Visto antes como único esporte a não depender de verba estatal para existir, o futebol mostra agora que a história é muito diferente. Com os acertos firmados pela Caixa Econômica Federal nas últimas semanas com Botafogo, Fluminense e Santos, aumentou ainda mais a dependência do futebol brasileiro do dinheiro público para sobreviver.
Apenas a dois meses do fim do campeonato, a Série A do Brasileirão terá todos os times com uma marca no patrocínio máster em seu uniforme. Mas, mais do que isso, uma projeção anual com os valores dos patrocínios dos clubes mostra que 75% da receita dos times depende de dinheiro público.
Levantamento feito pela Máquina do Esporte com as projeções de receita de clubes que estão ainda assinando com a Caixa e outros que fecharam acordo no meio da competição, como o São Paulo, mostra que os 20 clubes da Série A teriam a receber R$ 215 milhões do patrocínio máster. Desse total, R$ 165 mi são pagos por Caixa e Banrisul, empresas públicas.
A dependência do dinheiro estatal tornou-se maior nos últimos quatro anos. Com valores inflacionados na camisa e o começo da crise econômica, os clubes tinham dificuldades em achar empresas dispostas a pagar milhões pelo espaço máster. O acerto do Corinthians no fim de 2012 com a Caixa iniciou um período de injeção de dinheiro público no esporte mais popular do país.
No início da semana, ao comunicar acerto com o Santos (que só será pago no ano que vem), a Caixa revelou que o gasto com o patrocínio de clubes foi elevado para R$ 128,5 milhões. O número, porém, deve saltar consideravelmente em 2017, já que desde o início do governo Temer a estatal aumentou gastos com patrocínio no futebol, mudando tendência da gestão anterior.
Oito times fecharam com a Caixa nos últimos três meses, num aporte total de R$ 7,5 milhões. Para o ano que vem, porém, o gasto com esses clubes deve chegar a um total de R$ 50 milhões. Se esse cenário se concretizar, a Caixa poderá injetar quase R$ 180 milhões só com o patrocínio a clubes de futebol.
Enquanto isso, no setor privado, os investimentos tendem a cair. Hoje, Palmeiras e São Paulo puxam a fila de patrocínios. Dos R$ 50 milhões pagos ao ano por empresas privadas na Série A, os dois clubes respondem por um total de R$ 37 milhões. Mas o contrato do Palmeiras com a Crefisa (avaliado em R$ 25 milhões pelo patrocínio máster) se encerra no final desta temporada.