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Em pouco menos de três anos, Pedro Antônio deixou de ser só mais um milionário tricolor, sem nenhuma ligação direta com o Fluminense, para virar uma espécie de ícone para a torcida. Responsável direto pelas obras do centro de treinamentos, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, onde empresta dinheiro sem juros e ainda investe do próprio bolso, o vice-presidente de projetos especiais ganhou enorme visibilidade. Popular, cogitou uma tentativa de mudança do estatuto, para viabilizar sua candidatura à presidência do Flu, apesar das críticas de oposição e situação. Ao perceber que a ideia havia sido encampada pelos fãs de fora da política do clube, embora fosse reprimida por atores políticos e alguns dos maiores formadores de opinião da torcida, desistiu. O cenário, no entanto, causou pouco ruído à sua imagem. Tanto que, na corrida eleitoral do Fluminense, se o primeiro objetivo das chapas está em chegar ao mandato, o segundo objetivo, sem dúvidas, é contar com o apoio de Pedro Antônio. Por sua vez, o dirigente tem avaliado atentamente quem irá apoiar.

 
 
 

Um dos líderes do Base Tricolor, grupo de 70 pessoas  constituído por empresários dos mais diversos setores, em sua maioria, Pedro Antônio mantém encontros periódicos, ao lado de seus parceiros de ideologia, com todos aqueles que pretendem suceder Peter Siemsen. As reuniões costumam ocorrer na casa do próprio dirigente ou num local próximo. Coordenador do Base Tricolor, Marco Adnet explicou, de maneira exclusiva ao NETFLU, como funciona a lógica do grupo, pouco antes de salientar que até o mandatário tricolor já participou de reuniões.

– Eu não vou querer criar um vínculo de entrevistas com ninguém, nem com você. Só queremos juntar pessoas boas para seguir com o melhor do legado do Peter. Temos um grupo chamado Base Tricolor com mais de 70 pessoas, mas não é político. Até o Peter já esteve reunido conosco. A gente está tentando juntar pessoas do bem. São na maioria empresários, que não querem entrar no dia-a-dia do clube, mas querem uma participação opinativa. A ideia é acabar com esse monte de grupo e fazer uma união maior. Temos aí o Pedro Antônio como um cara importante que ajudou a fazer esse grupo lá atrás e nos apoia – explicou.

Há duas semanas, o candidato da Flusócio, Pedro Abad, assim como o candidato do grupo “2050”, Carlos Eduardo Cardoso, o Cacá, estiveram ao lado dos empresários, no mesmo dia, mas em horários diferentes. Em conversa com o portal número 1 da torcida tricolor, Cacá, que sempre teve relação muito próxima com os empresários do grupo de Pedro Antônio, falou sobre o encontro.

– Estivemos lá e foi tudo tranquilo. Depois de 30 anos vivendo a política do clube, nunca fiz parte de grupo nenhum. Para mim, o meu grupo era o Fluminense. Então, me senti muito a vontade com muitos deles. Eles já sabiam de muito do que falei. Um pouco antes de me aproximar do “2050”, tivemos um período bonito e tal. São diversos grupos de trabalho discutindo o Flu em várias frentes. O que eu penso eles já sabiam depois que nos separamos – destacou.

Diferente de outros prováveis sucessores ao cargo de Siemsen, que declararam o desejo pelo apoio de Pedro Antônio, inclusive pedindo publicamente por isso, Pedro Abad, candidato da Flusócio, adota uma postura mais ponderada. Presidente do Conselho Fiscal, ele prefere que tanto Peter Siemsen como Pedro Antônio optem por quem julgarem mais aptos à gestão. Mesmo assim, ele também participou da sabatina do Base Tricolor.

– Foi uma boa reunião, faz parte da agenda política da Flusócio e não sei se tem algo que eu possa destacar do encontro. Foi uma reunião com algumas perguntas que foram feitas, mas não houve definição de apoio, só conversa mesmo – contou ao NETFLU.

Pedro Antônio pode decidir o futuro da política do Fluminense com o seu apoio
Pedro Antônio pode decidir o futuro da política do Fluminense com o seu apoio

Embora não tenha se manifestado desde que foi destituído da Unimed, Celso Barros também esteve reunido com Pedro Antônio. O primeiro encontro oficial foi no CT, onde uma foto dos dois, publicada no Instagram pessoal do dirigente, gerou alvoroço nas redes sociais. Dias depois, ambos jantaram juntos, onde conversaram sobre Fluminense, política e assuntos diversos.

– Combinei com o Pedro Antônio de fazer uma visita no CT. Quando cheguei lá, o Peter estava com ele. Veio com ele, inclusive, me cumprimentou e disse que batiam muito nele. Depois que eu saí de lá, além de cumprimentar o Pedro Antônio, cumprimentei o presidente também  – disse ao portal, e complementou falando sobro um possível apoio do vice de projetos especiais: – Não sei, mas apoio a gente não tem que ficar escolhendo. Tenho um bom relacionamento com o Pedro Antônio, conversei com ele, jantamos juntos um dia, depois do encontro do centro de treinamentos. Acho que a satisfação que o presidente tem que dar é pra torcida do Fluminense. Ele não tem que ser refém de grupos políticos. Eu tenho conversado com alguns grupos, menos a Flusócio. Embora não saiba se seria possível um apoio do Pedro Antônio, eu gostaria de tê-lo, claro.

Integrante da chapa “Verdade Tricolor”, Pedro Trengrouse elogiou a postura do grupo de empresários em marcar encontros com todos os possíveis presidentes do Fluminense, até Mário Bittencourt, segundo Marco Adnet, que ainda não se manifestou oficialmente sobre uma possível candidatura. Entendendo que a estrutura de uma boa política é a troca de experiências e, sobretudo, muita comunicação, Trengrouse revelou uma grande impressão com a postura dos membros do Base Tricolor.

– O grupo Base deve servir de exemplo. A preocupação em conhecer de perto as idéias de todos os candidatos é um sinal de respeito e maturidade. Seria ótimo que todos fizessem o mesmo. O Fluminense precisa de mais diálogo. A política do clube precisa ser mais transparente e democrática. Fiquei muito impressionado com as pessoas que compõem o grupo Base. São muito bem qualificadas, já estão contribuindo efetivamente na construção do CT e ainda podem contribuir muito mais com o Fluminense. Espero contar com o apoio deles na campanha e na gestão – comentou.

Ao NETFLU, Pedro Antônio preferiu se esquivar sobre quem prefere que seja o presidente do clube das Laranjeiras, enquanto define seu apoio. Firme nos trabalhos do CT, Pedro Antônio grifou que acha de fundamental importância a visita de todos os candidatos e possíveis candidatos ao centro de treinamentos do Fluminense. Para o vice de projetos especiais, conhecer os investimentos feitos pela atual gestão – e que terão prosseguimento com o próximo presidente -, é particularmente essencial. Sem citar nomes, ele conclui que o melhor perfil para o clube tantas vezes campeão é o de alguém que veja o todo e não tenha só o futebol  ou o pagamento de dívidas como demandas separadas.

– O presidente do Fluminense não pode ter cabeça de boleiro. Tem que olhar grande, como é que transforma. A modernização passa por não só pagar as contas em dia, mas na capacidade financeira para viabilizar um futebol de qualidade. Se nós não tivéssemos tido tantos problemas no passado, possivelmente não teria tantos questionamentos sobre o que gastou e o que se deixou de gastar. O Fla vai recebe da Globo R$110 milhões a mais do que o Fluminense no ano que vem. É preciso saber lidar com todos esses fatores.