum acordo. E não poderia ser diferente, porque o presidente é, por exclusividade, quem assina os contratos e determina as ações administrativas.

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O´TRICOLOR.COM – Qual Fluminense a torcida deve esperar em sua eventual gestão como um todo, abrangendo desde as finanças, questão econômica, marketing, esportes olímpicos e, claro, organização e resultados no futebol?

CELSO BARROSUm Fluminense campeão nos gramados, nos estádios, nas finanças e na gestão responsável. Um Fluminense que reconheça o potencial do marketing para arrecadar e investir. Um Fluminense que seja um clube formador de atletas no futebol e esportes olímpicos e que seja a marca de um clube social excepcional.