Nobres tricolores,
os primeiros contratados do Fluminense foram, oficialmente, apresentados na última terça-feira, nas Laranjeiras. Me recuso a escrever reforços. Com apostas é preciso cautela. Como dizem que não se deve confiar em quem ri de tudo, mantenho um pé e meio atrás.
Mas antes de falar do trio propriamente dito, o Tricolor ainda continua muito carente. O setor de meio-campo é o calcanhar de aquiles, identificado pelo próprio diretor de futebol, Jorge Macedo. Diego Souza, Higor e Eduardo se mandaram. Gerson é o próximo. Meia de criação mesmo só temos o Danielzinho, que, estranhamente, não teve oportunidades de, sequer, ficar no banco no Brasileiro, onde é sabido da possibilidade de relacionar até 11 jogadores.
Cícero não é esse armador cerebral. Gustavo Scarpa é o pulmão do time, mas também não tem esse perfil. Precisamos muito do que convencionamos chamar de “camisa 10”. No Brasil está em extinção.
Façam um rápido exercício de memória e detectem os tais “10” dos principais clubes nacionais. Disponíveis? Praticamente ninguém.
No Rio você tem o Nenê, no Vasco. No Fla, com muito boa vontade, Alan Patrick, que não consegue se firmar. No Botafogo, chegando agora o Camilo, ex-Chapecoense. Ah, o Salgueiro, às vezes perseguido pela torcida.
Pegando a ponte aérea, temos, talvez, o mais emblemático deles, Paulo Henrique Ganso, do São Paulo. O Palmeiras conta com o irregular Cleiton Xavier, o Santos, com o selecionável Lucas Lima e o Corinthians, Guilherme, ex-Atlético-MG, que é muito mais atacante do que apoiador. Giovanni Augusto, mais “10”, não repete as atuações do Galo e Rodriguinho nunca conseguiu ser o mesmo do América-MG.
No Sul, um Alex em má fase no Inter, e Douglas, vira e mexe, na reserva do Grêmio. Giuliano é “o cara”. O Atlético-MG tem dois: o excelente Cazares e Dátolo, outro que não é exatamente um articulador de jogadas. Fim.
Percebam que, exceto Vasco, São Paulo e Santos, não existe ninguém muito diferenciado utilizando a camisa que imortalizou o rei do futebol. Há insuficiência de atletas que pensem o jogo neste país. Curiosamente, nossos vizinhos, com muito menos recursos financeiros, se não há uma variedade monstruosa, existem opções. Quiçá mais baratas.
No melhor time da Libertadores, o Atlético Nacional (COL), é possível pincelar dois: Alejandro Guerra e Sherman Cárdenas. O primeiro não é mais garoto. Venezuelano, “El Lobito” tem 30 anos, um bom chute de fora da área, presença ofensiva e acostumado a dar assistências.
Cárdenas é aquele mesmo que atuou sem brilho no Atlético-MG. Não sei se teve dificuldades para se adaptar, mas fato é que o elenco do Galo ano passado estava recheado de boas peças no meio-campo. Aos 26 anos, está na reserva do fortíssimo elenco colombiano.
Indo para a Argentina, Giovani Lo Celso, revelação do Rosario Central é outro típico camisa 10. Cerebral, muito técnico com a bola nos pés, dono de passes refinados e lançamentos. Com mais mercado do que os dois supracitados, o meia de 20 anos já é considerado uma das maiores promessas do futebol do país. Já esteve na mira dos ingleses Arsenal, Liverpool e Manchester United. No próprio Rosario ainda podemos pincelar Franco Cervi, canhoto, de 22 anos, mas que pertence ao Benfica (POR).
Romero Gamarra, do Huracán (ARG), e da seleção sub-20 da Argentina, e Jarlan Barrera, do Junior Barranquila (COL) são outros de valor que poderiam assumir uma vaga no time.
Se a busca é por experiência no meio-campo – e precisamos – Gustavo Lorenzetti, há anos na Universidad de Chile, pode ser um nome interessante. Todos lembram. Eliminou o Flamengo na Libertadores de 2011, com um chocolate no Maracanã: 4 a 0. O meia argentino foi um dos destaques. Está com 31 anos.
Fernando Beluschi, do San Lorenzo (ARG), outro de toques refinados, com passagem pelo futebol europeu e seleção da Argentina. D’Alessandro, ex-Inter, que não se encontrou desde o retorno ao River Plate (ARG), porque não?
Não fiz uma pesquisa refinada. Citei exemplos de jogadores que cairiam bem no Fluminense. Se há no Tricolor um prospecção na América do Sul, como seu executivo diz ter, devem ter outros no radar.
A certeza, pelo menos para mim, é que esse apoiador gringo, que fale espanhol, além de trazer técnica ao nosso meio-campo, dará esperança. Comparações com aquele carinha bom de bola, que ficou milionário no Oriente, serão inevitáveis. E é exatamente nisso que me prendo. Vejo nossos “hermanos” do continente formando muito mais meias de ligação do que no Brasil.
É comum em todas as edições do campeonato argentino, por exemplo, você encontrar um baixinho talentoso, geralmente canhoto, vestindo a 10 de um clube de porte médio. O mesmo vale para o Uruguai, em menor proporção.
O Fluminense não sai do “mais do mesmo”. É um dos poucos clubes do Brasileirão a não possuir estrangeiros. E há cinco vagas disponíveis! Em 2011 trouxemos Lanzini e Martinuccio, destaque daquela Libertadores. De lá para cá, mais nada. Por que parou? Parou porque?
A expectativa é enorme na torcida para saber quem comandará o coração do time. Que não me venham com mais Dudus. O Fluminense precisa de jogadores para resolver.
- O Flu contratou três apostas, quando precisava de jogadores para o time titular
- Custo a crer que Maranhão seja muito superior a Osvaldo e, especialmente, Marcos Júnior
- O mesmo vale para o Dudu. Será que é tão melhor do que Eduardo, Higor e Danielzinho?
- E William Matheus, de 1,87m? Tenho preconceito com lateral alto (risos)
- Os grandalhões que atuam do lado, geralmente, são vagarosos, com dificuldade de ir até à linha de fundo
- Mas que arrebentem!
Um grande abraço e saudações!
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