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Pode parecer o fim de um longo conto de fadas, mas na verdade pode ser o começo de um outro. Os projetos de expansão do futebol tricolor se multiplicaram, estão saindo do papel e tornam o Fluminense cada vez menos um patrimônio exclusivo e centenário de Laranjeiras. À princípio, tais avanços tendem a agregar muito ao cotidiano, inclusive financeiro, e ao profissionalismo do futebol do clube. Mas pensemos em como isso muda a rotina da sede histórica da Álvaro Chaves.

Assim como o Vasco, O Fluminense teve sim uma história de partidas oficiais no gramado das Laranjeiras. Por questões logísticas, os jogos foram suspensos em 2003, mas uma voz popular nunca deixou de circular pelos corredores da sede (principalmente em tempos em que mandos de campo são exercidos em outras cidades) com aquele discurso saudosista: “Poderíamos voltar a jogar nas Laranjeiras”. Tal possibilidade sempre foi remota e a construção de um estádio um sonho necessário. O anúncio do terreno para a execução do projeto acaba de vez com a charmosa chama de um retorno.

 
 
 

Jogar nas Laranjeiras, aliás, já parece ter sido uma possibilidade definitivamente descartada com a reforma do estádio do América, em Edson Passos. O investimento de cinco milhões de reais parece ter sido meio despretensioso e concorre com uma fórmula desleal para qualquer outro estádio do mundo: o fator Maracanã quando existem aspirações na tabela. O antes “Maior do Mundo” ainda nem foi liberado, mas as diretorias de Fluminense e Flamengo já reviram todos os protocolos para que a “mística” das multidões empurre seus times para o objetivo. Até o próprio estádio Tricolor, quando pronto na Barra, terá que enfrentar esse gigante.

Nesse fluxo de mudanças de rotina, não podemos esquecer do adeus dos treinamentos do futebol profissional da tão querida sede. A lista de reclamações é extensa e antiga. O gramado pode ter passado pelas reformas mais modernas do mundo, mas sempre foi motivo para justificar quedas de rendimento. A torcida está sempre ali, bufando no cangote, dando tamanho a quem ainda não tem e bandando de vez quem ainda está meio capenga. O vestiário também ficou muito moderno, mas há quem diga que é pequeno. Não há um local para os atletas comerem e dormirem. Aí, quando é integral, vai pro hotel, volta do hotel. Ou seja, listei poucas, mas muitas são as alegações de quem acha que o Futebol Tricolor ficou grande demais para sua casa.

Todas essas novas “bases” do Fluminense F.C. são reflexos de um processo de modernização que está ditando cada vez mais o ritmo do futebol profissional pelo mundo. Centros e treinamento de um lado, estádios no outro, museus em outros mais. Essa é uma realidade que parece ter chegado ao Tricolor das Laranjeiras e não retrocederá. Neste aspecto, o mérito da atual gestão é indiscutível e deixará um legado ainda mais complexo para a próxima administração, mas com potencial de rendimento e crescimento sem precedentes.

Fica a saudade dos ilustres sócios do clube de cruzarem com os ídolos repentinamente na cantina. Talvez, um plano de treinamentos esporádicos no saudoso gramado pode ser uma saída para que esse cordão umbilical não seja rompido de vez. Mas a realidade é que o filho amadureceu e está ganhando a estrada. À casa mãe restam as histórias e o respeito de quem ajudou a colocar o futebol brasileiro no mapa do mundo, e com o respeito que ele merece.